O nosso doce de cada dia


 Tradição começou com colonizador português que, junto com mudas de cana-de-
Geleias da Alfazema: mamão,maracujá,tangerina e laranja.
açúcar, também trouxe o hábito
Os doces e geléias de frutas estão presentes em todos os estados e fazem parte do dia-a-dia dos brasileiros. 
A tradição nasceu com o colonizador português que, junto com as primeiras mudas de cana-de-açúcar, também trouxe o hábito de comer doce. 
Nas cozinhas das casas grandes das fazendas produtoras de açúcar, as senhoras iam ensinando as escravas a misturar corretamente os ingredientes. Com a fartura do açúcar e a variedade de frutas existentes, as culturas foram se misturando e novos doces foram surgindo dos tachos. 
A estrutura culinária foi mantida, mas os ingredientes, trocados, pois as frutas existentes em Portugal eram substituídas pelas disponíveis na colônia. 
João Luís Almeida Machado, professor de História de Gastronomia, do Serviço Nacional do Comércio (Senac) de São Paulo, e mestre em Educação, Arte e História da Cultura, relata que com o crescimento da comercialização do açúcar no mercado interno, incrementado com a chegada de Dom João VI ao Brasil, as receitas portuguesas foram se espalhando por toda a colônia e passando a fazer parte do cardápio alimentar. 
“Os doces integraram-se de tal forma à cultura brasileira que passaram a representar nossos mais íntimos sentimentos em relação aos amores de nossas vidas, carinhosamente chamados por alcunhas como ‘doce de coco’, ‘manjar’, ‘docinho’ ou a referências como ‘ela é um doce de pessoa’”, pontua. 


Já na Idade Média as confeitarias já vendiam as geleias em compota, só que dessa vez usavam várias frutas além do marmelo. A receita era bem simples como a de hoje: a fruta era fervida com açúcar ou mel e colocada em potes. No século 16, Nostradamus (um médico alquimista e astrólogo) lançou um livro todo dedicado à geleias, pois acreditava no poder medicinal das frutas, assim como os árabes. Com o avanço dos anos, a técnica continua a mesma, ou seja, a fervura de frutas com açúcar ou outros ingredientes equivalentes. 
Então, que tal presentear quem você gosta com cestas que tenham geleia ou garantir o doce para um café da manhã a dois?
Nos livros de história da gastronomia brasileira não há registro exato do período em que essas compotas deixaram de ser feitas unicamente para o consumo das famílias dos senhores de engenho e passaram a ser comercializadas, mas as primeiras iniciativas remontam à época do Império. “Nas principais cidades brasileiras, como Rio de Janeiro ou Salvador, negras escravas podiam ser vistas vendendo doces e bolos tradicionais, feitos com frutas típicas ou bem adaptadas ao nosso país, como a goiaba ou a banana”, estima João Luís Almeida. Hoje, doces e geléias feitos com frutos típicos de cada região são encontrados tanto nas grandes capitais quanto nos pequenos municípios. 
Porém, como na época do Império, muitas variedades sequer são conhecidas nacionalmente. Por outro lado, a diversidade das frutas existentes com propriedades adequadas para o processamento desses produtos demonstra que este é um mercado que tem potencial para crescer.

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