Os Badjis e a influência Moura na culinaria Moçambicana
Moçambique sofreu grande influência da cultura Islâmica, desde à Índia ao Oriente Médio, essas marcas são perceptíveis em sua gastronomia.
Esta deliciosa iguaria Moçambicana, nos remete e recorda o Acarajé, sua receita preparada a partir do Feijão Fradinho, ganha contornos orientais, influenciados pela culinária hindu e mulsumana, que segundo alguns pesquisadores, influenciaram as Pataniscas Portuguesas.
Badjia, bajia n. f. pastel salgado de farinha de feijão.
Segundo o Moçambicanista, Lopes, Sitoe e Nhamuende, o termo tem origem árabe, tendo chegado ao português de Moçambique pelo urdu e pelo gujarati. Provavelmente, não se trata de um moçambinismo em sentido estrito, mas tem mais uso no português de Moçambique do que noutras variantes.
Nos Bhadjis, a farinha é misturada com fermento, sal, alho pilado, açafrão-indiano e por vezes outros condimentos.
Bhajis de cebola são frequentemente consumidos como entrada em restaurantes anglo-indianos antes do prato principal, juntamente com poppadoms e outros petiscos indianos. Eles podem ser servidos com uma salada e uma fatia de limão, ou com chutney de manga, e são tradicionalmente feitos com sabor suave, segundo.o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOCLP) apenas regista «bajia».
Bhajis são um componente da cozinha tradicional paquistanesa Punjabi e Gujarati Marathi, Tamil, Kannada e Telugu servida em ocasiões especiais e em festivais.
Na Índia, ou noutros países onde vivem comunidades de indianos, o salgado chama-se “bhajji” e é muitas vezes servido em restaurantes, na forma e tamanho de bolas de tenis, feitas de pedaços de cebola cobertas com uma massa bem condimentada; muitas vezes, são acompanhadas por “lassi”, iogurte com pedaços de frutas, como manga ou pêssego.
Também são frequentemente preparadas e vendidas nas ruas, mas na forma de fritos mais pequenos, para serem comidos com as mãos. Para além da cebola, podem também ser feitas com outros vegetais, como couve-flor, cenoura ou malagueta verde.
A receita tradicional também é baseada em farinha de grão-de-bico (“gram”) condimentada com pimenta, açafrão indiano, sal e açúcar, a que se junta água para fazer a massa.
Muitos condimentos encontrados em sua culinária, bem como pratos tradicionais, são um reflexo da influência hindu, como da cultura Mourisca, de origem islâmica.
A presença da cultura Mourisca em Moçambique
Os árabes chegaram a Moçambique por volta do século VIII, com o objetivo de realizar trocas comerciais com os povos indígenas. Ofertas como especiarias e missangas foram realizadas em troca de ouro e marfim.
Dessa forma, integraram-se costumes gastronómicos na culinária moçambicana. Esta foi enriquecida com a culinária e gastronomia portuguesas, a partir do século XVI, com a sua invasão ao território moçambicano.
Quando Vasco da Gama chegou pela primeira vez a Moçambique, em 1497, já existiam entrepostos comerciais árabes e uma grande parte da população tinha aderido ao Islã.
Conta-se que ao fazer o primeiro aportamento nas terras moçambicanas, os portugueses a chamaram de ” Terras de Mussa ibn Bique” em homenagem ao seu governante, mas ao passar dos anos, como aconteceram em outras regiões do mundo colonizadas por europeus lusitanos, o nome da terra começou a ser simplificado para facilitar a pronuncia, então de Terras de Mussa ibn Bique, o lugar passou a se chamar apenas de Moçambique.
Com relação à expansão do Islã nessa região, vale ressaltar que, no caso das sociedades islâmicas da costa, tais como o sultanato de Angoche e de Sancul, os chefes mantinham relações muito próximas, inclusive de parentesco, com os mujojos das ilhas de Zanzibar, Comores e Madagascar, constituídas há muito tempo. Além do caráter econômico, essas relações envolviam um aspecto religioso marcado pela presença do Islã.
A chegada do Islã na África, e a partir daí a sua expansão pela a península Ibérica, Espanha e Portugal, o domínio muçulmano durou mais de 500 anos (até 1492, com a queda de Granada) e deixou um grande legado, no qual se destaca a introdução de novas técnicas e novas culturas, como sistemas de irrigação (azenhas e noras), introdução de plantas (limoeiro, laranjeira, alfarrobeira, amendoeira e provavelmente o arroz).
