Fortalecimento da Produção de Chocolate no Sul da Bahia

O deputado federal Davidson Magalhães (PCdoB-Ba), deu sequência esta semana em Brasília a encontros com ministros para acelerar o processo de fortalecimento da cacauicultura e da produção de chocolate em Itabuna, Ilhéus e outros municípios do sul da Bahia. 

O deputado esteve com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, para discutir sobre como o ministério pode incrementar o processo de produção de chocolate também na agricultura familiar da região.
Davidson Magalhães expôs ao ministro o pensamento prioritário do setor na formulação de uma nova política: mudanças nas regras de importação do cacau (drawback). 
O objetivo imediato, segundo ele, será a adequação dos preços do cacau produzido localmente às necessidades de expansão do mercado e favorecimento do produto nacional. Tanto a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, como também o ministro Armando Monteiro, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, já foram contactados sobre o tema pelo deputado baiano.

Para Davidson Magalhães estas ações de imediato revitalizarão a cacauicultura e a produção de chocolate na
região, abrindo novas frentes de expansão econômica: “Com estas mudanças de limite do cacau importado, com o governo facilitando a aquisição de máquinas para a produção de chocolate nas agriculturas familiares, e as novas fábricas se instalando na região, este será um novo caminho de geração de emprego e renda e de desenvolvimento de toda a região”, disse ele após o encontro com o ministro.

O deputado também relatou a Patrus Ananias a excelente receptividade que a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Lavoura Cacaueira, da Ceplac e do Cacau Cabruca obteve em Itabuna. Uma concorrida audiência pública realizada semana passada na Câmara Municipal reuniu amplos setores da cacauicultura e da produção de chocolate no sul da Bahia para sugerir mudanças de regras no mercado do cacau.

Sul da Bahia quer uma marca registrada


O projeto nasce com criação da Associação dos Produtores de Cacau do Sul da Bahia que vai abranger 83 municípios ligados e articulados com o cacau

Com a participação inicial de 12 cooperativas, associações, ongs e empreendimentos  representando um total de mais de dois mil associados,  acaba de ser criada a Associação dos Produtores de Cacau Sul da Bahia –,  com abrangência territorial sobre 83 municipios.


A entidade tem como presidente o agricultor Rodrigo Barreto, que estabeleceu como meta prioritária desenvolver um amplo programa voltado inicialmente para a indicação geográfica do cacau produzido nesta região do país, o que pode ser ampliado para o chocolate e outros produtos, agregando valores e ao mesmo tempo fortalecendo a economia regional com uma marca registrada e certificação de origem.

O primeiro passo para este processo já está sendo dado no registro junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial e com  a identificação de entidades ligadas à produção e que vão contribuir para ampliar e  fortalecer a APCSB. Para Durval Libânio Neto do Instituto Cabruca e um dos teóricos da proposta, tudo começou com o processo de construção da Indicação Geográfica Cacau Cabruca Sul da Bahia, quando foram realizadas reuniões regionais com a participação de produtores, cooperativas, instituições públicas, ONGs, micro e pequenas empresas. A idéia ganhou corpo e se desdobra na criação da associação dos produtores. Que vem se consolidando.

O projeto  segundo explica, envolveu de forma preliminar um levantamento  histórico-cultural da região Sul da Bahia, onde aparecem registros que esta região, na década de 1920, foi o maior produtor de cacau do mundo e nas décadas de 1970 e 1980 produziu um cacau conhecido internacionalmente como Cacau Tipo I Bahia, ainda hoje considerado uma referência de qualidade. “Daí é surgiu a proposta e o conceito  da delimitação geográfica e do georreferenciamento da tradicional zona cacaueira baiana, inicialmente como um centro de produção de amêndoas de cacau Superior Bahia”, argumenta Libânio.

