Matapa, Xima e Mandioca na Culinária Zambeze
Matapa - delicioso ensopado verde com camarão e amendoim!
Matapa é o nome por que é conhecido em Moçambique o prato feito com a folha da mandioca pilada, cozinhada num molho à base de amendoim pilado e leite-de-coco e temperado com um marisco, que pode ser camarão ou caranguejo.
Normalmente, é servido com peixe frito "Xima" e arroz.
Em quase todas as regiões, se consome muito peixe seco.
Nas feiras livres, o cheiro de peixe seco toma conta de tudo.
Eles são secos porque boa parte dos moradores não tem energia elétrica em casa e, portanto, geladeira para conservá-los.
Confira o vídeo do Marcelino Francisco para a preparação da Matapa.
Com pouco dinheiro, a população consome quase nada de açúcar e a base da alimentação é mandioca, milho, arroz e feijão. Além de frutos do mar e carne de frango. Incluímos em nosso cardápio o caril de vegetais, um prato local feito com legumes cozidos e molho de tomate.
Com a chegada dos colonizadores europeus, no século XVI, estes aprenderam dos indígenas as técnicas de utilização da mandioca.
A domesticação da Mandioca, significou o aprendizado de sua técnica de plantio (enterrando pedaços de seu caule no solo) e da técnica para remover o ácido cianídrico tóxico de suas raízes e folhas. A abundância de carboidratos propiciada pelo seu cultivo possibilitou o surgimento de grandes nações indígenas nas regiões tropicais americanas.
A "farinha de pau", como era chamada a farinha de mandioca, passou a ser um alimento básico dos marinheiros europeus que viajavam pela costa americana.
Os bandeirantes, exploradores de origem europeia que desbravaram o interior da América do Sul em busca de escravos índios, pedras e metais preciosos entre os séculos XVI e XVIII, tinham por alimentação básica a farinha de mandioca e a carne-seca.
Os navegadores europeus foram responsáveis pela introdução da mandioca no continente africano a partir do século XVI, que encontrando condições climáticas semelhantes às de seu território de origem, a mandioca se espalhou pelo continente africano, tornando-se um ingrediente típico da culinária africana.
Com o aumento da imigração europeia para o continente americano a partir do século XIX, o cultivo e o consumo da mandioca na América foram, em grande parte, substituídos pelos de espécies vegetais importadas como o trigo e o arroz.
Segundo Jaime Rodrigues em sua obra “De farinha, bendito seja Deus, estamos por agora muito bem”: uma históriada mandioca em perspectiva atlântica"
O trânsito alimentar intercontinental tem atraído maior atenção dos historiadores ao menos desde a década de 1970 e do estudo clássico de Alfred Crosby Jr. (1972).
No texto do historiados, o interesse recaiu sobre essas trocas como experiência global, concentrado na mandioca, vegetal que durante milênios foi domesticado pelos índios da América do Sul.
A apropriação do saber indígena representou um ganho para os conquistadores europeus, garantindo a fixação no continente e as calorias necessárias às viagens de longa distância, viabilizando o tráfico de africanos ao ser incorporado às rações de marinheiros e escravos em ambos os lados do Atlântico e na travessia, bem como na dieta de africanos em seu próprio continente.
O trânsito do vegetal e da farinha dele derivada incorporou os indígenas da América aos circuitos comerciais atlânticos.
"Comida de índios selvagens e de escravos negros no Brasil, acabou por fazer a viagem inversa, e ir alimentar em África os pais dos futuros escravos que a comeriam na sua América de origem.
As datas fogem-nos nesses mundos onde impera a transmissão oral, com referências cronológicas as mais das vezes impossíveis de reduzir a uma datação absoluta."
(Rocha, 1998, p.38)
Parece brilhar mais e ser mais ardente do que o nosso.
Na beira de estradas, encontramos pessoas sentadas ao sol quebrando pedras com as mãos para serem vendidas para a construção civil. Mães que trabalham naquele sol escaldante, com os filhos amarrados às costas, e os bebês parecem confortáveis.
Moçambique é um país em reconstrução. Percebe-se que, a duras penas, a passos lentos.
São raras indústrias e pouco trabalho para a população.
Outros pratos fazem parte da dieta Zambeze, uma culinária simples mas muito rica e com sabor lusófono.
