Gergelim com sabor Sertanejo

Quando falamos em Gergelim, pensamos logo na cultura asiática, mas está oleaginosas está no Brasil desde o século XVI,  quando foi plantado no nordeste brasileiro como "cultura de fundo de pasto" ou em pequenas glebas. 

Seus grãos eram consumidos localmente, com raros excedentes eram disponibilizados para à comercialização.

Quando estivemos em São Gabriel para as filmagens do documentário Comida Aqui é Mato, podemos observar a importância desta cultura para o sertanejo.

Em conversa com Ana Rocha, agricultora local, me informou que este ano muita gente colheu gergelim, e que uma família colheu 480 quilos  (8 sacos de sessenta), muitos plantam as duas espécies o branco e o negro.

Nesta região se prepara um doce feito com rapadura e gergelim negro, de sabor intenso e meio puxa.

Do gergelim branco também se prepara um fubá ou paçoca tipica da região.



Lá no lugar onde eu vivi

Vi o dilema, um problema, uma erosão

O fogo ardendo o chão

A foice cortando a mata.

Não vi mais o veado, lá só vejo o bem-te-vi.

Um pé de Ouricuri, solidário se balança

Umbuzeiro é a herança do sertão de antigamente.

Hoje, todo mundo sente, muitos fingem que não vê 

A falta do zabelê, que por sorte ouvi falar.

O tatu alguém pegou a cutia não tem morada

Tudo é roça ou estrada, por isso que Sol nos queima.

Lembro-me; quando chovia, a orquestra entoava

Tudo cantava, a caatinga estremecia

Água de cacimba, tinha doce e era rasa

Abastecendo nossas casas

Animais; de cede não morria

No lugar onde eu vivia formulei minha cultura

 Só comendo rapadura, gergelim feito fubá

Hoje só tem gambá e calango desnutrido

O papagaio foi vendido e não come mais castanha

Não sei quem com isso ganha

Mas eu sei quem vai pagar.

Quando um dia tua barriga doer sem ter remédio

Vai lembrar-se do marmeleiro

Ou mesmo da quebra-faca, doenças que nos ataca

E o remédio que nos cura.

 O chá do olho da baraúna cura febre em bebê

É difícil descrever a farmácia natural. 

Conheço e é real a umburana contra gripe

Até, Aedes aegypti foge com o seu cheiro.

Diante de tudo isso, não preciso dizer nada

Coloco nas tuas mãos a caatinga, a natureza

A fauna e a flora, e o rio com sua beleza.

Faço aqui o meu apelo, pela vida no Sertão

Diga sim a preservação

Pela vida tenha zelo.


Autor: Rogaciano da Silva Alencar (Santa Cruz-PE)


A produção comercial brasileira de gergelim está concentrada no Estado de São Paulo onde, em 1995, foramproduzidas 13 mil toneladas em aproximadamente 20 mil hectares, o que significa um rendimento médio de 650 kg de grãos/hectare (BAHIA, 2003). 

O gergelim, Sesamum indicum L., é uma cultura cujas evidencias de sua prática datam do início da civilização. Possivelmente, seja originária da Índia e da região em que onde hoje é o Paquistão. Em escavações realizadas em sítios da civilização hindu foi encontrado gergelim em estratos atribuídos a 3050-3500 a.C. As evidências de cultivos desses tempos indicam que a extração do óleo era a principal atividade.

Suas sementes são utilizadas na culinária e nas indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética, dentre outros usos. 

A partir de 1986 o gergelim passou a ser cultivado comercialmente no nordeste do Brasil onde, inicialmente, foram plantados 1.000 ha; em 1988 já eram ali cultivados 7.000 ha. 

No entanto, a falta de financiamento para a cultura e a ausência de estrutura de comercialização fizeram a lavoura retornar aos fundos dos quintais (BAHIA, 2003).

O gergelim é uma planta oleaginosa de ampla adaptabilidade, seu cultivo se estende de 25º S e 25º N, porém pode ser encontrado também até 40º N na China, Rússia e USA a 30º S na Austrália e a 35º S na América do Sul. 

O cultivo desta oleaginosa prospera em regiões de alta temperatura, baixa altitude e iluminação solar abundante.

Em geral, é resistente à seca e apto para o cultivo em zonas áridas e semi-áridas e em épocas de escassa precipitação.

A utilização principal é “in natura”, e compondo os produtos da indústria alimentícia e de panificação. A semente possuí 50-60% de óleo, 20% de proteínas , 18% de carbohidratos, 5% de fibras e cálcio, fósforo, ferro, potássio, sódio, magnésio e enxofre. Após a extração do óleo o farelo ou farinha, possui cerca de 40% de proteínas. 

O óleo tem alta porcentagem de ácido graxo oléico. Portanto, é um alimento rico em proteínas e sais minerais.



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