Vale lembrar que a religião islâmica se expandiu no norte de Moçambique por intermédio das confrarias sufistas (turuq), que tinham como principal representante o shehe.
Acredita-se por exemplo que o nome "Moçambique" é a forma aportuguesada Musa al Bik, o nome de um antigo xeque árabe que viveu no norte, na Ilha de Moçambique.
A história de Moçambique encontra-se documentada pelo menos a partir do século X, quando um estudioso viajante árabe, Al-Masudi descreveu uma importante atividade comercial entre as nações da região do Golfo Pérsico e os “Zanj” (os negros) do “Bilad as Sofala”, que incluía grande parte da costa centro-norte do atual Moçambique.
Um emir árabe muçulmano de nome Mussa ibn Bique foi o primeiro governante conhecido de Moçambique.
No fim do primeiro milênio, os povos bantu locais já negociavam com os persas, árabes e somalis, e a região norte ainda hoje está ligada à zona de cultura e língua suaíle (combinação de matizes leste-africanos e árabes), dividindo traços similares com Quênia, Tanzânia e Uganda.
A cidade de Sofala, atualmente Nova Sofala, por exemplo, foi fundada por volta do ano de 700 por navegantes e mercadores somalis, e era muito frequentada por árabes e persas. Além disso, Moçambique abriga atualmente uma importante comunidade indiana.
África. séc. IV d.c. – O substrato sócio-cultural deve a sua existência à presença de povos de caçadores-recoletores de origem bantu.
O território era habitado por populações oriundas da África Ocidental que conheciam e produziam ferro, cobre e ouro e que mais tarde, favoreceram a expansão do comércio marítimo.
Séc. VI – Chegada dos primeiros navegadores estrangeiros. Presença das culturas árabes, persa e swahili, pelo menos nas costas.
Séc. VIII d.c. – Os árabes começaram o comércio de mercadorias de e para a região. Trazem carâmica, panos, vidros, missangas, sal e objectos de metal e trocam por ouro, óleo de palma, cornos de rinocerontes, pele de animais, âmbar e marfim.
1498 – 1505 – Os portugueses procuram o controle do monopólio do comércio das especiarias, então nas mãos dos árabes. A Costa moçambicana foi considerada estratégica na rota do caminho marítimo para Índia. Criadas feitorias em Sofala e na Ilha de Moçambique e, mais tarde, em Sena, Tete, Quelimane e Inhambane.
1692 – Tendo em vista o controle do comércio e dos territórios, a Coroa Portuguesa estabeleceu um regime de concessões de terras: Os prazos. Os arrendatários recebiam terras que pertecenciam às populações africanas; eles deviam defendê-las em troca do pagamento de um imposto.
1752 – Portugal reclama Moçambique como sua possessão passando este último a ter estatuto admionistrativo separado da Índia com o nome de Governo e Capitania Geral de Moçambique, Sofala e Rios de Sena. Contudo, a exploração do interior foi muito lenta por causa, quer da resistência das populações autóctones quer da presença de outras potências europeias. Os principais produtos de comércio eram marfim, cobre, ouro e os escravos, estes últimos comprados e vendidos por chefes tribais, prazeiros e por comerciantes árabes e portugueses.
1885 – 1891 – Portugal inicia um processo de colonização efectiva do território. Dada a escassa capacidade financeira e de recursos humanos, foram entregues em concessão largas porções de terras a companhias particulares, as quais constituem verdadeiros Estados dentro do Estado.
Receita das Badijas Moçambicana
Ingredientes (quantidade livre)
Pasta moída de feijão fradinho, Alho, Sal, Óleo
Como Preparar?
Deixe o feijão nhemba(Fradinho)em banho Maria por 24 horas.Moa o feijão na mbenga( Alguidar) e acrescente alho e sal até que se forme uma pasta homogénea;
Leve ao fogo óleo suficiente para fritar bolinhos do tamanho de uma colher de sopa e deixe-o ficar bem quente;
Use uma colher de sopa para fazer bolinhos e colocá-los na frigideira por 5 minutos – ou menos – deixe tempo suficiente para que fiquem alouradas.
E aí estão as suas badjias.
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir