PESQUISAS APONTAM À ANTIGUIDADE DAS PIMENTAS
Cientistas acreditavam anteriormente que as pimentas evoluíram na América do Sul há no máximo 15 milhões de anos, mas a nova pesquisa empurra essa data para pelo menos 50 milhões de anos atrás — e sugere que as pimentas estavam de fato presentes na América do Norte naquela época.
O certo é que este fruto se espalhou pelo planeta e como tudo que era original do Novo Continente, começou sendo exportada para a Europa durante as Grandes Navegações.
O primeiro europeu a conhecê-las foi Cristóvão Colombo, em 1453.
Achando que estava na Índia, o navegador procurava pelas “pimentas-pretas” – que hoje chamamos de pimenta-do-reino, especiaria que era muito apreciada no Velho Continente na época – mas acabou encontrando as nossas vermelhinhas americanas.
Botânicos e paleontólogos, liderados por pesquisadores da Universidade do Colorado em Boulder, identificaram uma pimenta fóssil que pode reescrever a geografia e a linha do tempo evolutiva da família das plantas de tomate.
Rocío Deanna, pesquisadora de pós-doutorado em ecologia e biologia evolutiva, e Abel Campos, aluno de graduação com dupla especialização em biologia evolutiva e biologia molecular, celular e do desenvolvimento, não planejavam reescrever a história quando se encontraram uma tarde no Museu de História Natural da CU Boulder em 2021. No entanto, entre um grupo de espécimes em suas coleções reunidos na Formação Green River — tesouro geológico no noroeste do Colorado e sudoeste do Wyoming — Deanna identificou uma característica solanácea específica embutida em um fóssil: pequenos espinhos na ponta de um caule frutífero.
"No começo, pensei 'De jeito nenhum!
Isso não pode ser verdade'", disse Rocío Deanna, autora principal do estudo. "Mas era tão característico da pimenta."
Depois de descobrirem dois desses fósseis nas coleções da CU Boulder, Deanna e Campos, um coautor do estudo, encontraram mais um da tribo da pimenta em coleções no Denver Museum of Nature and Science. Todos os três fósseis são da Green River Formation no Colorado: os espécimes da CU do Condado de Garfield e o fóssil DMNS do Condado de Rio Blanco.
Esses fósseis de pimenta da época geológica do Eoceno (34 a 56 milhões de anos atrás) correspondem à linha do tempo de outro fóssil de beladona encontrado na Formação Esmeraldas, na Colômbia, revelando que a família já estava distribuída por todas as Américas há cerca de 50 milhões de anos.
"A família é muito mais velha do que pensávamos", disse Deanna, também professora da Universidade Nacional de Córdoba.
Uma história de fóssil de fruta
A família das solanáceas compreende 3.000 espécies e quase 100 gêneros diferentes, incluindo pimentas. A antiga pimenta era tecnicamente uma fruta -- e uma baga, ainda por cima. Embora tomates e pimentões sejam comumente associados a vegetais, eles têm sementes no interior, o que os categoriza oficialmente como frutas.
Os pesquisadores não podem ter certeza do formato ou cor exatos da pimenta, mas ela provavelmente era menor em comparação às pimentas modernas. E, como suas parentes, ela poderia ter sido bem picante, de acordo com Deanna.
Deanna e Campos identificaram o fóssil pelo formato único dos dentes do cálice: espinhos na ponta do caule frutífero que seguram a pimenta, como aqueles que seguram uma pedra preciosa em um anel.
"O mundo tem talvez 300.000 espécies de plantas. As únicas plantas com esse tipo de cálice são esse grupo de 80 ou 90 espécies", disse Stacey Smith, autora sênior do artigo e professora associada de biologia evolutiva na CU Boulder.
SCIENCEDAILY
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