Histórico do Sorvete na Bahia

A cidade do Salvador, foi o primeiro lugar a conhecer o Sorvete, trazido pelos portugueses no final do século 18. 

Nos anos 60 e 70, reinavam as boas Sorveterias em Salvador, poucos conheceram mas muitos se recordam do 'Beijo frio" e do " Eskimo' da Sorveteria Primavera.


A gostosura era fabricada por mãos hábeis, e muito esforço.
As grandes sorveterias da cidade, tinham a marca de imigrantes, Italianos, Cubanos, que aportavam seus conhecimentos trazidos de outras culturas.
O uso da Cantiplora, era comum na feitura dos gelados, sem essências artificiais, explorando as frutas típicas locais, e de estação, como o coco, a mangaba, o chocolate, é mesmo a favas de baunilha, o sorvete de cantiplora, em que pese a perda de qualidade, faz parte do imaginário culinário popular.

O sorveteiro o trazia em um recipiente semelhante a um balde de madeira grossa, que continha um outro, cilíndrico, de alumínio ou de flandres, rodeado de pedrinhas de gelo e de sal grosso.
Ainda não existia o isopor que hoje nos socorre.


(recipiente ainda utilizado para resfriamento e até hoje visto nas calçadas e ladeiras da Bahia.

Vasilha metálica pare resfriar água.
Sifão para trasfegar líquidos.
Tubo comunicante.
Almotolia de lubrificação.
Regador de jardim.
Bueiro feito nos muros.
[Gíria] Cartola. Variação de cantiplora.


Quando, no meio da tarde, o sorveteiro gritava na esquina da rua o pregão esperado Sorveeeeeeeete! 
Chocolate, coco e baunilha! a maciez gelada já começava , por antecipação, a se fazer sentir na língua, e a descer lentamente pela garganta, como a sensação mais agradável que poderia ser proporcionada a uma menina de nove anos.

Pouca gente conhece este artefato, mas minha avó tinha uma e fazia um sorvete delicioso.
Salvador sempre teve sorveterias muito boas, a da Sorveteria da Ribeira sempre foi alem de um ponto turístico, uma referencia de qualidade.
O Coco Espumante, é um delicioso creme batido, do próprio sorvete da casa.











Tomar sorvete na Ribeira é uma tradição que faz parte da história de quem se apaixona por Salvador.
Funcionando esde 1931, a Sorveteria da Ribeira, quando um comerciante italiano abriu uma pizzaria no bairro da Ribeira em Salvador e seguindo o costume dos restaurantes sua terra natal, presenteava os clientes com sorvetes fabricados na própria casa, exatamente como na cultura de seu país.

A diferença é que Mario Tosto contando com os ingredientes que eram vendidos nas feiras, criou sorvetes originais feitos à moda italiana, porém com sabor de frutas tropicais. 

Para surpresa de Tosto essa fórmula artesanal se tornou um diferencial e a pizzaria virou Sorveteria da Ribeira. 
Ao longo dos anos, a Sorveteria da Ribeira ganha fama, passa a atrair mais turistas para a península itapagipana e termina virando uma forte lembrança do sabor de Salvador. É impossível visitar a capital baiana e não provar o sorvete da Ribeira. Essa tradição se mantém forte até os anos 60 quando José Lourenzo, um espanhol que trabalhava na sorveteria, toma gosto pela gerência da casa e adquire a empresa assumindo seu comando para felicidade de todos nós. 

A Cubana.


Boa parte da população baiana, já visitou esta sorveteria, alem de um ponto turístico, A Cubana Sorvetes, tem uma linda historia que se confunde os momentos áureos da Bahia dos 50'
O exilado político cubano, Baltazar Moas chegou à Bahia em busca de refúgio e descobriu que esta terra ainda não conhecia o sorvete. Filho de comerciantes do ramo de sorvetes nos Estados Unidos, Moas ao chegar a capital baiana percebeu a oportunidade de trazer o know how da família para o Bahia, uma terra quente e tropical. E assim começou toda a trajetória para conseguir implantar a primeira sorveteria A Cubana, existente até hoje no Elevador Lacerda.
Em dezembro de 1930, juntamente a inauguração das novas cabines do Elevador, abria a sorveteria A Cubana. 
Por se tratar de uma novidade e pela excelente qualidade dos produtos, A CUBANA caiu no gosto dos soteropolitanos. Moas era político e não comerciante, por isso com a normalização de sua situação em Cuba, ele retornou a sua terra natal em 1942 vendendo a sorveteria a quatro irmãos, imigrantes espanhóis, José, Albino, Arthuro e Cândido.
Os quatro irmãos comandaram A CUBANA juntos até 1964, e neste mesmo ano, Arthuro e Cândido decidiram voltar para Espanha, ficando a sociedade somente com os outros dois irmãos, que por sua vez, ficaram juntos até 1983, quando José assumiu sozinho o negócio. José então convida seu filho Luiz Bouzas a entrar na sociedade.
Em 1994 José Bouzas já com idade avançada resolve se afastar do negócio, delegando a seu herdeiro Luiz a missão de continuar tocando a sorveteria. Ao assumir o negócio, o mesmo, percebeu a necessidade de promover mudanças, visto que a empresa necessitava se atualizar. Foi feita uma reforma na loja do Elevador Lacerda, e daí se inicia o processo de melhoria contínua dos sorvetes A CUBANA. 
Nesta época o neto Marcos Bouzas já esboçava seu interesse pelo negócio e dali em diante inicia a história da terceira geração da família Bouzas na sorveteria. 

Com o advento da revitalização do Centro Histórico, foi aberta uma nova unidade da A CUBANA no coração do Pelourinho. Vale dizer que esta loja se insere dentro do contexto histórico e peculiar deste local. Atendendo diariamente Turistas e a comunidade local.

Na foto Sorveteria A Cubana. Salvador, 1972. Boris Kossoy.

O escritor Gustavo Arruda, vêm dedicando seu tempo a registrar histórias, causos e narrativas sobre a paixão pelo gelado Sorveterias Antigas do Recife.


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