Açaí de comunidades ribeirinhas ganha o mercado árabe

Alimentação no Brasil é hoje um dos principais mercados, com possibilidades de expansão, empresas exportam alimentos como "commodities" e geram fortunas, a floresta está na mira das grandes empresas como potenciais fontes de lucro, mas será que a diversidade desses novos alimentos, e os lucros deste enorme mercado, beneficiará os povos tradicionais?

Todos sabemos a importância dos povos originários, ribeirinhos, coletores de Açaí, quebradeira de como licuri, babaçu, pescadores e Marisqueiras, que estão diretamente ligadas à ofícios que mantém e preservam a floresta, mais do que uma atividade econômica, para esses povos, a quebra, a coleta, são uma fonte de subsistência e esse extrativismo está na base do seu modo de vida.  Mas será que existe um olhar sobre a exploração do trabalho desses povos?

Hoje observando a materia que dizia: Açaí de comunidades ribeirinhas ganha o mercado árabe fiquei matutando sobre a estratégia das empresas privadas, no uso da responsabilidade social, e como muitas dessas empresas através do marketing tiram proveito de grupos sociais menos organizados, em benefício próprio.

Existe também muito interesse no exotismo de alguns produtos, por parte de ONGs e instituições que se dizem promotoras das comunidades, elevando estes alimentos à categoria de "Gourmet"ou algo exclusivo, para alcançar altos valores de mercado, será que esses benefícios voltam para as comunidades?

Por exemplo, todos nós sabemos, que muitas das pequenas comunidades quilombolas, quebradoras de coco licuri e babaçu, coletores de açaí, não tem um corpo jurídico formado, o que nos faz pensar em que bases são negociadas essas parcerias:

•Que percentual a comunidade tem direito por sua participação?, 

•Só a venda garante este preço?, mesmo que seja por um "preço justo", como muitos do segmento se arvoram em afirmar, e qual seria este preço justo, se muitos destes produtos são vendidos no mercado exterior, com uma marca gourmet?

•Há um contrato, e se, no contrato existe alguma cláusula de transferência de tecnologia para a comunidade, 

•Se nesta negociação conta no processo o valor da cultura imaterial, ou direitos de uso da comunidade pelo marketing

•Pelo alto índice de lesões, existem dispositivos que garantam algum seguro desses trabalhadores?,





Quebradeiras de coco de babaçu denunciam situação de violência e exploração do trabalho na região do Rio Mearim, no Maranhão

Na região cortada pelo Rio Mearim no estado do Maranhão existe uma grande concentração de babaçu. A exploração dessa palmeira é um trabalho majoritariamente feminino; existem aproximadamente 135 mil mulheres nesta atividade que se autodenominam “quebradeiras de coco”, o que representa algo em torno de 10% da força de trabalho total da agricultura (1.331.000) no estado.


Para finalizar, se pensarmos que muito do sucesso de alguns alimentos que são produzidos por povos tradicionais são sucesso de mercado, como no caso do Açaí, e que boa parte desses trabalhadores vivem em precárias condições, as notícias são muitas e falta justiça social, sendo assim, a conta não fecha.

São questão importantes e que necessita estar atento quando ao uso da imagem positiva, aliás conquistada a duras penas, está em jogo, para que possamos evitar terceirizadores, falsas cooperativas, trabalho análogo à escravidão, e manter um sistema mais justo para com esses profissionais.

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