Associação do Sertão Baiano lança licor de palma; “É docinho e muito gostoso”

A palma, tão conhecida e usada na Bahia como alimento para animais, transformou-se em licor e chegou como lançamento na I Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária, que aconteceu até este domingo (19), em Natal (RN).

O licor é produzido pelas 18 mulheres que fazem parte da Associação de Mulheres em Ação da Fazenda Esfomeado (Amafe), do município de Curaçá, e é comercializado com a marca Dona Odete.

Além do licor de palma, a cooperativa produz biscoitos de queijo e geleias, nos sabores de palma com gengibre, manga com cachaça, cebolo roxa com Cabernet Sauvignon, abacaxi com gengibre, tomate e abacaxi com maracujá. De acordo com a representante da Amafe, Cíntia Sameado, foi um desafio criar uma linha de produtos com palma.

“A ideia dos produtos veio com a experiência dos nossos avós, que a usavam muito como comida. Resolvemos fazer algo diferente e começamos pela geleia, mas queríamos um novo sabor. Fizemos com a palma e deu super certo. Com o licor, veio a mesma ideia e nos desafiamos e vai vir mais novidades”.

O jornalista do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Mateus Quevedo, provou o licor da Amafes. “Bastante inusitado, já conhecia a palma na alimentação animal e já tinha comido o cortadinho, mas me surpreendi com o sabor no licor. É docinho e muito gostoso”.

A participação das cooperativas da agricultura familiar da Bahia na Fenafes é uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à SDR, com cofinanciamento do Banco Mundial e do Fida, respectivamente. Com informações de assessoria.

              Dona Odete


Em Curaçá (BA), grupo de mulheres de comunidade rural empreende e dá o exemplo.

A Associação de Mulheres em Ação da Fazenda Esfomeado (Amafe), atua desde setembro de 2013 para estimular a participação feminina nos espaços comunitários e gerar renda. Com a construção de uma unidade de beneficiamento, a entidade reforçou a missão junto às famílias agricultoras. “O objetivo principal é o empoderamento da mulher. Dar visibilidade, dar espaço de vez e de voz, trazer a mulher para as discussões sociopolíticas da comunidade. Esse foi o primeiro intuito da associação. Pós a fundação da entidade, a gente começa a pensar em agregar uma renda para essas mulheres e assim foi a ideia da agroindústria.

Os rótulos dos produtos beneficiados estampam o nome “Dona Odete”, que é uma mulher da comunidade de Esfomeado que serve de inspiração para as demais quando o assunto é participação ativa na sociedade, união e independência. Cristiane Ribeiro destaca que Dona Odete “Foi a primeira ativista, a primeira empreendedora social da comunidade. Ela começa trazendo ainda nos anos 70 o associativismo, ela já trazia essa ideia de unidade, já promovia os aspectos sociopolíticos e veio fazendo um trabalho muito bacana dentro do processo social, da busca de direitos, na luta por igualdade, por políticas públicas. Foi uma forma que encontramos de manter viva essa trajetória bacana de uma mulher, que lá nos anos 70, dentro da invisibilidade maior da mulher e, ainda, diante do processo do machismo, ela era uma dona de casa , tinha filhos e mesmo assim ela saia do discurso pra fazer a prática”.

A vice-presidente da Amafe, Cíntia Graciela dos Santos, afirma com orgulho que a inspiração e o legado da Dona Odete vão ser levados sempre adiante, através da atuação das mulheres. “Estamos sempre propagando: somos mulheres, podemos mais, podemos estar onde queremos estar! Por mais Odetes, vamos levar a nossa história, a nossa raiz. Eu, mais uma Odete, junto com essas Odetes aqui, queremos mais e não vamos parar. Não vamos parar em momento algum! Vamos trazer mais, vamos ousar mais e vamos sair mais. Em qualquer espaço a gente vai estar. Sempre, vocês aí nas estradas da vida, vão saber: as Odetes passaram, porque a ousadia a gente traz no Sangue!”, expressa orgulhosa Cíntia Graciela.

O trabalho da associação já envolve diversos moradores das comunidades no território, seja na produção das matérias-primas ou no beneficiamento e comercialização. O plano é aumentar o alcance das atividades. “A gente começa a perceber horizontes. É possível que mais mulheres venham para o projeto, é possível a gente conseguir atingir mais mulheres. Hoje estamos com 15 mulheres na entidade, formalizadas, mas nós temos de forma indireta um contingente de mais de 30 mulheres. E famílias, a gente tem em torno de 50” destaca Cristiane.

Os produtos da Amafe podem ser encontrados em lojas ou feiras de agricultura familiar da região, inclusive no Armazém da Caatinga, loja da agricultura familiar inaugurada recentemente na orla de Juazeiro-BA.




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