O que está por trás do Acarajébarbie?

Sejamos honestos, pouca gente se importa, ou mesmo sabe o valor do nosso patrimônio cultural, pois em raras exceções são representações que não contemplam a diversidade de nossa gente, nossa história recente está repleta de exemplos.

O Brasil, tem um histórico perverso de apagamento social, de violências contra as minorias, ataques diretos à memoria coletiva, o que talvez demonstre a grande dificuldade de ir no foco.

No setor alimentar, não seria diferente, o diversionismo, perdemos tempo, para não encararmos o verdadeiro problema da injustiça social, da fome e de tantos outros problemas de saúde pública, como o serio problema da indústria de processados.

Sabemos também, que esse desvio esconde, em sua gênese, um teor político, que denúncia o nosso fracasso, aos quais nem a esquerda, muito menos a direita, tem interesse em adentrar.

Veganismo, "comida saudável", picanha ou camarão, tudo isso embalado e adocicado pelo brigadeiro, e mais recente pelo acarajé da barbie, não se assustem, se daqui a pouco, sejam servidos nós coquetéis chics da cidade. 

Consciência critica se constrói a partir do conhecimento histórico, os fatos e acontecimentos, são reflexos da capacidade cognitiva com que a sociedade tem de discernir entre a barbárie e os avanços civilizatorios.

Banalização Cultural

E nesse ponto é importante ressaltar o poder da Educação, que deveria ter um compromisso muito mais efetivo na formação cidadã, em fazer cumprir a lei nº 10.639, que institui a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileiras nas escolas, que propiciaria o aluno compreender e discernir a importância dos legados de Matriz Africana.

Quero tomar como exemplo o "universo rosa da barbie", como metáfora da triste realidade da baiana de Acarajé, como de outras tantas jovens de classe média baixa em nosso país.

Não era de se esperar, que durante de tantos apelos focados na ascenção social, no "Empreendedorismo" como possibilidade de sucesso, mesmo que a qualquer custo, no universo competitivo de reality show que nos acostumamos, o glamour da gastronomia, não fosse se mostrar.

Adoçando a realidade

Percebo nesse caso específico, o poder indutor do universo da "gastronomia", termo altamente colonizador, como ideal transforador liberal, de uma realidade cruel, na possibilidade palpável, no sonho de ser a proxima celebridade, mesmo que para isso, dê as costas a sua cultura, seus princípios e valores.

Relevante abordar, como os movimentos sociais, e mesmo a sociedade, não conseguem ver a importância da cultura alimentar, da segurança e soberania alimentar como fator estratégico em face a fome e as injustiças sociais.

É preciso que as instituições se movimentem, em pautar às discussões que promovam a nossa #culturalimentar, mostrando sua importância no sentido de transformador da sociedade.

Patrimônio imaterial

A noção de ‘patrimônio imaterial’ foi adotada pela política patrimonial brasileira por meio da incorporação da proposta formulada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de valorização de aspectos ‘intangíveis’ da cultura.

No inventário do Iphan, o acarajé é apresentado como um bolinho preparado com feijão-fradinho, cebola e sal, frito em azeite de dendê, e cujo nome, no idioma ioruba, significaria ‘comer fogo’: ‘acará’ (fogo) e ‘ajeum’ (comer).

Toda essa falsa polêmica, vem embalada em papel lustroso, pela imprensa, que enche as burras na promoção de um filme de segunda, para fazer-nos esquecer do drama social e da importância da cultura alimentar.

Por fim, não adianta crucificar a jovem baiana, o problema tem raízes profundas na desigualdade, na falta de compreensão da importância da luta de classe, da representação politica, do poder da Educação de qualidade, contra injustiça social.

Lembre-se, Cultura sem identidade e pertencimento, é pura alegoria.

#elcocineroloko

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Comentários

  1. A massificação fica na contramão da natureza, inimiga da biodiversidade e da conservação.

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