SÉRIE PESQUISADRES ORDEP SERRA

Natural de Cahoeira Recôncavo baiano ORDEP Serra é graduado em Letras pela Universidade de Brasília, Mestre em Antropologia Social também pela UNB e Doutor em Antropologia pela Universidade de São Paulo, com Pós-Doutorado em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia. 

Professor Aposentado do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia. Membro da Associação Brasileira de Antropologia, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Membro fundador de Koinonia, Presença Ecumênica e Serviços. Coordenador do Movimento Vozes de Salvador e membro do Fórum "A Cidade Também é Nossa". Produção principal em Antropologia da Religião, Antropologia das Sociedades Clássicas, Teoria Antropológica. 

Tradutor de textos científicos e literários. Escritor premiado em três concursos nacionais de literatura (ficção). Membro da Academia de Letras da Bahia. Agraciado com a Medalha Mário de Andrade pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

"Único orixá presente em todos os rituais do candomblé, Exu comia de tudo e sua fome era incontrolável.

Acabou com todos os animais de sua aldeia, com o inhame, com as frutas, com o vinho. Deixou os homens à mingua, sem ter o que comer.

Diz a lenda, compilada no livro do sociólogo Reginaldo Prandi, "Mitologia dos Orixás" (Cia. das Letras), que depois dessa catástrofe, Exu passou a ser o primeiro santo a receber as oferendas em qualquer culto sagrado -e sempre com fartura.

No candomblé, religião de origem africana que se fixou na Bahia, a comida desempenha um papel simbólico importante.

"Oferendas de comida são uma das formas de comunicação com os orixás"

 Ordep Serra em O mundo das Folhas


Doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) 1993 - 1997 pela Universidade de São Paulo

Título: O Reinado de Édipo

Orientador: Haiganuch Sarian

Bolsista do(a): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, Brasil. Palavras-chave: Édipo; tragédia; Mitologia; HELENISMO; iconografia; Antiguidade. Grande área: Ciências HumanasGrande Área: Ciências Humanas / Área: História / Subárea: Estudos Clássicos. Grande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Letras / Subárea: Literaturas Antigas / Especialidade: Literatura Grega. Setores de atividade: Produtos e Serviços Recreativos, Culturais, Artísticos e Desportivos.


Mestrado em Antropologia 1977 - 1979 pela Universidade de Brasília, UnB

Título: Na Trilha das Crianças: Os Erês num Terreiro Angola,Ano de Obtenção: 1979

Orientador: Roque de Barros Laraia

Bolsista do(a): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, Brasil. Palavras-chave: erê; Candomblé; religião afro-brasileira; transe e possessão; Identidade; etnomedicina. Grande área: Ciências HumanasGrande Área: Ciências Humanas / Área: Antropologia. Grande Área: Ciências Humanas / Área: Antropologia / Subárea: Teoria Antropológica. Setores de atividade: Outros Setores.


Graduação em Curso de Letras 1964 - 1967 pela Universidade de Brasília, UnB

PÓS-DOUTORADO

2012 - 2012

Pós-Doutorado. , Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil. , Grande área: Lingüística, Letras e Artes


"O axé é concebido como uma força genesíaca, que mantém os seres na existência e a revigora, viabilizando as transformações que lhes permitem durar; emana de Deus e está presente na natureza de diversas formas. Pode acumular-se e perder-se. Gasta-se e se recupera. Ganhá-lo implica sempre numa obrigação de o retribuir. 

É “energia”, alimento do ser. Concentra-se em alguns entes de um modo especial, mas obtê-lo nas fontes da natureza exige “preparo” e empenho. 

Sua versatilidade o torna ambíguo. Reconhecer-lhe a concentração nas plantas, em que 

assume diversas formas, e torná-lo operativo (assimilável, transmissível, controlável) é parte essencial da ciência das folhas. 

Mas esse reconhecimento exige um trabalho de 

interpretação: identificar uma planta não é apenas situá-la entre outros vegetais, 

numa classificação simplesmente botânica; é entender o sentido que ela tem, o encanto latente na sua “natureza” (na sua idiossincrasia). Este sentido se esclarece ao discernir a relação da folha com os eternos (fundamentalmente, com os orixás da grande liturgia, mas também, segundo alternativas previstas no sistema, com o domínio dos mortos, ou com o divino transeunte, Exu): assim se reconhece o “lugar” que lhe corresponde na dinâmica do mundo, na ordem do cosmo. Trata-se, enfim, de saber o que a folha significa, e dominar sua “lógica”, o poder que ela tem enquanto signo. 

Muitas vezes fiquei impressionado com o vocabulário afetivo empregado pelos peritos dos terreiros ao falar das plantas. 

Como me disse um velho mestre do candomblé, “cada folha tem sua personalidade, que não se pode contrariar”. 

Segundo ele, “a química j| d| o sinal, aponta a inclinação que ela tem, o temperamento”... 

Porém a revelação mais completa da natureza da planta — como sempre acrescentava este venerável Elemaxó — dá-se no rito: “é no ritual que a folha mostra sua verdadeira força”. 

Outro ogan me afirmou que para trabalhar com as folhas, é preciso conhecer-lhes o “tom”:

Cada folha tem seu tom. Quem sabe lidar com elas, não destoa."

ORDEP Serra


O mundo das folhas

Livro publicado em 2002 pela Universidade Estadual de Feira de Santana, tendo por organizadores Ordep Serra, Eudes Velozo, Fábio Bandeira e Leonardo Pacheco. Contém seis ensaios, além da Introdução assinada pelos organizadores. O estudo intitulado “Um banco de folhas”, escrito por Ordep Serra, Fábio Bandeira e Jussara Dias, traz, além de uma descrição esquemática, a explicação da estrutura do banco de dados sobre a etnobotânica dos candomblés de rito nagô na Bahia que resultou da PESQUISA OSSAIN II, realizada por uma equipe multidisciplinar sob a coordenação de Ordep Serra. Segue-se o estudo de Ordep Serra intitulado “Ossain e seu mundo: a etnofarmacobotânica dos candomblés nagôs da Bahia”. Vem depois o ensaio “A etnofarmacologia dos terreiros nagô-baianos”, de autoria de Eudes Velozo, Maíra M. Barreto, Eleodora Lopes de Jesus e Cinara Vasconcelos da Silva. O ensaio seguinte, um estudo lingüístico intitulado “As folhas e os nomes”, é de autoria de Marina Martinelli. Seguem-se, finalmente, dois estudos de Leonardo Pacheco, intitulados, respectivamente, “Estratégias de obtenção de plantas de uso litúrgico em terreiros de candomblé de Salvador” e “No princípio, o mercado: comércio de plantas para fins medicinais e religiosos na Feira de São Joaquim, Salvador, Bahia”.       


Editora: UEFS/EDUFBA

Autor(es): SERRA, O. J. T. (Org.) ; VELOZO, E. (Org.) ; BANDEIRA, F. (Org.) ; PACHECO, L. (Org.)


237 páginas

1ª edição (2002)

Assunto: Antropologia, Teoria Antropológica, Estudos de Gênero, Antropologia da Religião, Ritos Afro Brasileiros, Candomblé; folhas; etnobotânica; Etnobiologia; etnoecologia; Nagô.


ISBN: 8573950862

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