QUEM FORAM OS TAÍNOS CUBANOS?


Vocês sabia que o termo "Churrasco"provem dos povos Taínos?
Segundo especialistas, a língua Taíno tem a maior presença em espanhol de todos os dialetos das Américas antes de 1492.
Taínos eram um povo profundamente ligado ao seu ambiente, algo que se refletia nos seus costumes e crenças espirituais. Viviam em aldeias conhecidas como "mandiocayeques", organizadas em torno de praças centrais onde se realizavam actividades comunitárias e cerimônias religiosas. Bohios, ou cabanas circulares com telhados de palma, eram típicas destas aldeias e proporcionavam abrigo contra o clima tropical.

Estas aldeias migraram para o norte através das Caraíbas, instalando-se em diversas ilhas, incluindo Cuba, onde chegaram por volta do ano 500 d.C. 

A sua chegada a Cuba não só marcou o início de uma nova era na ilha, mas também o início de uma rica fusão cultural com os grupos indígenas que já habitavam lá, como os Guanahatabeyes e os Siboneyes.

Segundo especialistas, a língua Taíno tem a maior presença em espanhol de todos os dialetos das Américas antes de 1492.

Bartolomé de las Casas dizia que a “língua dos índios” era “a mais elegante e copiosa das palavras, e a mais doce nos sons”.

O que o historiador se referia nas suas crónicas da América era na verdade a língua Taíno, a primeira língua nativa do continente com a qual os espanhóis se encontraram quando chegaram em 1492.

O legado da língua Taíno em Cuba

Foi em Hispaniola (ilha partilhada pelo Haiti e pela República Dominicana) e depois em Cuba, onde os conquistadores europeus se depararam com esta nova realidade linguística que acabaria por marcar profundamente a sua própria língua.

“Sendo a primeira língua com a qual tiveram contato, é a que deixa a maior marca no espanhol geral, tornando-se a mais antiga e abundante em nossa língua”, disse María José Rincón, membro da Academia Dominicana de la Lengua.

Palavras que talvez você não soubesse que eram de origem taíno:

Segundo o lexicógrafo, o Dicionário da Língua Espanhola reúne hoje cerca de 70 palavras de origem Taino. Mas no Tesouro Lexicográfico do Espanhol de Porto Rico existem mais de 800.

Churrasco: Em Taíno, era utilizado para se referir à estrutura que sustenta uma trepadeira ou a uma estrutura elevada do solo onde é colocada a comida para não ser alcançada pelos animais.

A partir daí passou para o espanhol e depois para outras línguas como o inglês ou o francês (churrasco), mudando seu significado para o da grelha usada para assar ou da própria carne assada.

Ou seja, que esse termo foi levado pelas línguas estrangeiras para finalmente retornar ao Caribe, onde a palavra inglesa foi adotada embora sua origem fosse Taíno. É o que os especialistas chamam de “palavra bumerangue”.

E não se esqueça que em Cuba também se usa “barbacoa” com engenhosidade para chamar uma plataforma de madeira ou concreto usada para dividir a altura de uma sala e assim ganhar mais espaço.

Mamão : Ou há também o caso do “mamão”, fruta que se chama “leitosa” na República Dominicana ou Venezuela ou “mamón” no Paraguai, entre outros nomes e países diversos.

Mas nem sempre os espanhóis adotaram palavras taíno para denominar as novas realidades que descobriram na América – às vezes usavam palavras já existentes em sua língua caso encontrassem alguma semelhança.

Foi o que aconteceu quando descobriram o ananás tropical, que viram ter alguma semelhança com o pinheiro que já conheciam e por isso decidiram dar outro significado a essa mesma palavra.

Ají : Algumas palavras taíno estenderam-se do Caribe para países de língua mais espanhola, mas não se impuseram a outras palavras indígenas que já existiam nesses lugares para se referir à mesma realidade.

É o caso do “ají”, que ainda é usado na América do Sul e no Caribe (e em Cuba) da mesma forma que a “pimenta” de origem náuatle permaneceu no México e na América Central (ou “pimenta” na Espanha).

Ou o “amendoim” de origem Taíno, mas que também não derrubou o “amendoim” (ou “amendoim”) Nahuatl que ainda é usado no México, na Espanha e em parte da América Central.

Goiaba : Ou também a “ guayaba ”, que além de ser nome de fruta, é sinônimo de “mentira” em muitos países da América Latina e até se transformou em “ guayabera ”, aquela clássica camisa leve tão comum em Cuba, México, Caribe, Brasil e até Ilhas Canárias na Espanha.

