REGISTROS DA CULINÁRIA BAIANA TRADICIONAL

Nesta série, apresentarei títulos fundamentais que resgatam a riqueza da culinária baiana. Receitas que são registros históricos obtidos por meio de pesquisas em acervos, bibliotecas e antigos cadernos de receitas, que oferecem uma compreensão mais profunda da nossa cultura alimentar e explicam por que ela é considerada tão diversa e única.

Neste primeiro post, vamos conhecer um pouco da obra de José Ribeiro de Souza, seus livros sobre a culinária africana, são registros antropológicos, sua obra literária é vasta, com publicações que exploram profundamente as religiões afro-brasileiras, especialmente o candomblé e a umbanda.

BEBIDAS FERMENTADAS

MALUFOMARUFOMARUVO

Essas bebidas têm um grande valor cultural e histórico, especialmente no contexto das tradições populares e religiosas da Bahia. Vamos falar um pouco sobre cada uma delas:

Aluá: Bebida fermentada, tradicionalmente feita com milho ou abacaxi, açúcar ou melaço e água. Muito consumida em festas populares, incluindo as festas juninas, sua leve fermentação traz um sabor adocicado e refrescante.

Gengibirra: Uma bebida típica feita com gengibre, açúcar e limão, conhecida por seu sabor forte e refrescante. É comum em celebrações populares, sendo associada à energia e vitalidade.

Maduro: Bebida alcoólica ou fermentada que varia em sua composição dependendo da região, mas geralmente feita com frutas maduras e especiarias. Tinha um papel importante em festas e rituais.

O termo "Maduro" tem procedência do quimbundo maluvu, vinho de palma, sendo usado até hoje em Angola para bebidas fermentadas.

Na descriçãode José Ribeiro:

Parati: Refere-se à cachaça, pinga, bebida alcoólica destilada da cana-de-açúcar, amplamente consumida em todo o Brasil e profundamente enraizada na cultura popular, inclusive em cerimônias afro-brasileiras.

Essas bebidas eram (e ainda são) símbolos de celebração, resistência cultural e religiosidade, muitas vezes utilizadas para homenagear os orixás e outros elementos das práticas afro-brasileiras.





 Nascido em 1930, ele foi filho de santo de Joãozinho da Gomeia, conhecido como "o rei do candomblé". Após a morte de Joãozinho em 1971, José Ribeiro assumiu o título de "o novo rei do candomblé". 

Foi professor de línguas Sudanesas do Instituto de estudos Afro-brasileiros, com reconhecimento da ONU, além de jornalista e radialista na rádio Roquete Pinto, onde ministrava palestras.

Sua dedicação foi contemplada, anos mais tarde, a um estágio na Universidade de Coimbra e dali, embrenhou-se em sucessivas viagem a África Portuguesa. 

De volta ao Brasil teve uma intensa vida intelectual e religiosa: "Professor de Línguas Sudaneses do 'Instituto de Estudos Afro-Brasileiros'; membro do Supremo Conselho Sardedotal da 'União Nacional dos Cultos Afro-Brasileiros'; sacerdore do Culto Nagô desde 1944; jornalista e radialista profissional, mantendo colunas assinadas em dois jornais (Gazeta de Notícias e Guanabara Norte Sul, e ainda, na Revista Mironga) membros do Círculo de Escritores de Umbanda; compositor e interprete de músicas folclóricas e afro-brasileiros; membro da Academia de Letras do Vale do Paraíba; ex-membro atuante de diversas entidades de Umbanda" (p. 11). 

Grande parte de sua produção sempre esteve voltada a uma variedade de temas sobre religiosidade afro-brasileira.

Este livro explora as comidas rituais e oferendas no contexto das religiões afro-brasileiras.Além de sua produção literária.

José Ribeiro também contribuiu para a música brasileira. É coautor, juntamente com Nelson Cavaquinho, da canção "A História de um Valente", interpretada por artistas como Leny Andrade e o grupo Pagode Jazz Sardinha's Club. 

Sua escrita reflete a espiritualidade afro-brasileira, provavelmente abordando temas relacionados ao candomblé, cultura afro-baiana e a cosmovisão espiritualista.

Agradecimento especial à Mary Santana, e do acervo Valdeloir Rego da Biblioteca Central dos Barris.


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