Semana Santa na Bahia Festa gastronômica para agradar a boca e deliciar os olhos e os sentidos.

Em muitos países a Páscoa é um momento de reflexão e jejum, onde os cristão celebram a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, ritual praticado desde o século IV. 


























A gastronomia da Semana Santa em Salvador, continua predominantemente constituída de comida de dendê, definida com uma típica mesa baiana nos oficios da Pascoa.

Uma característica bem definida na ocasião, são os traços africanos inseridos a nossa cultura, verdadeiras resinificação do imaginário Judaico-Cristão, onde a representação da morte e do sofrimento do Cristo, e a possibilidade do fim, dão lugar a uma celebração de alegria e esperança, sem remordimentos, um verdadeiro convite a participação e à experimentação coletiva e participativa. 

Não há casa na Bahia, que se prepare pratos da "Ceia Baiana de Páscoa" onde todos sejam convidados à participar, cortando um quiabo, catando um camarão, extraindo o leite do coco, preparando a moqueca, enfim uma relação agregadora e compartilhada no prazer do bem comer, lembrando o proverbio africano: "Eu sou porque somos".

Quero fazer uma observação sobre as cores vivas dos pratos servidos, cores que denunciam essa esperança de bons augúrios, verdes intensos, mesclados com uma profusão de amarelos dos mais pálidos, aos mais intensos, se harmonizam com a tranquilidade do branco, uma verdadeiras paleta de cor para o deleite dos olhos. Moquecas diversas (de peixe, camarão, ostras, siri mole, siri catado); frigideiras de maturi, ou camão seco; os Catados de Siri e Aratu regados a generosas doses de leite de coco Peixe frito, prevalecendo o Olho de Boi ou a Cioba, o feijão fradinho e feijão de leite também conhecido como feijão doce ou de leite, que traz à parte o açúcar, o arroz branco ou de coco, caruru, vatapá e farofa de dendê. 

No almoço da Sexta-Feira Santa, o bacalhau é a estrela principal, sendo preparado de formas diversas, grelhado ou no carvão, em saladas, ensopados ou mesmo como moquecas. Hoje não comumente encontrados apareceram o Caruru de bredo ou Efó, feijão ou o arroz de leite, preparado com coco ou licuri, este um prato antigo e de ocasião, conforme historiado por Cascudo (2004). 



























Receitas tidas como indispensáveis formam este banquete como de caruru, vatapá, feijão de leite e moqueca, destacando-se frequentemente que o leite de coco das preparações é fresco ou natural, extraído manualmente, o que reforça um signo de qualidade da comida baiana. 

É fato lembrar que até pouco tempo, cozinheiras tradicionais, se recusavam até a compra de coco ralado na hora na feira, preferindo toda a ritualística do preparo caseiro. 

Mas os tempos são outros, e infelizmente muitos restaurantes tidos como "Típicos" ainda não perceberam a importância da utilização do coco fresco como simbolo de qualidade em seus preparos, preferindo similares industriais. 

Termino citando o antropólogo Câmara Cascudo: 
“Inútil pensar que o alimento contenha apenas os elementos indispensáveis à nutrição. 
Contém substâncias imponderáveis e decisivas para o espírito, alegria, disposição criadora, bom humor”

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