Primeira Visita preparatória da Imersão Criativa na Comunidade Quilombola do Conde-Bahia.

Ontem estive fora por conta da primeira visita ao Conde, onde vamos fazer nossa próxima Imersão Criativa Sotoko 

























Fomos convidados pela Monica Moraes, leia-se De Além Mar, a quem agradeço de coração, para a execução de mais esta empreitada.
Roteiro da Oficina:
Na manha de ontem(42/02), fomos recebidos pelas mulheres da comunidade do Conde, para um bate-papo na Escola Castro Alves, construída pelo Instituto Gente, na ocasião foram colocados os princípios básicos do nosso trabalho de criação de produtos com elementos da região, conscientização social e étnica, alem da importância feminina na lida com alimentos. A sala cheia, cerca de 40 mulheres da comunidade, estavam presentes, e acompanharam com atenção nossas propostas.
Dna.Cecilia, uma matriarca local.
Dna. Cecilia, é uma especie de Griô local, uma das moradoras mais antigas do lugar, com muita historia a ser transmitida, ela bem como ao outros moradores receberam seu contrato de posse da terra a pouco tempo, nos recebeu trabalhando a massa de mandioca, um produto muito comum na região, que ela beneficia para sua produção de Beijus e venda nas feira do lugar.

Coletamos as primeiras informações referentes ao cultivo da horta da escola e sobre as (PANC's) encontradas no local,fizemos uma visita a Dna. Cecilia,  nos recebeu trabalhando a massa de mandioca, um produto muito comum na região.
A tarde, visitamos o Conde e almoçamos no Restaurante Zeca's, fomos atendidos gentilmente pelo Zeca, uma figura bacana, que tem seu restaurante à 35 anos, além de comer divinamente bem, um delicioso Bobó de Camarão e um Ensopado, tivemos a oportunidade de saber mais informações sobre a cidade além de buscar seu apoio e uma parceria para nosso projeto.