Mucuane: O prato conhecido como matapa nas outras regiões do país é feito com folhas piladas de mandioca, que são depois fervidas com dois litros de água. Junto ao preparo, adiciona-se camarão sem casca, tomate, cebola e mamão-papaia verde.
Quando a água estiver secando, o leite extraído do coco ralado é adicionado. Pode ser preparado na versão vegetariana, também muito comum, substituindo o camarão pela castanha de caju. Piripiri (pimenta moçambicana) a gosto. Frango Cafrial ou a Zambeziana:
O preparo é simples e fácil e não há muito mistério, mas mesmo assim é a receita de frango mais famosa do país e também fora dele.
O primeiro passo é abrir o frango e temperar com limão, sal, bastante alho e um fio de azeite.
O segundo é deixar a carne marinando por um bom tempo em leite de coco ralado preparado na hora.
O prato é servido com arroz de coco ou chima, uma espécie de purê de farinha de milho.
Camarão a Zambeziana:
O camarão é uma das principais economias de exportação em Moçambique e pratos com o ingrediente não faltam no país e nem na culinária zambeziana, em que o camarão vem banhado em leite de coco.
Algumas pessoas preferem prepará-lo com berinjelas envolvidas em farinha e outras preferem uma versão mais simples apenas com um toque final de limão.
Um dos acompanhamentos mais tradicionais é o quiabo à zambeziana.
Quiabo a Zambeziana:
A iguaria é acompanhamento tradicional do frango ou camarão, mas também pode ser servido sozinho com o arroz de coco. Na receita local, para evitar que solte muita baba, o quiabo é temperado com sumo de limão ou levemente fritado em óleo antes do ser cozinhado. Prepara-se então um refogado de tomates sem pele, cebola e leite de coco, onde o quiabo por fim é adicionado.
Opcional é o toque de final de pimenta piripiri, outra paixão nacional.
O turismo em Moçambique pode ser um dos caminhos e a esperança de que o mundo volte seus olhos para um lado inexplorado e belo, desta região da África
A chamada indústria que não polui, a conscientização ambiental, projetos sociais e de sustentabilidade, podem ser um dos muitos suportes para o progresso com o qual os moçambicanos tanto sonham.
Normalmente, é servido com peixe frito "Xima" e arroz.
Em quase todas as regiões, se consome muito peixe seco.
Nas feiras livres, o cheiro de peixe seco toma conta de tudo.
Eles são secos porque boa parte dos moradores não tem energia elétrica em casa e, portanto, geladeira para conservá-los.
Confira o vídeo do Marcelino Francisco para a preparação da Matapa.
Com pouco dinheiro, a população consome quase nada de açúcar e a base da alimentação é mandioca, milho, arroz e feijão. Além de frutos do mar e carne de frango. Incluímos em nosso cardápio o caril de vegetais, um prato local feito com legumes cozidos e molho de tomate.
Com a chegada dos colonizadores europeus, no século XVI, estes aprenderam dos indígenas as técnicas de utilização da mandioca.
A domesticação da Mandioca, significou o aprendizado de sua técnica de plantio (enterrando pedaços de seu caule no solo) e da técnica para remover o ácido cianídrico tóxico de suas raízes e folhas. A abundância de carboidratos propiciada pelo seu cultivo possibilitou o surgimento de grandes nações indígenas nas regiões tropicais americanas.
A "farinha de pau", como era chamada a farinha de mandioca, passou a ser um alimento básico dos marinheiros europeus que viajavam pela costa americana.
Os bandeirantes, exploradores de origem europeia que desbravaram o interior da América do Sul em busca de escravos índios, pedras e metais preciosos entre os séculos XVI e XVIII, tinham por alimentação básica a farinha de mandioca e a carne-seca.
As Folhas de Mandioca tem grande importância na cultura alimentar Moçambicana. |
Os navegadores europeus foram responsáveis pela introdução da mandioca no continente africano a partir do século XVI, que encontrando condições climáticas semelhantes às de seu território de origem, a mandioca se espalhou pelo continente africano, tornando-se um ingrediente típico da culinária africana.
Com o aumento da imigração europeia para o continente americano a partir do século XIX, o cultivo e o consumo da mandioca na América foram, em grande parte, substituídos pelos de espécies vegetais importadas como o trigo e o arroz.
