Você sabia que as primeiras plantações de Uva no Brasil, foram na ilha de Itaparica na Bahia?

Segundo Raimundo Fernandes da Silva nas suas “Notas sobre a cultura das videiras no Brasil”, no seculo XVI, Mar Grande já possui fazendas da fruta, iniciativa de colonos que aqui aportaram oriundos das regiões vinícolas de Portugal. 

E que seriam junto com as de Itamaracá em Pernambuco, as primeiras plantações da fruta no Brasil. 
Pois é um achado, que encontrei lendo um artigo do Nelson Cadena, jornalista e escritor baiano.
Ubaldo Osório, o historiador da Ilha, conta que as plantações de uva de Itaparica originalmente eram do tipo uva gorda de Leiría, mas já no século XVII cultivavam-se outras variedades.  As uvas plantadas na Gamboa, Ilhota e Penha tinham boa acolhida no mercado, o distrito chegou a produzir, entre 1761 e 1765, em torno de 500 arrobas por ano que somadas as 300 estimadas da Ponta das Baleias, permite estimar safras de mais de 800 arrobas. A uva itaparicana era colhida e enviada para Salvador e não consta que tenha sido destinada à produção de vinhos. Era apenas para consumo de mesa como os figos e laranjas que a ilha também produzia com fartura. 
Em 1818 a uva ainda era cultura forte com Francisco Ferraro, Manoel Pereira e Antônio Cardoso como seus maiores produtores. A cultura da uva chegou ao século XX, com as variedades moscatel e Dêdo de Dama, em menor escala. Para desaparecer por completo já na segunda metade do século com os terrenos originais das videiras sendo utilizados para o cultivo das afamadas mangas Flor de Maio, Fidalga, Jacinta, Chupa Mel e Manga da Porta, dentre outras variedades.

Alguns dados sobre mangueiras & produção de mangas 
André Brito, um dos personagens dessa história e importante estudioso sobre as mangas da ilha de Itaparica, estudou as principais fontes de dados disponíveis na biblioteca local do município de Itaparica. Abaixo copio as principais partes de um relatório que André entregou-me e datado de 24/9/2005. “A ilha de Itaparica já foi considerada um grande pólo de fruticultura, e ainda hoje é uma fonte de geração de renda para uma parte da população local. 

Ainda na década de 70 e 80, o Governo do Estado da Bahia aproveitou-se da Estação Experimental de Mocambo, criada na década de 40 e introduziram novas variedades de manga, as chamadas mangas de “exportação”, com o intuito de pesquisa e expansão das variedades que se adaptassem e produzissem bem. Portanto, temos na Ilha de Itaparica, um grande numero de variedades.As nativas, isto é as introduzidas nos tempos da nossa colonização; as de exportação, introduzidas no século XX e as híbridas formadas naturalmente neste 500 anos de existência desta cultura na região.” “Numa apostila da Biblioteca Jutahy Magalhães, da cidade de Itaparica encontramos um trabalho interessante de um desconhecido até o momento, desenvolvido possivelmente na década de 40 e dentre muitos fatos históricos e interessantes daquela época tem que a safra Anual de mangas era calculada em dez milhões de frutos.” 
 “A manga esta presente em todas as localidades e segundo os livros antigo IBGE, o município de Vera Cruz produz 60.000 frutos por hectare, contra 70.000 de Itaparica
Acreditamos que esta diferença está nos ventos alísios da Costa oeste, do seu mar aberto que reduz a floração, conseqüentemente a frutificação. Encontramos para o Município de Itaparica 4.300 mangueiras e para Vera Cruz 5.940. A localidade de Mocambo em Itaparica e Mar Grande (Gamboa, Ilhota, Duro, Jaburu e Mercês) são as possuem mais mangueiras, porém as mangueiras mais produtivas estão nas localidades da estrada beira-mar/Itaparica (Porto Santos, Manguinhos, São João, Amoreiras ) e Mocambo. Tira-se mais de 2.000 frutos/pés, mas trabalharemos com 600 frutos/pé, segundo dados do IBGE. Em 1 hectare tem 100 mangueiras.Dos 10.000 (dez milhões) de frutos encontrados na apostila “Possibilidades Agrícolas da Ilha” em duas safras do ano se considerarmos somente 600 frutos/pé teremos 16.666 pés. Já sabemos que a Ilha, no mínimo tem 10.000 pés produtivos e estimamos que a quantidade máxima de pés na Ilha não ultrapassa 25.000. Seis milhões de frutos foi a nossa quantidade encontrada somente na safra de Verão, uma quantidade mínima, mas garantida em qualquer ano atípico ou não, (isto é chuvoso ou não) a Ilha produzirá esta quantidade mesmo que todos os fatores limitantes atuem. 
O peso das mangas existentes na Ilha varia de 200 a 700g em média, considerando 400g o peso médio das frutas colhidas por estes profissionais encontramos 2,4 mil toneladas.Destes seis milhões de mangas que foram calculados no mínimo 1,5 milhões de manga são transportada para Salvador nos meses de Dezembro a Março, logo mais de 600 toneladas de manga abastecem Salvador no verão vindo da Ilha.” As mangas espada, pingo de ouro e rosa são as mais colhidas e vendidas e que tem mais quantidade de pés na Ilha, depois vem carlota, ametista e por fim a Tommy Atkins, keitt, carlotão, imperial, coração magoado e itiuba.” “Os pomares de mangueiras existentes na Estação MOCAMBO, com mais de 50 variedades de mangas, precisam de trato culturais como roçagem, coroamento e poda. Dos 350 pés de mangueiras, infelizmente alguns poucos não são reconhecidas, pois o reconhecimento é feito através dos frutos e muitos não produziram nos anos do nosso trabalho de reconhecimento, logo a quantidade de desconhecidas permanece a mesma.Não havia no arquivo, um croqui elaborado de reconhecimento, como nós temos agora. 
Consideramos, portanto 250 pés de manga produtivos.
A manga espada, Tommy-Atkins e Kerigeston são as de maiores quantidades, depois vem pingo de ouro, rosa e Kengiston keitt. Mais de 210 mil frutos são produzidos na safra de Verão com 84 toneladas de peso, sempre tomamos os valores mínimos garantidos. Há como plantar alguns pés de novas mangas na própria quadra do seu pomar, assim como há espaço (não grandes) para formação de novas quadras.Podemos substituir alguns pés, se assim for conveniente isto é sem perda genética de uma certa variedade.Para até mesmo colocar uma outra nova variedade a introduzir na região. 
Quanto à produção, temos mangueiras de produção alternadas isto é, um ano sim, outro não (ex: vandyhe).
Temos mangueira precoce, que produz mais cedo, outras tardia, no fim da safra.Há anos atípicos de pouca produção, causado por alguns dos fatores limitantes, mas acredito que com os tratos culturais bem feitos , como a roçagem, poda e adubação (nutrição), as mangueiras corresponderam plenamente todas as nossas expectativas.”

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