O travo do pecado, aos saborosos cambucás...Onde foram parar os Cambucáis?

Do que o travo do pecado, aos saborosos cambucás...

Considerada uma fruta saborosa e aromática, o cambucá é mais um exemplo de árvore frutífera nativa do Brasil, que infelizmente, encontra-se categorizado como “Vulnerável” (VU), tendo sofrido uma redução populacional de aproximadamente 30% nos últimos 30 anos. Apesar de bastante cultivado em pomares domésticos, a estimativa é de que, na natureza, existam apenas cerca de 10.000 indivíduos adultos, sendo considerado bastante raro.

No final do  século XIX, o clima brasileiro, tropical por excelência, ganhou destaque como elemento de unidade e marcação simbólica do Brasil. 

Ele representava aquilo que a Europa das altas latitudes não era: a exuberância, o perigo, a inspiração, a preguiça, a fartura e a doença, a sensualidade por exemplo. 

Para o bem ou para o mal, o Brasil era um país tropical, e isso precisava ser mostrado, ainda mais em um período como era o século XIX brasileiro, momento no qual marcar as diferenças era algo tão importante para se demarcar uma identidade nacional brasileira.

A representação nacionalista por excelência, abriu espaço para inúmeros compositores, artistas e músicos da epoca, verdadeiros promotores do nosso Tropicalismo, das nossas frutas, e modo de vida, da nossa morenidade sensual, a natureza brasileira, marcada pela ação dos trópicos, é entendida como elemento definidor de uma unidade natural para o Brasil, enfim, todo o país foi contemplado por uma natureza exuberante, e todos os brasileiros, espalhados pelos mais distantes rincões do país, compartilhavam desse mesmo motivo de orgulho.

Os Cambucás de Vicente Paiva

 Vicente Paiva, grande compositor e também maestro, arranjador e pianista, de sucessos como "Mamãe, eu quero", que até hoje ouvimos e cantamos em nossa música.

Foi Vicente Paiva que nos presenteou com a composição Olhos Verdes, eternizada na voz sensual de Gal Costa, no disco Gal Tropical.

Mas vamos falar em Cambucá (Plinia edulis), que vem do tupi-guarani e significa “fruta de mamar ou chupar” porque a polpa precisa ser sugada da casca, também recebe o nome de Cambucaba, Cambricó e Cambicá, outros afirmam tem origem tupi-guarani, mas significa: “frutos que se partem quando maduros”. 

Origem: endêmica da região da mata Atlântica litorânea dos estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. 

A planta é rara mesmo na natureza e ocorre apenas nas várzeas aluviais e encostas úmidas quase que exclusivamente no interior da mata preservada.

O cambucá (Plinia edulis) é uma espécie endêmica da Mata Atlântica brasileira, e sua ocorrência se dá do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul, especialmente em várzeas aluviais, onde é conhecido também como cambucá-verdadeiro e cambucazeiro.

Pertencente à família Myrtaceae, P. edulis é uma árvore perenifólia que atinge de 5 a 10 metros de altura, com copa densa em formato piramidal e tronco curto, revestido por casca lisa, avermelhada e descamante. Suas folhas são simples e opostas, subcoriáceas, glabras e apresentam de 6 a 12 cm de comprimento. 

Já as flores são solitárias ou reunidas em glomérulos sobre o caule ou ramos e são formadas de outubro a dezembro.

Porém, o destaque fica para os seus frutos, que são bagas com polpa carnosa-suculenta de coloração amarela-alaranjada e sabor doce-acidulado bastante agradável. Possuem 1 ou 2 sementes e a polpa corresponde a 50% do fruto. 

O consumo do cambucá se dá tanto in natura quanto no preparo de compotas, doces, sucos, sorvetes, geleias e licores.

Benefícios do cambucá à saúde

As frutas nativas da Mata Atlântica têm despertado cada vez mais o interesse mundial por suas propriedades, e o cambucá faz parte desse grupo de frutas nativas que traz diversos benefícios à nossa saúde.

Por meio da realização de estudos com extratos da fruta e das folhas, foram evidenciadas substâncias de interesse farmacológico, tais como flavonoides, taninos, saponinas e terpenoides, entre outras.

O cambucá, atualmente, encontra-se categorizado como “Vulnerável” (VU), tendo sofrido uma redução populacional de aproximadamente 30% nos últimos 30 anos. Apesar de bastante cultivado em pomares domésticos, a estimativa é de que, na natureza, existam apenas cerca de 10.000 indivíduos adultos, sendo considerado bastante raro.

Uma das principais questões enfrentadas é o fato de que essa espécie ocorre em locais sob forte ação do homem, perdendo mais de 80% do seu habitat original.

A espécie foi considerada por estudiosos como de alto valor biológico e prioridade de conservação, baseado nos critérios de distribuição, risco de extinção, risco de colheita, uso local e uso econômico.Por atualmente ser encontrada em locais fora de unidades de conservação, a estimativa é de que nos próximos 30 anos a população de cambucá sofra uma perda de mais de 10%, sem considerar os efeitos das mudanças climáticas que adicionam pressão adicional às espécies selvagens. Inclusive, estudos recomendam que a espécie seja enquadrada como em perigo crítico ao invés de vulnerável, devido à considerável redução de sua população.


O IHGB e a noção tropical do Brasil: a busca pelos “Alegres Trópicos”


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