Tem Beijupirá na mesa.

Sábado preparei dos Beijupirá recheados, um delicioso peixe encontrado na Baia de todos os Santos.
De carne macia e branca, sabor suave, não deixa a desejar em nada a um Badejo ou Robalo

A Baía de Todos (BTS) os Santos é considerada a maior baía navegável da costa tropical da América Latina, com cerca de 1.100km² de área que por mais de cinco séculos vem sustentando populações tradicionais de pescadores e marisqueiras, que retiram de suas águas abrigadas sua alimentação e renda. Este privilegiado ambiente para a piscicultura marinha vem sendo impactado há décadas pelo desenvolvimento, em seu entorno, de uma extensa e crescente área metropolitana com mais de três milhões de habitantes e por seus mútlipos usos, dentre atividades extrativistas, agrícolas, turísticas, além de seis terminais portuários e dezenas de indústrias químicas e petroquímicas. 


BEIJUPIRÁ 
 Diz a lenda que quem pesca um beijupirá deve hastear uma bandeira branca ou vermelha, como sinal de reverência. Afinal, é uma honra e tanto fisgar o animal conhecido como o “rei dos peixes”.

O apelido surgiu muitos anos atrás dado pelo pescadores nordestinos ao perceber que o beijupirá não nada em cardume – segue solitário, poucas vezes em dupla e outras infiltrado entre outras espécies.

Famoso e cobiçado no Nordeste, onde é mais visto devido as águas quentes da região, o beijupirá é encontrado em ilhas, próximos a costões, lajes, parcéis, em mar aberto e estruturas isoladas. Durante o outono e inverno, porém, ele alcança grandes distâncias.

No Brasil, o peixe oceânico percorre desde o Amapá até o Rio Grande do Sul, sem pontos específicos, o que o faz muito difícil de ser encontrado. O pesquisador explica que vem desenvolvendo esta linha de estudos sobre o beijupirá, peixe mais conhecido pelo folclore em torno do fato de ser raro, e possuir um sabor diferenciado. Outras pesquisas vêm sendo feitas nos Estados Unidos, em Taiwan e no Vietnã, para tornar viável a criação deste peixe que, na natureza, é muito solitário, sendo mais comum recolher, no máximo, dois exemplares a cada incursão de pescadores em águas profundas.


Há anos fala-se que estaria aparecendo uma nova estrela na aquicultura: o beijupirá. Trata-se de um peixe que tem um crescimento extremadamente veloz e que apresenta uma carne suave e branca, praticamente sem espinha. 
Ao ser um pescado marinho, essas características lhe outorgam importantes vantagem no mercado internacional do pescado branco. Embora até o presente momento a produção de cultivo ter sido muito limitada, os avanços registrados no Vietnã indicam que este pescado será altamente apreciado nos próximos anos. Muitos atrativo, más pouca produção. 
O beijupirá (Rachycentron canadum) é a única espécie da família Rachycentridae, também conhecido como “ling” e “pez limón”, “Black kingfish” e “crab eater” (comedor de caranguejos), entre outros nomes. É um peixe pelágico que pode chegar a pesar mais de 60 kg e se encontra em todos os mares tropicais e temperados (20 – 30 o C). 
A única exceção é o pacífico oriental. Caracteriza-se por sua carne branca e textura firme, suave sabor, poucas espinhas e por extremada velocidade de crescimento, indo de 1 grama a 5 ou 6 kg em um ano, e 8 - 10 kg em dois anos.


O beijupirá (R. canadum) foi descrito, inicialmente, por Linnaeus, em 1766, como Gasterosteus canadus. Pertence à classe dos peixes ósseos, da ordem Perciformes, sendo a única espécie da família Rachycentridae. 
Antes de ser definida como do gênero Rachycentron (Kaup, 1826), aceito até a atualidade, a espécie foi descrita com outras sinonímias, tais como Scomber niger (Bloch, 1793), Centronotus spinosus (Mitchill, 1815), Rachycentron typus (Kaup, 1826), Naucrates niger e Elacate motta (Cuvier, 1829), entre outras (GILL, 1895). 