De volta a escola, acompanhamos o treino do Grupo de  Capoeira Arte Baiana, dos alunos do mestre Ramisío, que deram um show de destreza e conhecimento.
O Conde
O território onde hoje está situado o município de Conde era habitado primitivamente pelos aguerridos tupinambás. 
 No governo de Mem de Sá, os padres jesuítas, chefiados por Luís da Grã, ali chegaram em missão de catequese, ministrando os ensinamentos da doutrina cristã e pacificando com verdadeiro estoicismo e espírito de sacrifício os valentes índios tupinambás. 
Os Jesuítas adquiriram, em 1621, vasta área de terras, por sesmaria e concessão de Garcia d’Avila, as quais lhes foram definitivamente doadas, em testamento, no ano de 1650. Verificou-se então, a aproximação de indígenas de tribos vizinhas, já domesticados, que para ali se transferiram, passando a viver sob a orientação dos referidos padres. Atraídos pela exuberante fertilidade das terras, fixaram-se na região diversos colonos portugueses que, utilizando o elemento negro, se dedicaram às culturas da cana-de-açúcar e do fumo e à criação de gado, edificando em vários pontos engenhos de açúcar, em cujo mister também foram auxiliados pelos naturais. 
A aldeia dos índios *tupinambás, mais tarde, com a colonização, foi transformada em povoado, recebendo a denominação de *Itapicuru de Baixo. 
*"O itapicuru (Goniohachis marginata) , também chamado guarabu, guarabu-batata, guarabu-branco, guarabumirim, guarabu-preto, guarabu-rajado, guaribu, guarabu-roxo e itapicuru-amarelo, é uma árvore de até 18 metros, da família das leguminosas, subfamília cesalpinioidea, nativa do Brasil, especialmente dos estados da Bahia,
Minas Gerais e Espírito Santo. Possui madeira roxa e de uso na indústria de móveis, folhas com dois pares de folíolos coriáceos assimétricos, flores brancas com cinco pétalas de um centímetro de comprimento em espigas fasciculadas e vagens deiscentes coriáceos" 
Segundo Teodoro Sampaio, *"Tupinambá" é oriundo do termo tupi tubüb-abá, que significa "descendentes dos primeiros pais", através da junção dos termos tuba (pai), ypy (primeiro) e abá (homem). Em sentido diverso, o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro sugere a etimologia "todos da família dos tupis", através da junção de tupi (tupi), anama (família) e mbá (todos).
O contato colonial eurotupinambá iniciado antes da fundação de Salvador, ampliado após a chegada dos escravos africanos, causou um brutal impacto e desorganização sócio-cultural na vida dos tupinambá. O processo civilizatório sob coação, a cristianização compulsória e a conjuntura econômico-operacional consolidada entre os séculos XVI e XVIII plasmou uma sociedade mestiça. É certo que a população de Salvador é mestiça; no entanto é possível levantar dados humanos, históricos e culturais (materiais e simbólicos) comprobatórios da veracidade da declaração dos “indígenas” e dos “índiodescendentes” domiciliados, hoje, em Salvador. 
A fusão de “raças” e culturas O território onde está encravado Salvador pertencia totalmente aos tupinambá até o começo do século XVI. Como dito, o primeiro donatário ao desembarcar nessa terra encontrou uma aldeia eurotupinambá. 
Os tupinambá de Salvador e de outras partes confrontaram e reagiram violentamente à presença dos “brancos” apesar da presença do português Diogo Álvares, o Caramuru, com sua aldeia “eurotupinambá”. 
Quando da chegada de Tomé de Souza, em 1549, já estava em curso uma “colonização acidental”, usando expressão colhida de Guillermo GUICCI (“Viajantes do Maravilhoso Novo Mundo”). João Azevedo Fernandes, por sua vez, fez uma recomposição aproximada, de gênero feminino, da cultura tupinambá e sobre o que ocorreu na transição ente os séculos XVI e XVII, não apenas no recôncavo baiano e na cidade de Salvador: “...- muitos europeus se “indianizaram”, casando com as índias e participando dos costumes nativos, e não estou aqui me limitando aos casos bem conhecidos de João Ramalho e Diogo Álvares” (“De Cunhã à Mameluca”, pg. 217). Somente após meio século de contato eurotupinambá, época suficiente para a conformação de duas gerações (segunda metade do século XVI) chegaram os povos africanos, escravizados. A partir desse momento são dadas as condições para ampliação da miscigenação: índiodescendentes, afroindígenas, afrobrasileiros e mulatos
Leia mais no texto de José de Arimatéa Nogueira Alves, ÍNDIOS EM SALVADOR (IDENTIDADE, MEMÓRIA E ALTERIDADE)

