EMPODERANDO COMUNIDADES: O MODELO DE CIDADES SEM FOME

O projeto trabalha para transformar terrenos baldios em hortas e emprega pessoas para trabalhar nessas hortas, gerando uma fonte de renda e uma fonte consistente de alimentos saudáveis.

Hans Dieter Temp, fundador da Cities without Hunger Brazil, iniciou o projeto para lidar com a fome generalizada que ele viu em São Paulo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 27,6% dos domicílios brasileiros (21,6 milhões) passaram por insegurança alimentar em 2023. “Temos muitas pessoas de classe média e ricas aqui, mas, ao mesmo tempo, no mesmo espaço, temos muita pobreza”, disse Hans Christian Temp, filho de Hans Dieter Temp e gerente de relações com investidores e distribuição da Cities without Hunger Brazil, ao Food Tank. “Há uma enorme desigualdade no mesmo espaço.”

Quando Dieter Temp começou o projeto, sua primeira tarefa foi encontrar espaços para usar nos jardins. “Nós nos concentramos em pelo menos 8.000 metros quadrados”,  Christian Temp conta ao Food Tank. “Fazemos essas grandes fazendas urbanas, usamos mão de obra local e começamos a fornecer alimentos baratos para as comunidades locais.”

Christian Temp explica que, depois de cerca de um ano, os jardins geralmente estão bem estabelecidos o suficiente para sustentar todas as pessoas que trabalham lá. Cada jardim emprega cerca de 30 a 40 pessoas e, além de uma renda estável, elas recebem benefícios por meio da organização.

“Isso cria a oportunidade de ter melhor moradia, melhor acesso à alimentação, talvez educação para seus filhos... direitos que todos precisam ter”, disse Christian Temp ao Food Tank.

Eles agora têm 33 fazendas urbanas com mais de 500 pessoas trabalhando em diferentes locais. Além disso, eles ajudaram a iniciar e administrar 65 hortas escolares, produzindo mais de 80 toneladas de alimentos por ano e atendendo mais de 60 alunos diariamente. Christian Temp diz que eles se tornaram um dos principais produtores de alimentos dentro da cidade de São Paulo.

O projeto de hortas escolares é outra iniciativa do Cidades sem Fome Brasil. O projeto transforma terrenos não utilizados na propriedade da escola em jardins, transformando terrenos baldios em centros de educação sobre sistemas alimentares. Os alunos aprendem a cultivar e colher alimentos, entendendo todas as etapas necessárias para produzir alimentos e se familiarizando com diversos vegetais. “As crianças adoram plantar e colher”, Christian Temp conta ao Food Tank. “É sempre um evento.”

O projeto também ajuda a garantir que todos os alunos tenham acesso a pelo menos uma refeição nutritiva por dia. “A maioria das crianças nesses bairros pobres, a refeição escolar é a única refeição garantida que a maioria delas tem naquele dia”, Christian Temp conta ao Food Tank. “Precisamos tornar essa refeição o mais nutritiva possível.” A equipe do Cities without Hunger Brazil trabalha com professores e chefs, garantindo que eles entendam como usar as hortas como espaços educacionais e utilizar os produtos para fazer refeições saudáveis.

Uma das prioridades atuais do Cidades sem Fome Brasil inclui a contratação de uma equipe local e representativa. Christian Temp disse ao Food Tank que eles querem “contratar pessoas das comunidades locais para trabalhar na administração da fundação… porque não é para nós, é para a comunidade deles.”

A visão é “expandir esse modelo não só para o Brasil, mas para outros países”, Christian Temp conta ao Food Tank. “Temos as informações; temos as habilidades técnicas em Cidades sem Fome para conseguir resolver esse problema em qualquer lugar do mundo. Precisamos apenas do apoio, e as pessoas terão a boa vontade para fazê-lo.”

Food Tank

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