Segundo Jaime Rodrigues em sua obra “De farinha, bendito seja Deus, estamos por agora muito bem”: uma históriada mandioca em perspectiva atlântica"
O trânsito alimentar intercontinental tem atraído maior atenção dos historiadores ao menos desde a década de 1970 e do estudo clássico de Alfred Crosby Jr. (1972).
No texto do historiados, o interesse recaiu sobre essas trocas como experiência global, concentrado na mandioca, vegetal que durante milênios foi domesticado pelos índios da América do Sul.
A apropriação do saber indígena representou um ganho para os conquistadores europeus, garantindo a fixação no continente e as calorias necessárias às viagens de longa distância, viabilizando o tráfico de africanos ao ser incorporado às rações de marinheiros e escravos em ambos os lados do Atlântico e na travessia, bem como na dieta de africanos em seu próprio continente.
O trânsito do vegetal e da farinha dele derivada incorporou os indígenas da América aos circuitos comerciais atlânticos.
"Comida de índios selvagens e de escravos negros no Brasil, acabou por fazer a viagem inversa, e ir alimentar em África os pais dos futuros escravos que a comeriam na sua América de origem.
As datas fogem-nos nesses mundos onde impera a transmissão oral, com referências cronológicas as mais das vezes impossíveis de reduzir a uma datação absoluta."
(Rocha, 1998, p.38)
Outra coisa surpreendente é o sol desta parte da África.
Parece brilhar mais e ser mais ardente do que o nosso.
Na beira de estradas, encontramos pessoas sentadas ao sol quebrando pedras com as mãos para serem vendidas para a construção civil. Mães que trabalham naquele sol escaldante, com os filhos amarrados às costas, e os bebês parecem confortáveis.
Moçambique é um país em reconstrução. Percebe-se que, a duras penas, a passos lentos.
São raras indústrias e pouco trabalho para a população.
Outros pratos fazem parte da dieta Zambeze, uma culinária simples mas muito rica e com sabor lusófono.
Mucuane: O prato conhecido como matapa nas outras regiões do país é feito com folhas piladas de mandioca, que são depois fervidas com dois litros de água. Junto ao preparo, adiciona-se camarão sem casca, tomate, cebola e mamão-papaia verde.
Quando a água estiver secando, o leite extraído do coco ralado é adicionado. Pode ser preparado na versão vegetariana, também muito comum, substituindo o camarão pela castanha de caju. Piripiri (pimenta moçambicana) a gosto. Frango Cafrial ou a Zambeziana:
O preparo é simples e fácil e não há muito mistério, mas mesmo assim é a receita de frango mais famosa do país e também fora dele.
O primeiro passo é abrir o frango e temperar com limão, sal, bastante alho e um fio de azeite.
O segundo é deixar a carne marinando por um bom tempo em leite de coco ralado preparado na hora.
O prato é servido com arroz de coco ou chima, uma espécie de purê de farinha de milho.
Camarão a Zambeziana:
O camarão é uma das principais economias de exportação em Moçambique e pratos com o ingrediente não faltam no país e nem na culinária zambeziana, em que o camarão vem banhado em leite de coco.
Algumas pessoas preferem prepará-lo com berinjelas envolvidas em farinha e outras preferem uma versão mais simples apenas com um toque final de limão.
Um dos acompanhamentos mais tradicionais é o quiabo à zambeziana.
Quiabo a Zambeziana:
A iguaria é acompanhamento tradicional do frango ou camarão, mas também pode ser servido sozinho com o arroz de coco. Na receita local, para evitar que solte muita baba, o quiabo é temperado com sumo de limão ou levemente fritado em óleo antes do ser cozinhado. Prepara-se então um refogado de tomates sem pele, cebola e leite de coco, onde o quiabo por fim é adicionado.
Opcional é o toque de final de pimenta piripiri, outra paixão nacional.
O turismo em Moçambique pode ser um dos caminhos e a esperança de que o mundo volte seus olhos para um lado inexplorado e belo, desta região da África
A chamada indústria que não polui, a conscientização ambiental, projetos sociais e de sustentabilidade, podem ser um dos muitos suportes para o progresso com o qual os moçambicanos tanto sonham.
Fascinante mesmo e delicioso.
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