As pesquisas e textos de Paulo Thiago sobre os botequins cariocas desde a década de 1990 foram precursores do movimento de valorização do espaço boêmio como patrimônio histórico e influenciaram geraçôes de estudiosos sobre o tema.


Foi um dos idealizadores dos guias Rio Botequim, que, mais tarde, o levaram a aprofundar suas pesquisas e reflexões no Laboratório de Etnografia Metropolitana do Rio de Janeiro, vinculado ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ.

Trabalhou no Jornal do Brasil, em O Globo e n'O Dia.


Prefácio “Memória afetiva do botequim carioca”.


Por Sérgio Cabral


O título desta obra poderia, perfeitamente, ser O nosso segundo lar. Afinal, o que representaram para mim botecos como o Bar Luiz, o Antonio’s, senão uma extensão do meu quarto e da minha cozinha? Na verdade, não sei se eu seria este cara que escreve estas coisas se não carregasse uma história vivida nas mesas de bar. Quem eu seria se não estivesse envolvido profundamente — sem exagero, profundamente — na história de ícones da boemia carioca, como o Zicartola e o próprio Antonio’s, agora citado porque me lembrei que foi para ele que corri quando saí depois de dois meses na prisão. É isso mesmo que confesso: antes de ir para casa, me ofereci ao Antonio’s, onde, honra seja feita, fui recebido com imensa alegria não só pelos clientes, como, especialmente, pelos proprietários do estabelecimento, que me ofereceram uma bebida raramente servida lá: champanhe.


Longe de mim comparar a alegria reinante nos bares com o saudável ambiente, por exemplo, de uma leiteria. Não comparo porque tenho horror a covardias, até porque sigo aquela orientação do nosso papa Vinicius de Moraes de que amigos a gente faz nos botecos e não nas leiterias. Reafirmo que não quero polêmica por causa de preferências individuais. Continuo amando os botequins. Quanto aos que não os amam tanto, estão perdoados. Deus tenha piedade deles.


#paulothiagodemello

#botequim

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