Mulheres abrem empresa agroecológica no modelo Vergel

Cozinha da AMA é um projeto de extensão comunitária executado pela Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) junto à Associação de Mulheres Agroecológicas Vergel (AMA) do
Assentamento 12 de Outubro, localizado no município de Mogi Mirim (SP).

O projeto Cozinha da AMA foi um dos 8 vencedores do Prêmio Santander Universidade Solidária 2012.
O grupo, que nasceu sob a égide da AMA (Associação de Mulheres Agroecológicas), superou uma série de desafios para ser contemplado pelo quadro Mandando Bem.

A cozinha que virou fábrica

No interior de São Paulo, um grupo de pouco mais de 20 mulheres, guerreiras do campo, provenientes de famílias do assentamento do Horto Vergel (denominado de Assentamento 12 de Outubro) vêm plantando, na terra que conquistaram, o futuro que sonhavam colher com as próprias mãos. Resultado de um processo de organização comunitária que se iniciou em 1997, essas mulheres fazem parte da AMA – Associação de Mulheres Agroecológicas Vergel, que produz e comercializa produtos agrícolas e processados, e, junto com os alunos e professores da UNICAMP, foram contempladas na 15ª Edição do Prêmio Santander Universidade Solidária. “Eu sou uma mulher sonhadora, eu acredito que as coisas podem acontecer, por isso não desisto de nada. Tanto que inicialmente, quando nos trouxeram a possibilidade de se inscrever prêmio do banco Santander, a gente pensava em uma cozinha, depois que escrevemos, percebemos que se tratava de algo muito maior, nosso projeto era uma fábrica”, lembra Maria lIeide Teixeira Rosa, que já foi presidente da AMA, e é uma das lideres comunitárias. 

Além da reforma do barracão, para construção da fábrica de mandioca chips, o projeto previa a compra de todos de utensílios e equipamento necessários para o processamento e finalização dos produtos, capacitações técnicas para as comunitárias realizarem cada etapa da produção, e auxílio jurídico para registro do estabelecimento e dos produtos junto à Vigilância Sanitária e demais órgãos. “É um projeto que envolveu várias áreas de conhecimento. 
Além da reforma do barracão, para construção da fábrica de mandioca chips, o projeto previa a compra de todos de utensílios e equipamento necessários para o processamento e finalização dos produtos, capacitações técnicas para as comunitárias realizarem cada etapa da produção, e auxílio jurídico para registro do estabelecimento e dos produtos junto à Vigilância Sanitária e demais órgãos. “É um projeto que envolveu várias áreas de conhecimento. A planta teve participação dos estudantes de arquitetura e engenharia elétrica, a fossa teve o trabalho dos estudantes de engenharia agrícola, nós de engenharia de alimentos nos voltamos aos produtos, realizamos vários mutirões para limpeza, pintura, arrumação, enfim, houve uma troca intensa nesse processo todo”, conta Alexandre Monteiro Souza, um dos coordenadores, que há dois anos, quando ainda cursava o doutorado na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da UNICAMP, foi um dos responsáveis por plantar essa semente, que vingaria em uma fábrica.

A história de superação, união e pelo belo exemplo que este grupo tem dado às mulheres e agricultores, as Marias da Terra
A relação dos projetos vencedores em todo o Brasil pode ser vista na página da Unisol, uma das entidades parceiras do concurso.Dois dos prêmios são considerados essenciais para expor os produtos do campo e aqueles processados de forma natural.
Trata-se de uma perua Kombi para a correria do dia-a-dia, e um microônibus que serve de ‘quitanda’ ambulante. Os veículos sempre foram o sonho de consumo agora almejado e com eles podem levar a produção onde desejam. As distâncias ficaram menores.

Maria Ileide Teixeira Rosa, presidente da AMA, explicou que o período de levar o que se produzia em lombo do cavalo já passou. Junto com ele também foi embora o preconceito e as barreiras impostas até pelo poder público, que chegou a proibi-las de estacionar os eqüinos nas proximidades da feira de Mogi Mirim, onde mantinham uma clientela fiel.


Com a empresa Marias da Terra, formalizada pela equipe de produção do Mandando Bem, as mulheres do Vergel foram ainda capacitadas. Não ganharam apenas os maquinários, mas sim conhecimento e tudo o que precisavam para levar adiante a produção ecologicamente correta. Participaram de cursos de empreendedorismos e fomentaram uma rede contatos e de parceiros de fazer inveja.

Ileide comenta que a partir de em tão. A AMA floresceu e já conta com 30 membros. Os negócios expandiram e partir de hoje já podem oferecer produtos e serviços diferenciados, tais como encomendas e entrega de cestas de produtos orgânicos in natura e processados.

No portfólio estão à disposição serviço de coffee break e alimentação para eventos e empresas; participação em feiras de orgânicos, além de alimentação (almoços e café da manhã) para turistas e visitantes na sede do Maria da Fé, integrada em especial por Roseli Teixeira Rosa, Irani Aparecida Souza Cardoso, Fracieli Apare Cida Souza Ferreira, Eunice Fátima Ferreira, além de Ileide.

O objetivo geral deste projeto é viabilizar produção comercial de mandioca e banana chips e assegurar infraestrutura mínima de uma fábrica artesanal e comunitária para processamento de outras matérias primas pela Associação de Mulheres Agroecológicas do Assentamento 12 de Outubro.
Os objetivos específicos do projeto são:
1.  Reforma de  parte do barracão comunitário para o processamento de mandioca e banana chips.
O projeto AMA-Chips tem como finalidade atender a uma das demandas tecnológicas da Associação das Mulheres Agroecológicas (AMA) do assentamento 12 de Outubro, Mogi Mirim – SP: melhorar a qualidade da mandioca chips produzida pelo grupo.

Foram realizados testes e oficinas sobre o processamento no assentamento e na FEA-UNICAMP com experimentos visando à otimização do processamento para obtenção de produto final com baixo teor de gordura e adequadas características sensoriais (cor, aroma, sabor e textura), bem como a preservação do óleo de fritura. 

Neste semestre, o projeto segue com o objetivo de melhorar a vida de prateleira dos produtos, principalmente a mandioca chips, considerando o conhecimento já existente, as atuais práticas de processamento, as embalagens utilizadas e os recursos tecnológicos e financeiros disponíveis.

A maior durabilidade dos produtos fortalece a autonomia da AMA na comercialização, permitindo melhores condições nas negociações.

Este projeto também vem ao encontro do premio Universidade Solidária, ganho no ano de 2012, o qual permitirá a reforma do barracão da AMA e a montagem de uma pequena agroindústria, mas que não abrangerá o tipo de ação pretendida por este projeto.
2.  Implementação de estrutura produtiva necessária à produção de mandioca e banana chips.
3.  Elaboração de documentações e instruções técnicas para obtenção dos registros legais para funcionamento e comercialização.
4.  Capacitação das agricultoras para a condução de todas as atividades do empreendimento.

Comentários

Postagens mais visitadas