Quem decide o que se come – a perda da soberania alimentar do Brasil
Poucas empresas decidem o que se planta e come no Brasil
A soberania alimentar do Brasil está ameaçada, e isso já faz tempo. Não é de hoje, que a produção de alimentos depende de poucas empresas e de governos de outros países.
Desde a época da colonização portuguesa são os países europeus, e cada vez mais os estados unidos, que definem o que se planta e come no território nacional.
A industrialização da agricultura no meio do século passado foi o resultado de uma aliança entre as corporações americanas e a elite agroindustrial brasileira, que se identificou com a ideologia capitalista e o modelo de vida europeu-americano. A chamada “revolução verde” teve o apoio de corporações norte-americanas e alemãs, lideradas pela Fundação Rockefeller.
Abriu caminho para a instalação de empresas multinacionais como a Monsanto, que chegou a São Paulo em 1963; a Bayer chegou dez anos depois.
Você beneficia às multinacionais com cada compra
A concentração aumentou significativamente em 2012, quando empresas estrangeiras adquiriram 167 empresas de capital nacional na maior liquidação de empresas privadas brasileiras da história do país. Hoje a produção e a comercialização estão nas mãos de apenas dez grandes corporações transnacionais. Esse grupo atingiu 59,9% do valor bruto da produção agrícola na safra 2009/2010, determinando o que é plantado e o que é consumido em terras brasileiras.
A distribuição ao consumidor final é dividida entre as três maiores redes de supermercados – a norte-americana Walmart e as francêsas Carrefour e Casino, ex-Pão de Açúcar. Entre 60 e 70% das compras de uma família beneficiam às gigantes da indústria de alimentação – Unilever, Nestlé, Procter & Gamble, Kraft ou Coca-Cola, fazendo do Brasil um dos países com maior nível de concentração do mundo.
O êxodo rural das famílias campesinas
No entanto, quando o agronegócio avança nos territórios, destruindo o sistema de subsistência da agricultura camponesa, está destruindo suas próprias bases. Para o sistema agroindustrial, os camponeses têm duas funções: fornecer mão-de-obra barata e alimentos para a crescente população urbana.
O êxodo rural é estimulado pela expulsão de famílias do campo e pela atração de jovens para trabalhar em fábricas nos centros urbanos.
A outra função dos camponeses é produzir alimentos para as cidades. Além disso, os camponeses produzem matérias-primas agrícolas para o setor industrial, como carvão, celulose e madeira.
O Brasil depende cada vez mais das importações de alimentos
A imagem de uma agricultura familiar “sem futuro” passou pela mídia e nas escolas e as dificuldades de sobrevivência no campo levaram ao despovoamento do campo.
Hoje existem ainda cerca de cinco milhões de famílias que trabalham na produção agrícola.
Entre 1950 e 2000, cerca de 60 milhões de pessoas emigraram do campo para as cidades, especialmente jovens. O êxodo rural significa a perda da base alimentar, de culturas rurais e de conhecimentos dos agroecossistemas, o que será fundamental para o futuro da agricultura.
Um sinal alarmante da avançada perda da soberania alimentar é o aumento das importações de alimentos.
Dados da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA) mostram que desde 1990 as áreas plantadas com alimentos básicos caíram: arroz em 31%, feijão em 26%, mandioca em 11% e trigo em 35%; enquanto as áreas de exportação do agronegócio aumentaram, como a cana de açúcar em 122% e a soja em 107%.
Isso significa que o Brasil depende cada vez mais da importação de alimentos básicos para alimentar a população, sujeitos a flutuações de preços no mercado internacional. Nesse ciclo vicioso, a importação de produtos a preços mais baratos inviabiliza a produção familiar e com o abandono da atividade aumenta a necessidade da importação.
Com a abertura dos mercados para cada vez mais produtos de outros países a pressão aumenta para a agricultura familiar, com poucas chances contra os preços subvencionados.
Precisamos romper os ciclos viciosos apoiando a agricultura familiar
A propriedade da terra e o modelo agroindustrial de exportação estão perpetuando o poder das elites agrárias. Elas definem as relações sociais e econômicas, controlam as políticas governamentais e afirmam seus interesses, voltados para maiores ganhos ao custo do ambiente e dos trabalhadores.
Para romper esses ciclos viciosos cabe a cada um/a reflexionar melhor suas opções de compra e apoiar a agricultura familiar agroecológica aonde for possível. Somente com a reestruturação da agricultura desde abaixo, com todo apoio político e governamental possível, será possível avançar para uma agricultura mais sustentável e justa.
