Oficinas Sotoko promovem a cultura alimentar local.


As Oficinas de Culinária Sotoko, visam sensibilizar a partir de um olhar Agroecologico, ampliar a quantidade de participantes à contribuírem na construção de hábitos alimentares saudáveis, recuperação da memória alimentar, no consumo e valorização dos alimentos agroecológicos da agricultura familiar.

A culinária tem um papel fundamental neste processo, está intimamente ligada à produção de alimentos nas comunidades.

O trabalho Inclui rodas de conversa, coleta de plantas alimentícias, trocas de experiêcnias e elaboração de receitas com alimentos da sociobiodiversidade.

A natureza do ato de alimentar é coletiva, envolvendo pessoas que trocam experiências a partir da feitura da comida. 

A proposta das Oficinas Sotoko é conscientizar as pessoas sobre a importância do nosso patrimônio alimentar, fruto do legado de matriz africana e dos povos originários.
Usamos um termo "Culinária", como distintivo cultural e social, definido por Manuel Querino, que consideramos o patrono da nossa cozinha.
As Oficinas tem um caráter coletivista, de mostrar que a força e a resistência feminina, podem dialogar com o trabalho culinário, focando na criação e na valorização dos produtos e receituário locais.
Transformando o que outrora seria considerado uma vergonha em mostrar, em valor positivo da nossa cultura Culinária.

Agroecologia beneficia consumidores, agricultores e meio ambiente, é uma ciência que orienta a adoção de tecnologias e práticas em sistemas de produção, procurando imitar os processos como ocorrem na natureza, evitando romper o equilíbrio ecológico que dá a estabilidade aos ecossistemas naturais.

A Agroecologia está baseada nos seguintes pilares: justiça social, ser economicamente viável e ecologicamente sustentável.
O desenvolvimento sustentável é um guia internacional fundamentado de ações que contribuem para uma produção que não prejudique o meio ambiente e/ou que consiga recuperá-lo de certa forma.

O trabalho das Oficinas Sotoko, parte de uma premissa descolonizadora, por uma educação consciente, sobre nossa cultura alimentar, com foco nas características dos povos originários, produzindo conhecimento, refletindo à história, a partir da utilização das plantas alimentícias, propondo soluções culinárias e novos produtos alimentícios produzidos localmente.

Inclusão Sócio Produtiva e a Economia Solidaria.
A busca de novas alternativas de produção e e consumo sustentáveis, o Projeto Oficina Sotoko, percebendo a forte culinária da Bahia, capacita mulheres na pratica da gastronomia, como ferramenta transformadora.
Economia solidária é um meio alternativo de produção, distribuição e consumo, que valoriza o ser humano e não o capital. Sua base é associativista e cooperativista, voltada para produção, consumo e comércio de bens e serviços de modo autogerido com foco na sustentabilidade.

A visão colonizadora e dominante do sistema econômico capitalista negou e quase destruiu totalmente as outras formas de fazer economia, sobretudo os modos como os povos e as comunidades tradicionais (indígenas, quilombos, camponeses, entre outros) produziam suas condições de vida, satisfaziam suas necessidades e desenvolviam suas habilidades, considerando e valorizando o meio ambiente, suas crenças e o respeito pela vida. 

Por isso, é preciso resgatar e (re)introduzir esses e outros valores na essência da economia. O ponto de partida é reconhecer a existência de limites materiais para o crescimento econômico e a inviabilidade de manter a desigualdade crescente interna aos países, entre beneficiados e marginalizados do progresso e entre as nações. 
🔸Conceito:

Nas Ofinas Sotoko, investigo a relação do corpo, do alimento, na Cultura.
Existe uma relação intima entre o feminino e o alimento na culinária da Bahia, onde um é claramente extensão do outro.
Neste trabalho, busco entender como essas interações se dão no cotidiano, através da intuição, da relação com a terra, das formas de celebração e de ritualização coletivas.
Emprego uma metodologia onde os participantes são convidados à experimentar sensações, conhecimentos, saberes, trocas, a partir de um outro olhar, de outro ponto de vista.
Estimulamos os participantes com uma série de manualidades, onde o oral se impõe, e através da livre associação, vamos atualizando significados, trazendo novos significantes, dialogando de forma interdisciplinar.
Provocamos situações que sucitem contradições, e que questionem a ordem estabelecida do que chamamos gastronomia.
Todo esse processo é transitório, mas transformador, cria um elo de trocas substantivo, para produção de novas formas de pensar o ato de cozinhar, de atuar, de se exercer criativamente, compreendendo ao mesmo tempo seu lugar no processo, despertando à importância do capital cultural, e sentimento de pertença.
Ao final, ritualizamos coletivamente com a comida, traço fundamental, onde reverenciamos à ancestralidade, através da conexão com a terra e a natureza.

Nosso trabalho se baseia em 3 eixos dinâmicos: Ser, Contar e Estar

*Ritualização/Estar

Não há cultura sem processos de ritualizacão, ela é necessária para sacralizar os processos simbólicos.
A cultura é dinâmica, e se reestrutura partindo do fortalecimento individual, e do aprendizado constante, pois naturalmente com o tempo, vamos desconectando das nossas raízes.
Ao ritualizar, temos a oportunidade de atualizar este encontro.

*Narrativa/Contar

Nosso trabalho está focado no processo coletivo de descolonização, tarefa que só é possível, conhecendo a fundo nossa cultura.
As narrativas fazem parte do acervo da cultura popular, que tem a capacidade de difundir conceitos elaborados, através do poder das narrativas individuais e coletivas.
Despertando o imaginário que perdemos, numa sociedade de consumo rápido e descartável.
Historicamente, as narrativas retratavam a grandiosidade ligada aos feitos heroicos de um povo, e seus processos épicos.
Quando um povo perde a capacidade de contar sua história, abre espaço para que outros contem da sua maneira.

Pertencer/Ser 
Empregnado do conhecimento e dos processos históricos, libertos dos estigmas e preconceitos, somos capazes de criar utopias, fazer parte ou pertencer, de forma autonomica.
Conscientes da responsabilidades de ser, partindo de uma ética de respeito à vida.




A oficina Sotoko desenvolve um trabalho a partir da filosofia dos 5 S da Gastronomia Contemporânea:
*Sabor (Cultura Culinária avançada e reconhecida)

*Saúde (Segurança alimentar, Capacitação para o mercado de trabalho)

*Sustentabilidade (Reciclagem, Plantas Alimentícias Ancestrais, Hortas Comunitárias, empreendedorismo)

*Sabedoria(Memória,Afeto e Criatividade),

*Sociabilidade (Cidadania e Educação)

  
Parte de 5 pontos fundamentais de atuação:
-Fomento ao associativismo, empoderamento feminino, e da auto-gestão.

-Da valorização da cultura local como forma de manter a estabilidade na comunidade, usando a ferramenta da gastronomia como inserção social.

-Da criação e desenvolvimento de produtos gastronômicos, com base em insumos locais, gerando renda e trabalho nas comunidades.

-Fomento ao conhecimento do manejo agro-ecológico, a utilização de (Plantas Alimentícias Ancestrais) e Hortas comunitárias.

-Formação de redes de turismo receptivo e de base étnica e comunitária, criando assim diferencias competitivos.

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