Ações
As ações serão, segundo o presidente APCSB, Rodrigo Barreto, desenvolvidas  através da associação de produtres e complementadas  com a  criação do Conselho Gestor  da Indicação Geográfica, responsável pela orientação e monitoramento da qualidade do cacau produzido que  terá um procotolo de produção, beneficiamento e um regulamento de uso, o que poderá ser estendido no futuro ao cacau, madeiras e outros produtos regionais com certificação de origem.

O processo prevê ainda, segundo ele, a  promoção  de debates, cursos,  seminários e ações com o objetivo de mobilizar e  esclarecer  aos produtores quanto aos benefícios decorrentes da indicação geográfica. Numa etapa complementar, o projeto prevê a criação de um regulamento e normas  que nortearão os produtores no processo de boas práticas de produção e processamento do cacau.

Barreto considera que  o cultivo do cacau foi fundamental para a  consolidação da especificidade cultural do sul da Bahia. Da mesma forma, as técnicas de plantio e beneficiamento em uma área geográfica com  características próprias resultaram na produção do cacau classificado  como Superior Bahia ou Tipo I.  Um outro fato relevante é  que o sistema de produção de cacau da região é considerada uma das mais preservadas do planeta graças ao sistema da cabruca, que além de conservar a biodiversidade,  ajuda a  proteger o cacaueiro de déficits hídricos, otimizando ao mesmo tempo a ciclagem de nutrientes, reduzir os danos por insetos e até mesmo a erosão do solo, aumentando a longevidade do cacaueiro e a diminuir a dependência de insumos químicos.

Identificação geográfica
A proposta, justifica Rodrigo Barreto, é promover a identificação geográfica  com produtos de origem, oferecendo ao mercado um bem imaterial  protegido em lei e com um padrão de qualidade. No caso da região Sul da Bahia, a qualidade do cacau produzido na região já serve de referencial e de um padrão a ser levado em conta: “ em essência   a marca sul da Bahia define e agrega valor a propriedades e afeta de forma complementar a todos os  bens produzidos na nossa região”,

Ele explica que a associação tem sua sede em Ilhéus, mas em função da extensão territorial do Sul da Bahia serão criadas no futuro outras unidades microrregionais. A ideia foi amadurecida a partir de uma série de discussões com representantes do Ministério da Agricultura e da Seagri junto com a equipe do Instituto Cabruca, no sentido de criar um diferencial de qualidade e de preços para o cacau desta região.

O modelo leva ainda em conta, segundo Barreto, o plantio de sistemas agroflorestais  de cabruca – o mais antigo na região em que o cacaueiro ocupava áreas de Mata Atlântica associado com plantas nativas da floresta - , bem como através das consorciações com a eritrina ou com as seringueiras, práticas estimuladas mais recentemente. A cabruca tem hoje um histórico diferenciado e reconhecimento na área acadêmica e entre ambientalistas.

Passos
Ele enfatiza ainda que como participantes do processo, que define a qualidade e os padrões desejados serão os produtores, que vão oferecer ao mercado um cacau com as características do Sul da Bahia. No primeiro passo, a associação vai atuar com o foco na produção de amêndoas para a fabricação de chocolates e derivados. Numa segunda etapa, a ação será direcionada para a produção de um chocolate com identificação regional e uma certificação de origem, o que seria estendido para doces, geléias e torta ou manteiga de cacau. Outra ideia seria agregar valor à movelaria com uso na fabricação de móveis da madeira usada em barcaças e secadores, com cheiro de cacau impregnado nos materiais.

Barreto acredita que tudo isso envolveria ações de marketing, inclusive da preservação ambiental,. voltadas para a geração e agregação de valor para os produtos do Sul da Bahia,  pautado nos eixos ecológicos, culturais, turísticos, econômicos, ambientais e estretégicos. A associação também se propõe a acompanhar as discussões políticas em relação aos chocolates e derivados, a exemplo do projeto que define o teor de cacau nas amêndoas de chocolate e que tramita no Congresso Nacional. 


Já a denominação de origem  também será incorporada num  projeto  que leva em conta fatores como o ralevo da região, o clima e os processos envolvidos na produção

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