Cambuci-cambu-chi: pote, vaso d'água.

O nome deste fruto de origem indígena e deve-se ao seu formato, semelhante à potes de cerâmica que recebiam o mesmo nome.
Quando pesquisamos sobre a palavra “Cambuci”, muitas coisas diferentes aparecem associadas a esse nome, desde o município no estado do Rio de Janeiro, o distrito de São Paulo e até cachaça. Mas o que tudo isso tem em comum?
Cambuci, que tem o nome científico Campomanesia phaea, é uma fruta nativa da Mata Atlântica. Na época colonial, a fruta era encontrada em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Por isso, a fruta acabou emprestando a sua alcunha para nomear cidade e distrito.
Além disso, devido ao seu perfume intenso, adocicado, mas com sabor cítrico, a fruta é utilizada para vários fins alimentícios, entre eles o de curtir destilados.
De acordo com a International Union for Conservation of Nature (IUCN), hoje o Cambuci se encontra em estado de vulnerabilidade de existência. O principal motivo é a forma como o bioma Mata Atlântica foi explorado, restando poucas áreas conservadas.
A Reserva Sesc Bertioga conserva essa árvore frutífera em sua área. Com aproximadamente 60 hectares (equivalente a 60 campos de futebol), a reserva possui várias espécies que necessitam de proteção. Atualmente a Reserva Sesc Bertioga está em processo de reconhecimento como Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN. Mas desde já, a área é cuidada como um patrimônio ambiental.
O cambuci ou cambucizeiro é uma árvore frutífera nativa da Mata Atlântica, infelizmente chegou a estar em perigo de extinção, por ser fortemente explorada, por ter uma madeira de excelente qualidade na fabricação de ferramentas e utensílios básicos, e ao desmatamento em consequência ao crescimento urbano da própria cidade, porém com a descoberta do seu potencial econômico já não corre mais esse risco. Antigamente abundante na cidade de São Paulo, deu nome a um de seus bairros tradicionais.
O cambucizeiro é uma árvore originária do Brasil, Mata Atlântica, na vertente da serra do mar que da para o Planalto na cidade de São Paulo e do próprio planalto. Desde o tempo colonial, o fruto é usado como aromatizante para cachaça, apesar de ser muito rico do ponto de vista nutricional e gastronômico. A população das cidades da Serra Mar que viram diminuir os estoques da fruta e seus usos, passou a dar valor às árvores que tinham nos quintais quando outros talentos culinários da fruta foram descobertos. Cada árvore produz cerca de 300 quilos de frutas por ano e isto representa um incremento na renda dos moradores na época de safra. Como o consumo da fruta in natura é limitado pela agressividade da alta acidez e como as qualidades de sabor e aroma não se perdem com o processamento, logo se descobriu no cambuci um produto com talento ser congelado e transformado em iguarias. E tanto a polpa batida quanto a fruta congelada inteira podem, na entressafra, ser usadas para a produção de bebidas e vários tipos de pratos doces e salgados, que aos poucos vêm sendo descobertos e catalogados nos concursos de culinária que acontecem durante os festivais. A Vila de Paranapiacaba, em Santo André, foi pioneira em dar destaque à fruta na época de safra, criando um festival exclusivo em 2004, que inclui concurso culinário com
participação dos moradores, cozinheiros amadores e chefes de cozinha. Dois anos depois, nascia o festival em Rio Grande da Serra, que atrai milhares de visitantes à cidade. E modelo fez tanto sucesso que a iniciativa foi copiada por várias cidades que hoje compõem a Rota Gastronômica do Cambuci, formada pela Vila de Paranapiacaba, em Santo André, Rio Grande da Serra, Paraibuna, Natividade da Serra, Salesópolis, Biritiba-Mirim, e Caraguatatuba.
Durante muito tempo a fruta teve seu uso restrito à infusão nas cachaças. Mas, atentos às inúmeras possibilidades culinárias da fruta, reveladas nestes concursos que acontecem nos festivais, pequenos produtores de fundo de quintal, em Rio Grande da Serra, criaram em 2006 a Cooper Cambucy da Serra,
que hoje conta com 24 cooperados. Cada um deles possui de 2 a 10 pés de cambuci no próprio quintal. E ainda compram, a preços justos, de moradores que queiram vender sua pequena produção. A cooperativa faz também um trabalho junto à CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), para a produção de novas mudas, doadas aos participantes dos festivais ou vendidas aos interessados ao longo do ano em sua sede ou em feiras. Basicamente extrativista no passado, hoje a produção de cambuci provém também de pequenos pomares domésticos, incentivados pela Cooperativa.
Para garantir a qualidade organoléptica dos produtos, um dos trabalhos da cooperativa é o treinamento dos cooperados e pequenos produtores em relação à forma adequada de colher o fruto que, por não mudar de cor com o amadurecimento, muitas vezes era colhido ainda imaturo. Como não é um fruto que amadurece depois da colheita, quando colhido antes do tempo mantém o sabor excessivamente tânico e ácido, característica que o desvaloriza e desestimula o consumo. Os frutos estão no melhor estágio de maturação quando caem espontaneamente da árvore. Porém, neste ponto, costumam estar muito macios e podem se danificar com a queda. Por isto os produtores são treinados a preparar uma cama de capim para acolher os frutos que caem durante a safra.

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