Descobertas obras inéditas de Câmara Cascudo.

Nada menos que nove obras inéditas do maior folclorista do mundo foram descobertas recentemente. A informação foi divulgada nas redes sociais da neta de Câmara Cascudo, Daliana Cascudo. Segundo Daliana, muitas dessas obras foram citadas pelo avô a amigos e procuradas durante anos. 

“Com rara sensibilidade e olhar apurado, Woldney Ribeiro, responsável técnico pelo nosso acervo bibliográfico e museológico (do Instituto Ludovicus), encontrou fragmentos destas obras, juntou as peças deste quebra-cabeça e conseguiu reunir verdadeiras relíquias literárias. A ele, minha gratidão eterna!”, escreveu Daliana.

A descoberta é tão incrível que obras como “Caveira no campo de trigo e outros poemas inúteis” foi citado por Cascudo aos amigos Joaquim Inojosa e Mário de Andrade há quase 100 anos. E não é só isso. Daliana lembra que As ruas da cidade do Natal, a história de Ceará Mirim (período de 1605 a 1958), os capitães mores e governadores do RN, os primórdios da literatura potiguar, Buda, a Inglaterra e sua cultura, a cultura popular (entre 1832 a 1012), a genealogia de sua família, são assuntos que mereceram a atenção, o estudo, a pesquisa e a análise de Câmara Cascudo e que agora vêm à tona.

As obras


A maior parte do material encontrado estava datilografado, apenas um sendo manuscrito. “Caveira no campo de trigo e outros poemas inúteis” é um livro de poemas no qual Cascudo havia enviado apenas alguns trechos para amigos, entre 1925 e 1926. Para Mário de Andrade, escreveu: “Meti o livro de versos num envelope e sepultei-o no 'inferno' da biblioteca”. 

“Buda é santo católico?” tinha cheiro de polêmica, e Cascudo também o comentou para Mário de Andrade, em 1926: “Já lhe disse que o Bispo de Natal pediu-me que não publique o Buda é Santo Católico? Pois é”. “Olhando John Bull...” é uma obra dedicada a Assis Chateaubriand, “Embaixador do Brasil na Inglaterra, cuja presença é inarredável nessas recordações”. 


“No quotidiano brasileiro -Pesquisas na cultura popular” revela a presença sertaneja na obra do autor, que afirma no prefácio: “O Sertão estava em mim, como a Bretanha em Renan ou a Provença em Mistral”. Já “História antiga de Ceará-Mirim” se debruça sobre as origens do município, no período de 1602 a 1958. “História da literatura norte-rio-grandense” registra a produção de 1832 a 1912. 

“Ruas da Cidade do Natal” teve seus originais entregues ao então prefeito Djalma Maranhão, em novembro de 1956. O “Livro da linhagem” é sobre a genealogia da família de Cascudo, pelos lados paterno e materno. Único manuscrito do grupo, “Índice dos capitães-mores e governadores do Rio Grande do Norte” registra todos os governantes que o estado teve de 1598 a 1935. 

Em carta ao amigo Joaquim Inojosa (13/08/1926), Cascudo cita a obra e envia dois poemas: “Kakemono” e “Shimmy”, este último também remetido ao amigo Mário de Andrade, em carta datada de 10 de junho de 1925. Em carta posterior a Mário (9/12/1925), Cascudo comenta: “Meti o livro de versos (num) envelope e sepultei-o no inferno da biblioteca”.

Sobre outro livro, Cascudo comenta com Mário de Andrade, quando envia o índice (em 23 de agosto de 1925) e quando conta ao amigo, em 25 de maio de 1926: “Já lhe disse que o Bispo de Natal pediu-me que não publique o Buda é Santo Católico? Pois é”.

E outras pérolas como essas foram achadas. E outra notícia boa vem na sequência. Além de comemorar a descoberta, o próximo passo, segundo Daliana, é iniciar os trabalhos para a futura publicação destas obras tão especiais.


Fonte: Portal Grande Ponto

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