As representações sobre a biodiversidade de Mata Atlântica nos relatos de viajantes e estudiosos do século XIX



[...A viagem pelo rio é ato interessante. Pela primeira vez, os passageiros puderam apreciar, de parte, a imponência de uma mata virgem brasileira. Só se pode afirmar, ser um espetáculo deslumbrante, no qual a palmácea coqueiro sobressai do conjunto, com sua coroa ao topo. Mostra-se o verde em todas as tonalidades, desde o bem escuro até o suave verde desmaiado, com as árvores imponentes a exibirem tudo aquilo e nos quais se enrolavam as mais variadas espécies de trepadeiras com suas flores, convidando a tomarem seus lugares mais coloridos e belos pássaros que se possa imaginar, ao lado das mais lindas orquídeas, helicônias misturadas com verde amarelado das bananas e das folhagens largas e coloridas. 

O emaranhado dos juncos e taquaras, como se fecham este santuário virgem com uma parte impenetrável (…)

Quando se observa a infinidade de vegetações que, há milênios, vem crescendo e florescendo nestas terras, onde o homem somente consegue penetrar com uma espada na mão, onde uma planta disputa lugar com a outra, não se poderá duvidar de sua fertilidade”. Todavia, onde fontes de conhecimento se contradiziam e cada autor se considerava uma autoridade no assunto, o problema consistia em “obter informações seguras” junto aos imigrantes que andavam na região “às apalpadelas” e “no escuro.

Apreciando a maravilha dos diversos grupos de árvores, chega-se a conclusão de que nenhum jardineiro seria capaz de sorti-las melhor, e sem querer o espectador sente seus pensamentos elevarem-se ao Criador desta majestosa beleza!…]

A Mata Atlântica impressionou os viajantes pela diversidade de ecossistemas e pela maior riqueza de plantas e de animais, se comparada aos ecossistemas de onde viriam os estrangeiros ao Brasil no século XIX.


•Relato de Rodowicz-Oswiecimsk, militar, engenheiro, geógrafo e escritor prussiano, fixou-se em Joinville logo em setembro de 1851, diante da diversidade Colossal da Mata Atlântica, ele também descreveu a chegada dos imigrantes e o que eles avistaram.

Em seu discursos atribue valores estéticos, isto é, a natureza e todos os seres vivos percebidos como uma fonte essencial de beleza e de atração física. O colorido das flores observadas na região pela primeira vez os fascinaram, assim como a exuberância da floresta e de suas espécies.

Rodowicz-Oswiecimsky esclarece já no início de seu relato os motivos e os compromissos que assumiu ao escrever. Queria ele trazer aos seus leitores informações sobre a questão que considerava como uma “doença contagiosa”, “um micróbio” que tomava conta de seus conterrâneos: a emigração. 

Ao sentir-se capacitado, quer por sua formação quer por sua experiência nas terras de D. Francisca, explicitava no Prefácio com letras garrafais que pretendia relatar a “VERDADE” das condições apresentadas àqueles dispostos a se tornarem um “COLONO” (Prefácio, p.1) no Brasil e em Joinville, principalmente para combater ilusões alimentadas por propagandas enganosas que circulavam na Europa. Em doze capítulos descreve com riqueza de detalhes as condições ambientais da região, atribuindo valores à biodiversidade e, ao mesmo tempo, tecendo críticas à política emigratória e à administração local.

Rodowicz-Oswiecimsky (1853, 1992) integrou também à fauna os indígenas que “costumavam sondar de cima de árvores” o território. 

Diz ele: “às vezes veem-se famílias inteiras e, às vezes, grupos tribais que se postam à frente das casas e ali ficam, enquanto existir alguma comida” Rodowicz, advertia que alguns “se consegue aliciá-los, mobilizando-os para o trabalho”. Porém, resistir a sua presença, além de inútil, seria perigoso.


As representações sobre a biodiversidade de Mata Atlântica nos relatos de viajantes e estudiosos do século XIX

A devastação vem de longe!

Dia da Mata Atlântica, nada a comemorar.


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