Gastronomia Cosmopolita-Taioba-Efó-Judeus Holandeses.


A escritora de alimentos holandêsa, Karin Vaneker, tenta descobrir as origens do Pom, o prato nacional do Suriname. 
Seria crioulo, com base nos hábitos alimentares de africanos escravizados para trabalhar nas plantações de açúcar do Suriname? Ou é judeu, que foi levado para o Suriname por judeus holandeses?

Assim começou a imersão da escritora no mundo das "Areaceas" comestíveis.
As Aroids são uma família de plantas grande e cosmopolita , mais comumente conhecida como a família arum(Taioba), e que incluem algumas das plantas de casa mais familiares . Muitos deles têm raízes ou tubérculos ricos em amido , e embora estes muitas vezes contêm substâncias nocivas, as pessoas aprenderam a processá-los como alimentos contra a fome .
Algumas espécies , no entanto, são amplamente cultivada, o mais conhecido deles é, provavelmente, taro (Inhame) Colocasia esculenta , que teve origem no sudeste da Ásia e se espalhou através do Pacífico e America do Sul.
Você pode utilizar na alimentação tanto folhas quanto raízes e talos. Só não vale comer inhame cru, pois contém muito oxalato de cálcio que pode machucar a boca, como pequenas agulhadas. Basta cozinhar e o efeito desaparece.
Muito usada das casas de candomblé a taioba (folhas) recebe o nome de Ewe Kókò, sendo atribuída ao orixá Odé (principalmente Erinlé, pai de Logun) e também a Iyemonjá.
Na Bahia, se prepara o Efó, com a Taioba (Xanthosoma sagittifolium), refogado com camarão seco e azeite de dende, prato delicioso, que vem deixando de ser vista nas nossa mesas.
O Efó, é tambem citado pelo autor Manuel Querino, no livro arte culinaria na Bahia, preparados tambem com a mostarda, oió ou das folhas dos arbustos conhecidos, nesta capital, por unha de gato, bertalia, bredo de Santo Antônio, capeba, um precioso inventario, de receitas africanas presente em nossa terra.
Estas folhas e raizes fazem parte das tradicionais ervas sagradas, usadas no candomble, e embora a sua raiz seja chamada de inhame também, não se costuma oferecer esse tipo de inhame para orixá, só serve para ebós.
Diversas espécies são conhecidas pelo nome genérico de inhame.
Temos as espécies (Colocasia esculenta, Alocasia sp. e Xanthosoma sagittifolium) – chamadas também de taros, taiobas e mangaritos são da família das Aráceas.

A taioba é muita apreciada na cozinha típica de Minas Gerais. As pesquisas já comprovaram que a folha tem mais vitamina A do que a cenoura, o brócolis ou o espinafre. Por ser rica em vitamina A e amido, é um alimento fundamental para as crianças, idosos, atletas, grávidas e mulheres que amamentam.
Em sua composição, encontramos cálcio, fósforo, ferro, proteínas e uma grande quantidade de vitaminas: vitamina A, vitaminas B1, B2 e C. Tanto o talo quanto as folhas apresentam os mesmos elementos, apenas em proporções diferentes.
Nas folhas, encontramos mais ferro e mais vitamina A.
O valor energético para cada 100g de talo é de 24 calorias, enquanto que, nas folhas, temos 31 calorias para as mesmas 100g.
Os outros inhames pertencem a outra família, das Dioscoreáceas (que agrupa cará-do-ar, cará roxo e o cará).
Nesse grupo podemos distinguir dois grupos. O primeiro formado pela Dioscorea alata e a Dioscorea rotunda, muito parecidas, e que são chamadas de inhame cará ou inhame da costa.
São utilizadas as suas raízes na alimentação, podendo ser consumido cru, embora não tenha um gosto agradável. Seu nome Ioruba é Isu, sendo oferecido cozido ou assado para os orixás Oxalá e Ogun, respectivamente.
Já no segundo grupo temos a Dioscorea bulbifera, chamada de cará moela ou cará do ar, uma vez que nasce em cima de outras plantas (trepadeira).
Seu nome no culto de orixá é Akan (ou Dandan) sendo também oferecido para Oxalá e em ebós específicos para atrair prosperidade.
Agora, o importante é saber que o inhame tem polpa lisinha, cremosa e o cará tem polpa mais granulosa.
Esta raiz (Inhame) tem muitos nomes dependendo da sua origem.
Em alguns países da América do Sul, ele é chamado malanga, no Suriname, ele é a base do principal parato nacinal, da origem Creola, chama-se Pom.
Sem o Pom , não há aniversários ou comemoraçoes. "É um ditado famoso no Suriname. Isso mostra a importância deste prato que 9 em cada 10 Suriname considerar como seu prato favorito .
O Pom – Pomtajer Tritura-se a raiz,do Inhame é então misturada ao frango frito e depois leva-se ao forno.
Serve-se com arroz.
O Suriname foi uma colônia holandesa durante 300 anos, até a sua independência em 1975. 
Ao longo deste período, o país , que é um dos menores países da América do Sul ( menos de 500.000 habitantes ) , tornou-se um caldeirão de etnias e religiões , incluindo populações ameríndias , africanos, asiáticos , europeus , mas também judeus e hindus .
A história dos judeus no país é muito interessante. A grande população de judeus portugueses chegaram, via Holanda e Brasil, em meados do século 17, fugindo da Inquisição em seu país.
O governo holandês deu-lhes uma região não muito longe da capital, Paramaribo, onde viveu até o final do século 19, quando eles migraram para a capital depois de muitas revoltas de escravos.

Fonte: Jonatas Gunfaremim
Mike Benayoun

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