TAPUY-BEBIDA TRADICIONAL FILIPINA RICO EM ANTIOXIDANTES

A origem do Tapuy está profundamente ligada às práticas culturais e espirituais dos povos indígenas das Cordilheiras do Norte das Filipinas, como os Ifugao, Kalinga, Bontoc, Apayao e Kankanaey. É uma bebida ancestral que transcende o simples ato de beber: está enraizada em ritos agrícolas, cerimônias espirituais e celebrações comunitárias.

OURO EM RESÍDUOS 

Pesquisadores descobriram que um material descartado na fermentação do tapuy — um vinho de arroz tradicional das Filipinas — é rico em antioxidantes.

Os compostos encontrados no lees, nome dado a esse resíduo, foram analisados em laboratório e mostraram efeitos de rejuvenescimento nos modelos animais utilizados no estudo.

Veja estudo aqui

O resíduo sólido produzido pelo tapuy é rico em antioxidantes Estudar esses resíduos também nos ajuda a encontrar a fórmula ideal para aproveitá-los ainda mais

O resíduo gerado, o lees, foi o foco da pesquisa. Ele é composto principalmente por restos do arroz fermentado, leveduras e outros microrganismos. O time de cientistas analisou como diferentes tipos de cultivo resultavam em diferentes composições desse subproduto.

Otimizando nutrientes

A equipe encontrou uma forma de otimizar o processo de fermentação: um cultivo específico resultou em lees ricos em compostos nutritivos.

Origens e História do Tapuy:

Tradição ancestral indígena

O Tapuy é considerado sagrado por muitos grupos indígenas. Ele é usado para honrar os ancestrais e os espíritos da terra, especialmente durante rituais de colheita, nascimento, casamento e morte.

Os rituais chamavam-se, por exemplo, "cañao" (cerimônia comunitária), onde o tapuy é compartilhado como oferenda e símbolo de unidade.

Práticas agrícolas e ciclo do arroz

O tapuy surge diretamente do cultivo do arroz em terraços, prática milenar dos Ifugao. Após a colheita, parte do arroz glutinoso era reservado para fazer o fermentado, considerado mais valioso do que o arroz comum.

A produção de tapuy era (e ainda é) vista como uma forma de preservar a fartura e agradecer aos deuses pela colheita.

Fermentação tradicional

O uso do bubod (fermento indígena feito de arroz moído inoculado com fungos naturais) é uma técnica que possivelmente surgiu de observações empíricas da fermentação espontânea, transmitida de geração em geração.

Há registros de práticas semelhantes em outros povos austronésios, sugerindo que o tapuy pode ter raízes em práticas fermentativas que viajaram com migrações do Sudeste Asiático e Oceania.

Colonialismo e resistência

Durante o período colonial espanhol e norte-americano, o consumo de bebidas indígenas como o tapuy foi marginalizado, mas persistiu como uma forma de resistência cultural.

Em tempos modernos, ele foi redescoberto por movimentos de valorização da cultura indígena filipina e da culinária patrimonial, sendo hoje produzido tanto artesanalmente quanto em versões comerciais padronizadas.

Tapuy como símbolo cultural:

É um símbolo da relação entre terra, alimento e espiritualidade.

Está sendo redescoberto por chefs e estudiosos que investigam os fermentados do Sudeste Asiático como formas de soberania alimentar, memória e identidade.

Características do Tapuy:

Ingrediente principal: arroz glutinoso branco ou vermelho (também chamado de sticky rice ou malagkit).

Fermentação: usa-se um fermento tradicional chamado bubod, feito com arroz moído e ervas ou fungos naturais, semelhante ao koji japonês ou nuruk coreano.

Teor alcoólico: geralmente entre 14% e 18%.

Sabor: levemente adocicado, encorpado, com notas florais e uma acidez suave.

Uso cultural: tradicionalmente usado em casamentos, colheitas, rituais e celebrações comunitárias.

Processo básico de produção:

O arroz é cozido e deixado esfriar.

Mistura-se o bubod ao arroz.

A mistura é deixada fermentar por dias ou semanas em jarros de cerâmica ou outros recipientes, coberta com folhas ou tampas.

Após a fermentação, pode ser coado e engarrafado.

Esse fermentado é primo de outras bebidas asiáticas feitas com arroz, como o sake (Japão), o makgeolli (Coreia) e o brem (Indonésia/Bali).


@elcocineroloko

📣 Conheça nossas páginas:

Facebook: @elcocineroloko

Instagram: @charoth10




Comentários

Postagens mais visitadas