Uma das características mais distintivas dos Taínos era o seu sistema de crenças animistas, que implicava um profundo respeito e veneração pela natureza. Eles acreditavam num panteão de divindades lideradas por Yucahu, o deus da mandioca e da fertilidade, e Atabey, deusa das águas e da fertilidade.

A dieta dos taínos incluía vegetais, frutas, carne e peixes. Não havia grandes animais nativos no Caribe, mas os taínos capturavam pequenos animais como Capromyidae e outros mamíferos, minhocas, lagartos, tartarugas e pássaros.

A herança da culinária cubana

Os povos indígenas que habitavam a ilha, como os taínos, já utilizavam ingredientes fundamentais para a culinária típica local, como o milho, o abacate, a mandioca e as frutas tropicais. Eles foram incorporados aos pratos tradicionais e ainda são amplamente utilizados na cozinha cubana. O milho, por exemplo, é usado para fazer a massa de tamal, um prato tradicional cubano.


Tamales: Trata-se de uma mistura de frango e milho, ambos bem picados e triturados. É vendido por toda a ilha. Também é um prato comum em outros países da América Central, mas cada lugar usa temperos locais, o que diferencia e dá sabores diferentes.

Outra grande influência da culinária de Cuba, talvez a mais marcante, é a espanhola. Os espanhóis trouxeram ingredientes como arroz, trigo, azeite, alho e cebola, que são amplamente utilizados por lá até hoje. Pratos como o tradicional arroz com feijão, conhecido como “arroz congrí” ou “moros y cristianos”, são exemplos dessa herança.

Além disso, a proximidade geográfica com outros países caribenhos, como Jamaica e Porto Rico, levou a uma troca de sabores e técnicas culinárias. Especiarias como o curry, utilizadas em pratos como o “pollo al curry” (frango ao curry), são um exemplo. Outros pratos que são fruto dessa influência são o “arroz con coco” (arroz com coco), onde o coco é usado para adicionar um sabor doce e tropical ao tradicional arroz, o “congri” (arroz com feijão preto) e a “caldosa” (uma sopa com vegetais e carne).

A influência africana, por sua vez, também deixou sua marca na culinária cubana. Isso aconteceu principalmente através dos escravos levados para a ilha, que ttransportaram consigo especiarias como o cominho, a pimenta e o coentro, que são amplamente utilizadas na cozinha cubana para dar sabor e aroma aos pratos. Além disso, receitas como a “ropa vieja” (carne desfiada), o “mojo” (um molho de tempero) e o “tostones” (banana-da-terra frita) são influências diretas da cozinha africana.

Outros pratos típicos

Outros ingredientes fundamentais na culinária  cubana incluem o porco, o frango, o feijão, o milho, a mandioca, a banana-da-terra e a abóbora. Eles são utilizados de diferentes maneiras e combinados em pratos tradicionais como o “lechón asado” (porco assado), a “ropa vieja” (carne desfiada com molho de tomate), o “ajiaco” (uma sopa de carne e vegetais) e o “tamales” (massa de milho recheada e cozida em folhas de bananeira).

Os cubanos também têm uma paixão pelos doces, o que se reflete em sobremesas deliciosas como o “flan” (um pudim de caramelo), as “natillas” (um creme de baunilha), o “arroz con leche” (arroz doce) e o “guayaba con queso” (goiabada com queijo).

Quanto às suas práticas diárias, a agricultura era fundamental, destacando-se o cultivo da mandioca, que era a base da sua alimentação e meticulosamente processado para extrair o veneno antes do seu consumo. O "casabe", um tipo de pão de mandioca, era um alimento básico. 

A pesca e a colheita de frutos e moluscos complementaram a sua dieta e as suas habilidades como navegantes permitiam-lhes trocar produtos entre as diversas ilhas das Caraíbas.

A sociedade taína era matrilinear, o que significava que a descendência e a herança eram traçados através da linha materna, conferindo às mulheres um papel importante na estrutura social. Caciques, ou líderes, eram geralmente homens, mas as mulheres taínas tinham papéis significativos tanto no âmbito doméstico como no espiritual.

A chegada dos espanhóis no final do século XV marcou um período de conflito e transformação para os taínos em Cuba, levando eventualmente ao seu desaparecimento como grupo étnico diferente. No entanto, a sua influência persiste na cultura cubana atual, desde a linguagem até técnicas agrícolas e alimentares, demonstrando que, embora os tainos enquanto povo já não existam, o seu legado cultural é indelével na identidade de Cuba. 

@um Cubano por el mundo

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