Documentário Àkàrà: No Fogo da Intolerância debate temáticas do racismo e intolerância religiosa na matriz africana

Boa parte da cultura da Bahia se pauta no candomblé. 
As raízes deixadas pela religião de matriz africana no estado, e principalmente em Salvador, moldaram costumes, culinária, datas comemorativas e, principalmente, as crenças. 

Mas todo o histórico de luta pelo espaço e afirmação do candomblé como um elemento fundamental da cultura local estende discussões políticas, sociais e religiosas em diversos espaços, como a arte, por exemplo.
A diretora peruana Cláudia Chávez registrou, há sete anos, aquilo que hoje dá forma ao longa documental Àkàrà: No Fogo da Intolerância.
O filme, que foi produzido pela Obá Cacauê Produções em parceria com a Apus Filmes, teve seu pré-lançamento feito ontem à noite, no Espaço Itaú Glauber Rocha de Cinema. “O filme é um grito engasgado, não só meu, mas de todas as pessoas que fizeram ele possível.
É uma necessidade de diálogo, porque uma das coisas que regato é a figura da baiana de acarajé, como mulher guerreira, cabeça de família que sustenta gerações.
É uma necessidade falar delas”, disse Cláudia.
A ideia do filme surgiu após a exibição de uma matéria, produzida por ela, para o Canal Futura.
Lá, a diretora percebeu que “o tema era muito mais complexo do que achávamos”, completou. "Qualquer elemento pode ser alvo da intolerância religiosa Cláudia Chávez", diretora, sobre o debate e importância do acarajé para a cultura da Bahia Àkàrà reúne em seu enredo diversos professores, doutores, historiadores e outras figuras ativas no movimento negro, que trazem relatos e opiniões sobre a história do candomblé e a intolerância religiosa enfrentada pelas instituições e personagens marcantes.

Nomes como Hélio Santos e Jaime Sodré, Cida Abreu e Vilma Reis. “A gente precisa saber o valor do candomblé para nós. Hoje é um dia de luta”, diz Vilma.
O ato de conscientização que o longa traz se reforça ainda mais pela data do seu lançamento.

Ontem, Dia Nacional do Combate à Intolerância Religiosa, marca a data de morte de Mãe Gilda de Ogum, morta em decorrência de atos de intolerância - coincidentemente completa 20 anos de sua passagem numa terça-feira, dia de Ogum. Para a baiana Rita, que também surge como um dos principais personagens, o filme chega para ser lançado num momento necessário: “Parece que ele ficou guardado para ser lançado hoje, em uma data tão especial como essa”. Coordenadora Nacional da Associação Nacional das Baianas Acarajé desde 2009, Rita acredita que movimentos artísticos como esse fazem parte do processo de acolhimento dos elementos das religiões de matriz africana: “Esse filme faz parte desse processo de valorização da cultura do acarajé, da baiana, do candomblé”. "A intolerância é uma questão ligada ao racismo. É uma rejeição que está ligada à matriz africana", Fabíola Aquino, produtora executiva de Àkàrà, que ressalta como o movimento intolerante está totalmente vinculado ao racismo.

Fonte Correio da Bahia

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