No Brasil, é comumente conhecido como bijupirá (FIGUEIREDO e MENEZES, 1980), beijupirá, pirambijú e cação-de-escama (CARVALHO FILHO, 1999). Naquela que provavelmente foi a primeira descrição da espécie em águas brasileiras, PISO e MARCGRAVE (1648) o chamaram de ceixupirá. Segundo COLLETE (2002), os nomes comuns são “cobia”, em inglês; “mafou”, em francês; e “cobie”, em espanhol. 
Embora em inglês seja mais conhecida como “cobia”, a espécie também é chamada “lemonfish”, “ling” (CAYLOR et al., 1994), O beijupirá apresenta de sete a nove espinhos curtos, geralmente oito, na primeira nadadeira dorsal, isolados e não conectados por membrana (COLLETE, 2002). 
A segunda nadadeira dorsal possui de 26 a 33 raios, sendo a anal similar à segunda dorsal, porém com dois ou três espinhos e entre 22 e 28 raios. A cabeça é grande e achatada. O corpo é alongado e fusiforme e a nadadeira caudal é truncada nos jovens e lunada nos adultos, com o lobo superior ligeiramente mais longo que o inferior. Possui coloração marrom escuro no dorso e nas laterais, apresentando duas faixas longitudinais, de coloração prata, bem definidas nos flancos. Na porção ventral, a coloração é clara, mas as nadadeiras são escuras. As escamas são pequenas e profundamente implantadas na pele. A boca é grande, e a mandíbula prolonga-se mais à frente que a maxila, apresentando dentes aciculares na maxila e mandíbula, palato e língua (GILL, 1895; FIGUEIREDO e MENEZES, 1980; COLLETE, 2002). Os jovens têm aparência similar às rêmoras (família Echeneidae), embora as larvas apresentem maior similaridade morfológica com o dourado (família Coryphaenidae), principalmente devido ao idêntico padrão de espinhos na cabeça de ambas as espécies, o que não ocorre nas larvas dos echeneídeos (JOHNSON, 1984). O comprimento máximo alcança 200 cm no ambiente natural, mas exemplares com cerca de 110 cm são mais comuns. O peso máximo registrado para um exemplar capturado foi 61,5 kg no oeste da Austrália (COLLETE, 2002), e 62,2 kg no Golfo do México (FRANKS et al., 1999). O beijupirá é uma espécie pelágica costeira e circumtropical (BRIGGS, 1960), distribuindo-se por águas tropicais e subtropicais de todos os oceanos, exceto no leste do Pacífico (SHAFFER e NAKAMURA, 1989). No Atlântico ocidental, estende-se de Massachusetts, EUA, à Argentina (FIGUEIREDO e MENEZES, 1980). Podem ser encontrados sobre fundos de lama, rochas, areia e cascalho, em ambientes de recife de corais e estuários (SHAFFER e NAKAMURA, 1989) e, ainda, próximos a naufrágios, boias, plataformas de petróleo ou objetos à deriva (ARNOLD et al., 2002). Também são frequentemente vistos nadando junto a tartarugas, raias (GRANT e FERRELL, 1993) e meros (FELIX e HACKRADT, 2008), com os quais apresentam associação, provavelmente aproveitando-se da suspensão do sedimento para alimentar-se de organismos demersais ou bentônicos (SMITH e MERRINER, 1982). Trata-se de uma espécie pouco encontrada no comércio devido à sua baixa captura pela pesca. Por formar pequenos cardumes, de cinco a 10 peixes (CARVALHO FILHO, 1999), a captura ocorre de forma acidental, não havendo uma pesca específica. A captura mundial em 2010 foi de 11.944 t, sendo as Filipinas o maior produtor, com 3.033 t (FAO, 2012). No Brasil, a pesca em 2010 produziu 923 t, o que representa cerca de 0,2% do total de peixes marinhos pescados no país, que foi de 465.455 t (BRASIL, 2012). Em 2007, os principais estados produtores foram Pará, Ceará e Bahia (BRASIL, 2007). Na Bahia, as primeiras desovas naturais de reprodutores selvagens mantidos em cativeiro foram registradas em outubro (CARVALHO FILHO, 2006), enquanto que a histologia de exemplares capturados em Pernambuco indicou que o período natural de desova é de outubro a abril (DOMINGUES et al., 2007). Estes resultados indicam que a atividade reprodutiva desta espécie no nordeste do Brasil também ocorre principalmente na primavera e verão.

Comentários

  1. Muito obrigado por compartilhar esse texto tão rico de informações importantes. Parece uma aula sobre pescados, mas dada de maneira muito prática e objetiva.

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