Em 1702 o povoado do Conde foi elevado à categoria de freguesia com a denominação de Nossa Senhora do Monte de Itapicuru da Praia. Em 17 de dezembro de 1806, foi, a requerimento do povo, elevada à categoria de vila pelo Ouvidor Navarro, com a denominação de vila do Conde, sede do município de igual nome, nessa mesma data criado, em cumprimento das ordens do Conde dos Arcos de cujo título lhe veio a denominação. 
Distrito criado com a denominação de Nossa Senhora do Monte de Itapicuru.da Praia, em 1702. 
Elevado à categoria de vila com a denominação de Conde, em 17-12-1806. Sede na antiga vila de Conde. Pela lei provincial nº 2359, de 01-08-1882, é criado o distrito de Palame e anexado ao município de Conde. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, a vila é constituída de 3 distritos: Conde, Timbó e Palame. 
Pela lei estadual nº 889, de 10-06-1912, transfere a sede da vila de Conde para o arraial de Esplanada. Conservando porém, o município o seu primitivo topônimo Conde. 
Nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1-IX-1920, o Conde figura com simples distrito de Arraial de Esplanada. Elevado à condição de cidade com a denominação de Conde, pela lei estadual nº 1525, de 19-08-1921. 
 Por força dos decretos estaduais números 7455, de 23-06-1931, e 7499, de 08-07-1931, o município é extinto, passando seu território a constituir o novo município de Esplanada. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, Conde figura como distrito de Esplanada.
O município está localizado no Litoral Norte da Bahia e é banhado em toda a sua extensão pelo Oceano Atlântico. 
O Conde limita-se ao Norte com Jandaíra e Rio Real; ao Sul, com o Rio Inhambupe; ao Leste com o Oceano Atlântico e ao Oeste com Esplanada. 
A cidade tem uma distância de Salvador, em linha reta, de 151Km e pela BR-101 de 203Km. A população atual é de aproximadamente de 25 714 habitantes(IBGE/2013) e sua base econômica principal é o turismo, a cultura do côco da Bahia e a pecuária.
Do alto da Vila do Conde, bairro mais antigo da região, observa-se uma vista panorâmica . E no ponto mais alto encontra-se o Alto do Cruzeiro, dizem os moradores mais antigos, que a Igreja Nossa Senhora do Monte recebeu uma imagem de Nossa Senhora, que foi posta no altar da Igreja. No dia seguinte verificou-se que a imagem não estava mais lá, e diante de tanta procura foi localizada em um monte em cima da copa de uma árvore, próximo à igreja. Levou-se a Santa de volta para a igreja e novamente ela apareceu no mesmo lugar. Diante dos acontecimentos, fez-se uma Capela para a Santa, lá no intitulado Alto do Cruzeiro. 
O alto do Cruzeiro recebe visitas diariamente de moradores da localidade e principalmente na alta temporada. 
Contam que próximo à raiz da árvore, há um bojo que contém uma água milagrosa, e que permanece cheia durante todo o ano, ela nunca seca, as pessoas com enfermidades recorrem a ela para obter cura. Diversos são os pedidos que são feitos e atendidos pela Santa, em agradecimento os fiéis levam próteses, acendem velas e fazem muitas orações.

Iniciativa do Instituto Gente Desde que se instalou no litoral norte baiano, o Grupo Aurantiaca elegeu como uma de suas estratégias fundamentais a preocupação e os cuidadoso com o desenvolvimento social e a preservação ambiental. 

Assim, ainda em 2009, começou a investir recursos humanos, físicos e financeiros no apoio a manutenção de uma escola da rede municipal de ensino, a escola Castro Alves, voltada para crianças e adolescentes da comunidade rural de Pedra Grande, município de Conde. 
Com o natural crescimento do número de alunos e das demandas da escola ao longo dos últimos anos, houve necessidade de organizar, profissionalizar e institucionalizar as ações. 

Assim nasceu o Instituto Gente, uma organização da sociedade civil, parceira do Grupo Aurantiaca, que tem como Missão “ajudar a identificar e revelar os enormes potenciais humanos e naturais que sempre existiram, independente da condição e da situação atual”. Através da parceria com a Aurantiaca e a prefeitura municipal do Conde, o Instituto Gente mantém a Escola Castro Alves em um prédio escolar moderno, cedido pela empresa, com 04 salas de aula, salas de informática eleitura, área de lazer, cozinha e refeitório. Ainda em seu primeiro ano de existência, pretende-se implantar um modelo de educação integral, voltado para o desenvolvimento das múltiplas dimensões do ser humano e que valorize a
realidade, as diversidades, e os saberes formais e informais na qual está inserido. Também através desta parceria, está em execução o diagnóstico socioeconômico e sensibilização da comunidade de Pedra Grande; para que, com a união de outros parceiros, possa ser realizado mais um grande projeto de desenvolvimento comunitário tendo como base os princípios do Instituto Gente: 
*Equilíbrio da relação entre o ser humano e a natureza *Protagonismo comunitário Foco nos talentos e recursos locais 
*Parcerias pessoais e institucionais

Comentários

Postagens mais visitadas