Fonte Agricultura.Org
A soberania alimentar do Brasil está ameaçada, e isso já faz tempo. Não é de hoje, que a produção de alimentos depende de poucas empresas e de governos de outros países.
Desde a época da colonização portuguesa são os países europeus, e cada vez mais os estados unidos, que definem o que se planta e come no território nacional.
A industrialização da agricultura no meio do século passado foi o resultado de uma aliança entre as corporações americanas e a elite agroindustrial brasileira, que se identificou com a ideologia capitalista e o modelo de vida europeu-americano. A chamada “revolução verde” teve o apoio de corporações norte-americanas e alemãs, lideradas pela Fundação Rockefeller.
Abriu caminho para a instalação de empresas multinacionais como a Monsanto, que chegou a São Paulo em 1963; a Bayer chegou dez anos depois.
Você beneficia às multinacionais com cada compra
A concentração aumentou significativamente em 2012, quando empresas estrangeiras adquiriram 167 empresas de capital nacional na maior liquidação de empresas privadas brasileiras da história do país. Hoje a produção e a comercialização estão nas mãos de apenas dez grandes corporações transnacionais. Esse grupo atingiu 59,9% do valor bruto da produção agrícola na safra 2009/2010, determinando o que é plantado e o que é consumido em terras brasileiras.
A distribuição ao consumidor final é dividida entre as três maiores redes de supermercados – a norte-americana Walmart e as francêsas Carrefour e Casino, ex-Pão de Açúcar. Entre 60 e 70% das compras de uma família beneficiam às gigantes da indústria de alimentação – Unilever, Nestlé, Procter & Gamble, Kraft ou Coca-Cola, fazendo do Brasil um dos países com maior nível de concentração do mundo.
O êxodo rural das famílias campesinas
No entanto, quando o agronegócio avança nos territórios, destruindo o sistema de subsistência da agricultura camponesa, está destruindo suas próprias bases. Para o sistema agroindustrial, os camponeses têm duas funções: fornecer mão-de-obra barata e alimentos para a crescente população urbana.
O êxodo rural é estimulado pela expulsão de famílias do campo e pela atração de jovens para trabalhar em fábricas nos centros urbanos.
A outra função dos camponeses é produzir alimentos para as cidades. Além disso, os camponeses produzem matérias-primas agrícolas para o setor industrial, como carvão, celulose e madeira.
O Brasil depende cada vez mais das importações de alimentos
A imagem de uma agricultura familiar “sem futuro” passou pela mídia e nas escolas e as dificuldades de sobrevivência no campo levaram ao despovoamento do campo.
Hoje existem ainda cerca de cinco milhões de famílias que trabalham na produção agrícola.
Entre 1950 e 2000, cerca de 60 milhões de pessoas emigraram do campo para as cidades, especialmente jovens. O êxodo rural significa a perda da base alimentar, de culturas rurais e de conhecimentos dos agroecossistemas, o que será fundamental para o futuro da agricultura.
Um sinal alarmante da avançada perda da soberania alimentar é o aumento das importações de alimentos.
Dados da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA) mostram que desde 1990 as áreas plantadas com alimentos básicos caíram: arroz em 31%, feijão em 26%, mandioca em 11% e trigo em 35%; enquanto as áreas de exportação do agronegócio aumentaram, como a cana de açúcar em 122% e a soja em 107%.
Isso significa que o Brasil depende cada vez mais da importação de alimentos básicos para alimentar a população, sujeitos a flutuações de preços no mercado internacional. Nesse ciclo vicioso, a importação de produtos a preços mais baratos inviabiliza a produção familiar e com o abandono da atividade aumenta a necessidade da importação.
Com a abertura dos mercados para cada vez mais produtos de outros países a pressão aumenta para a agricultura familiar, com poucas chances contra os preços subvencionados.
Precisamos romper os ciclos viciosos apoiando a agricultura familiar
A propriedade da terra e o modelo agroindustrial de exportação estão perpetuando o poder das elites agrárias. Elas definem as relações sociais e econômicas, controlam as políticas governamentais e afirmam seus interesses, voltados para maiores ganhos ao custo do ambiente e dos trabalhadores.
Para romper esses ciclos viciosos cabe a cada um/a reflexionar melhor suas opções de compra e apoiar a agricultura familiar agroecológica aonde for possível. Somente com a reestruturação da agricultura desde abaixo, com todo apoio político e governamental possível, será possível avançar para uma agricultura mais sustentável e justa.
Fonte Agricultura.Org
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