Pequeno Dicionario da Cozinha Baiana.

Verbete A-Arroz de Crioula 
Licuri,ouricuri,nicuri dicuri, adicuri, ouricuri, licuri, alicuri, aricuí, aricuri, butiá, butiazeiro, coco-cabeçudo, coqueiro-cabeçudo, iricuri, licurizeiro, nicuri, uricuri, urucuriiba,nicuri-de-caboclo e urucuri… 



























O licuri é uma planta nativa do Nordeste brasileiro, que se adapta muito bem ao clima seco e semi-árido, como o sertão baiano. 
Podemos conferir no trabalho do antropólogo e folclorista Câmara Cascudo, que o arroz feito a partir do Leite do Licuri, compunham uma das iguarias da Semana Santa na Bahia. Confira: Ritos da comensalidade festiva na Bahia da Nilce de Oliveira Adriana Souza Casqueiro 

Da árvore aproveita-se de tudo. 
Do fruto, a amêndoa as, figura com um grande trunfo da cozinha. 
A casca, a palha, a raiz e o tronco são usados para fazer arte. Da caatinga baiana, o licuri quebra barreiras, entra definitivamente para a cozinha e conquista chefes brasil a fora. Para muitas famílias do sertão baiano. 
O licuri, também chamado de ouro do sertão, é uma grande fonte de renda para famílias mais carentes do município em especial a família do campo. 
Segundo NOBLICK (1991), a Bahia possui 63 palmeiras nativas distribuídas da seguinte forma: 56 espécies, seis híbridos naturais e uma variedade, pertencentes a 15 gêneros.


A DIMENSÃO DO SER 
Eu sou eu, licuri é coco. 
Não, coco é coco e licuri é licuri. 
Não ponha coco no licuri nem licuri no coco. 
Ambos sabem de si como o cipoal sabe das ramas, das sinuosidades dos tecidos sobre as folhas, o caule e o tronco do arvoredo. 
Tem em comum o rumo ao sol e o quedarem - se definitivamente a sós. 
Não ponha coco no licuri nem licuri no coco. 
Sob o mesmo solo, a mesma água e mesmo vento, felicitam e padecem, cada um, em si mesmo. 
Tudo é pleno e caótico solitariamente!
Gicélio de Castro Dourado 20 de Dezembro de 2016 






A amêndoa do licuri é retirada de um pequeno coco, com textura naturalmente crocante e sabor intenso (de coco, com um toque acentuado de castanha).
Seu coco é colhido na árvore, mas a castanha pode ser catada no pasto: o gado come a polpa e expele o caroço. 
A noz é protegida pela casca.
Com sabor e textura marcantes, a amêndoa do licuri é rica em óleo e minerais, pode ser consumida verde ou madura. 
É simplesmente um coquinho, incrível, do sertão do Brasil. Nativo da região semiárida do país é uma das principais palmeiras, que são encontradas em Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais. 

O Licuri é da família das palmáceas, e a sua arvore, o Licuzeiro, pode chegar até 12 metros de altura, com grandes folhas, bem semelhantes as do coqueiro. 
Nos grandes cachos que nascem na palmeira, nascem vários coquinhos, que são colhidos assim que maduros. 
No interior do coquinho, existe uma amêndoa, e envolta do fruto, fica a sua polpa. Por vez, milhares de coquinhos podem ser colhidos, pois são oito cachos que cada arvore possui. 
O Licuzeiro é bastante resistente, e resiste bem às secas. 
Não existe plantio, a reprodução pode acontecer quando um coquinho cai no chão, e assim a possibilidade de nascer outra palmeira. 
Essa palmeira é uma preciosidade brasileira, e por isso toda preservação possível é sempre importante 
Sem duvidas o mais interessante do Licuzeiro é o fato de tudo dele ser aproveitado, gerando várias receitas. 
Suas qualidades nutricionais são tão boas quanto à do açaí, e por isso tem papel importante na saúde. Rica em cálcio, magnésio, cobre e zinco. 
A sua amêndoa segue pelo mesmo caminho, e é rica em nutrientes e minerais. Seus frutos são comestíveis e pode se fazer sorvetes, licores, compotas, conservas e etc., e das sementes se extrai um óleo vegetal. 
A sua palha é aproveitada no artesanato, sustentando muitas famílias. A amêndoa possui uma marcante curiosidade, que quando processada adquire cor branca. 
O Licuri é um ingrediente 100% brasileiro, que vai ganhando muito espaço na gastronomia, aparecendo cada vez mais nos restaurantes que trabalham com a gastronomia brasileira. 


