Produtores apostam no cultivo de especiarias, como a baunilha

Pesquisador Victor Paulo na plantação de cúrcuma; abaixo, a orquídea que produz a baunilha - Divulgação.


É bem possível que você não saiba, mas a região de Rio Preto já foi a maior produtora de urucum do Brasil.

A planta do urucueiro - de onde se extrai o pigmento chamado de bixina, de cor vermelha - nativa da América tropical, é muito usada na culinária brasileira como colorau e também como corante natural de vários alimentos. 

Além do urucum, os produtores da região também estão cultivando outras especiarias como pimenta-da-jamaica, pimenta-do-reino, canela, baunilha e cúrcuma, buscando a diversificação de culturas.

O engenheiro agrônomo e pesquisador em plantas tropicais e especiarias Victor Paulo de Oliveira diz que muitas plantas cultivadas no Brasil são valiosas, já outras especiarias são importadas. "Sempre foram valiosas pela história ou como mercadoria, muito por sabores e aromas que proporcionam aos pratos culinários". Segundo Victor, que pesquisas pesquisas científicas no Instituto Agronômico (IAC), como plantações de pimenta-do-reino, canela, cúrcuma, entre outras, estão distribuídas em várias partes do País e também no estado de São Paulo.

"O produtor rural pode diversificar as plantações, entre as seringueiras, por exemplo, e obter lucratividade com as especiarias. Algumas são nativas, como o urucum, onde a região de Rio Preto já foi a maior produtora brasileira". Ele disse ainda que o Brasil é o maior produtor, com produção de 12 mil toneladas por ano, e também o maior consumidor e exportador de grãos de urucum e corantes.



Em consórcio com outras culturas, Victor acrescenta que o produtor rural não precisa de áreas muito grandes para a produção. Na região, o pesquisador tem orientado os agricultores em plantios de pimenta-da-jamaica, pimenta-do-reino, canela e cúrcuma. "Estamos com campos de observação para o desenvolvimento das culturas na região. A pimenta-da-jamaica, que foi plantada em Onda Verde, expandiu bastante e agora estamos procurando uma indústria para a fabricação do óleo de sua essência", afirma.

Na Fazenda Santa Rosa, em Onda Verde, o produtor rural Marcos Lemos Jacinto de Melo, trocou uma grande plantação de pimenta-do-reino que cultivava há 20 anos, pela pimenta-da-jamaica. Ele acredita que o hectare cultivado com uma especificação maior rentabilidade e se adaptar o melhor ao clima seco da região.

Mais rentável de todas as especiarias, uma baunilha, que é cultivada em plantas trepadeiras de orquídeas, será outro investimento de Marcos. "Como uma orquídea precisa de sombra, estou com algumas mudas plantadas entre as árvores de mogno aqui da propriedade". Entre as plantações da propriedade, Marcos afirmou que a cana-de-açúcar remunera bem, além de a localização muito próxima a usinas favorecer o manejo, "mas as especiarias trazem novas opções e um gosto pessoal por essas plantas".

Plantio Consorciado

A engenheira agrônoma e pesquisadora Maria Vitória Gottardi Costa, da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Rio Preto, faz pesquisa com o plantio da baunilha desde o final do ano de 2019, com o cultivo de 42 mudas de orquídeas. Em dois sistemas diferentes, com as orquídeas cultivadas em consórcio com seringueiras e em outro espaço, com a cobertura de um telado, Maria Vitória distribuiu as plantações na Escola Técnica Padre José Nunes Dias (Etec), de Monte Aprazível.

A região Noroeste, segundo Maria Vitória, tem muitos produtores de seringueiras que podem cultivar a baunilha nas linhas plantadas entre as árvores, uma opção que a pesquisadora acredita ser interessante para as propriedades rurais. "A baunilha é uma das especiarias mais caras do mundo, com a comercialização que pode custar em média entre R $ 30 e R $ 50 cada fava."

Orquídea que produz a baunilha, mais valorizada das especiarias - Divulgação

Instalada em Olímpia há 35 anos, a Baculerê Corantes Naturais tem como principal produto o urucum. Conforme o engenheiro de alimentos e gerente geral, Paulo Sérgio Junqueira Franco, um Baculerê exporta como especiarias para 17 países, além de comercializar os produtos também no Brasil. "A empresa é líder em exportação de urucum, com a produção de 1.500 toneladas por ano."

No início da produção, Paulo conta que processava apenas o urucum, muito utilizado como corante natural para alimentos como manteiga, margarina, doces, embutidos e como condimento. Os proprietários da empresa, segundo o gerente, também eram produtores de urucum, mas atualmente como plantações desta e de outras especiarias são produzidas por agricultores da região de Rio Preto e de outras regiões.

A segunda maior produção é da cúrcuma, corante natural utilizado em confeitos, sobremesas, bebidas e gastronomia.

A Baculerê produz ainda carmim de cochonilha, corante caramelo, páprica e outros corantes naturais.

Fonte: Folha do Norte 


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