Banquete dos Desejantes.

Nosso pensamento, estrutura-se apartir de regras inconscientes internalizadas, moldadas por linguagens subjetivas, legitimadas e naturalizadas, por séculos de dominação.





Como pensar essas estruturas, de forma que possamos interferir no processo civilizatório?
Como pensar uma estética brasileira negroindigena visceral, uma moral, uma ética, que se aproxime e faça emergir novas estruturas de pensamento mais inclusivas, e menos excludantes, dando espaço e ampliando a diversidade do ver, do sentir, e do olhar?
Quando falamos em turismo, gastronomia, serviços, qual a imagem que te vem imediatamente à cabeça?
Quem são e em que lugar estão, os sujeitos, e como cada um se comporta?
Qual o lugar da culinária popular, e das pessoas que fazem esse ofício, quem serve, como serve, e quem é servido?


Círculo como um cão, que busca morder o próprio rabo, como um Devirch, à busca de um centro, um moleiro Menocchio, atemporal, entre os queijos e os vermes, retirando cascas assimiladas, entre o desterritorio edipico, típico dos fazedores de comida, e a crua realidade, dos desejos faltantes.
Penso em meu trabalho como uma denúncia frente a fome, a invisibilidade, o desequilíbrio sórdido, de um país rico e diverso, maltratado por uma elite, que não entende nada a sua volta, e desprovida de espelho.
É no sonho que encontro a paixão, e digo que nada há nada de resignação nesse fato, e sim que, a beleza, a alegria podem nos salvar da grande tragédia épica do sem sentido, do niilismo do capital.

Penso numa culinária desenencaixada de padrões determinados, que se constroe de forma participativa, subexiste para ser vivida, experimentada,  deglutidae digerida.
Força que, coexiste entre pulsação e fluxos, entre histórias e simbologia, entre memória e afeto, como fruição de conhecimento individual.
Entendo esse espaço como democrático e deshierarquizado, onde a inter-relação é fator decisivo na criação, na experimentação.
Onde sujeitos confluem desejos, expectativas, intenções e emoções, onde o foco está no processo, na vivência livre, no desconcerto criativo dos resultados.
Entre panelas, teço questionamentos pondo em cheque, a institucionalização acelerada do ato de cozinhar, do alimentar-se, de consumir.
Na relação intuitiva, como vetor da relação com a natureza, entre o sensível, e nossa ancestralidade, sem nunca esquecer que, aparências não são evidências.

Na concepção indígena conhecer é personificar, diferentemente do olhar ocidental, onde conhecer é objetivar.
O olhar do Xamã, do mediador, por si só é uma ação de sebjetivar o conhecimento.

Para Jorge Batalle, ser livre, é ser soberano, livre de amarras..
Somos seres descontínuos, indivíduos que morrem isoladamente numa aventura ininteligível, mas temos a nostalgia da continuidade perdida.

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