O Licuzeiro sustenta muitas famílias no nordeste, e seus frutos servem de alimento para a arara azul. 
Mais um motivo para o Licuri receber a valorização devida. 
Para de renda de muitas comunidades quilombolas e ribeirinhas, o licuri, tem em si a marca da sustentabilidade, pois do sua palmeira tudo se aproveita. 
A palha de sua palmeira é a parte usada para a fabricação dos seguintes artefatos: abano, bolsa, cesta, chapéu, corda, esteira, peneira, tapete e vassoura. 
A diversidade de artefatos e o uso corrente de alguns deles, como vassoura, levam a folha a constituir a segunda parte mais utilizada. 
Das citações de uso artesanal, algumas correspondem a produtos que não são mais utilizados pela população devido à introdução de material industrializado similar, como chapéus e cestas, sendo de uso ainda corrente na comunidade as vassouras preparadas com as folhas secas do licuri.
As folhas são utilizadas na fabricação artesanal de sacolas, chapéus, vassouras, espanadores, entre outros. 
A amêndoa produz um óleo utilizado na culinária, similar ao óleo de coco, sendo também considerado o melhor óleo do país para a fabricação de sabão. 
A amêndoa é também utilizada na fabricação de doces, como a cocada, de licores e do leite de licuri, especialidade da cozinha baiana. 
Os resíduos da extração do óleo da amêndoa são empregados na alimentação animal. 
As vassouras de ouricuri não passam por nenhum processo de tingimento, e as mulheres usam dois tipos de palhas, que consistem na palha grossa, “conhecida como palha preta, e a palha branca, que é misturada com a palha grossa e serve para dar o acabamento final à vassoura”.

Na gastronomia 
Como acontece em outras comunidades brasileiras que utilizam são extraídos óleo e “leite do coco” dos frutos do ouricuri, empregados no preparo de bebidas, como a embuzada (bebida preparada com o “leite do coco” e os frutos do umbuzeiro, Spondias tuberosa Arr.-Câm.) e comidas como cocada e outros doces. 
O óleo e o “leite do coco” são utilizados como tempero, com mais freqüência na época da semana santa, principalmente no preparo de pratos feitos com peixes. 
Desde a primeira metade do século passado Bondar (1938) chamava a atenção para a diversidade de produtos obtidos da amêndoa do licuri, consumida in natura e também utilizada para fabricação de cocadas, licores, sendo o “leite do coco” muito utilizado na culinária baiana e o óleo usado em culinária pela população do semi-árido nordestino. 
Costa Neto (2004) menciona que a lagarta-do ouricuri (Pachymerus nucleorum, Bruchidae) desenvolve-se no interior dos frutos já caídos e na Bahia é comida crua, junto com a “carne” do coco ou frita em seu próprio óleo, acompanhada de farinha de mandioca.

http://revistas.unisinos.br/index.php/ciencias_sociais/article/viewFile/csu.2014.50.3.10/4478 

No semi-árido baiano é impossível não reconhecer de longe a palmeira do licuri (Syagrus coronata) com o cacho carregado de frutos verdes. 
De porte imponente, são conhecidas como as palmeiras solitárias da caatinga (ecossistema característico de toda a região nordeste, do norte de Minas Gerais até o sul de Pernambuco, atravessando os estados da Bahia, Sergipe e Alagoas). 
O licuri faz parte da dieta quotidiana local há muito tempo como já registrado no Tratado Descritivo do Brasil publicado em 1587 pelo pesquisador português Gabriel Soares de Sousa. No fim da década de 1930, o agrônomo russo Gregor Bondar fez um amplo estudo sobre suas propriedades. 
De acordo com Djane Santiago, na década de 1940, cerca de 50% do território baiano era ocupado por palmeiras de licuri. “O óleo de licuri já foi muito exportado e gerou divisas para o estado” Vale a pena aqui ressaltar que uma das futuras políticas para o desenvolvimento da cultura da piaçava é a busca de outras utilidades também para o seu fruto; o endocarpo, por exemplo, poderá ser muito utilizado como carvão vegetal e melhor aproveitado para artesanato; do mesocarpo pode-se aproveitar melhor o “satim” para a preparação de mingau para as crianças; o fruto apresenta atualmente uma demanda na comercialização de mudas, para estender os plantios principalmente em áreas degradadas.

Como informações adicionais sobre o uso dos frutos, principalmente do seu endocarpo ósseo, podemos citar os registro de que, em 1759, exatamente 39.956 cocos da piaçaveira foram embarcados no porto de Salvador (CALDAS, 1951) e, em 1850, WETHEWRELL (s.d.) relatou que imensas quantidades de coco desta espécie também foram exportadas pelo mesmo porto. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, o porto de Caravelas, situado no extremo sul do Estado da Bahia, exportou muitas toneladas de coquinhos de Attalea compta (uma das espécies de palmeiras mais próximas da Attalea funifera) para a Marinha Nacional em substituição ao carvão mineral. 
Os cocos de Attalea compta são muitos semelhantes em forma, peso e tamanho aos cocos de piaçaveira (BONDAR, 1941a). 
Nos séculos XVIII e XIX, desenvolvia-se um próspero comércio em relação aos frutos de piaçava para a Europa, onde eram conhecidos como “coquilla-nuts”; já seguiam polidos e envernizados e eram usados como adereço e para a fabricação de cabos de guarda-chuva (HOOKER, 1849). Logo a partir do século XX, uma importante indústria se desenvolveu entre os índios da tripo Tupinambá; eles moldavam rosários, tendo como matéria-prima o endocarpo, que mais tarde eram vendidos em Salvador e tinham sempre boa aceitação (SPIX; MARTIUS, 1928) 


















Arroz com leite de licuri 


Arroz de Crioula

Para 1 kg de arroz branco, meio litro de licuri Para fazer o leite de licuri 
Deixe o licuri de molho na água doce aproximadamente umas 3 horas, escorra e vá batendo no liquidificador com mais ou menos meio litro de água, passe na peneira e coe. 
Coloque o arroz branco para cozinhar, quando estiver cozido, acrescente o leite e vá mexendo aos poucos por uns 3 minutos.

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