No Brasil, o último nativo de uma tribo extinta morreu.

Um homem que vivia em auto-isolamento há quase três décadas na Amazônia brasileira, o suposto último sobrevivente de uma comunidade indígena agora extinta, foi encontrado morto, disseram autoridades.

Vista aérea da floresta amazônica no estado do Amazonas, no Brasil, tirada em 6 de junho de 2022 (imagem de ilustração).

Conhecido como o "índio Tanaru", o homem foi encontrado morto em 23 de agosto de 2022 em uma cabana de terra indígena Tanaru, anunciou a Funai, agência governamental brasileira para assuntos indígenas, no fim de semana.

"BURACO DO ÍNDIO"

Ele também foi apelidado de "Índio do buraco" por causa de seu hábito de cavar buracos profundos nas cabanas onde morava. Segundo a ONG Survival, a terra indígena Tanaru, no estado de Rondônia, na fronteira com a Bolívia, é uma ilha de selva cercada por vastas fazendas de gado, em uma das regiões mais perigosas do Brasil, principalmente devido à mineração ilegal e desmatamento.

As autoridades não informaram a idade do homem ou a causa da morte, mas disseram que não viram "nenhum sinal de violência ou luta".

26 anos passados ​​sozinho na selva após o lento desaparecimento de membros de sua comunidade

"Tudo indica que a morte foi por causas naturais", disse a Funai em nota, acrescentando que não encontrou evidências da presença de outras pessoas no local. As autoridades acreditam que o homem passou 26 anos sozinho vagando pela selva depois que membros de sua já pequena comunidade desapareceram lentamente em meados da década de 1990, quando madeireiros e fazendeiros tomaram as terras ao redor. "Com a morte dele, é o fim do genocídio desses indígenas ", disse Fiona Watson, diretora de pesquisas da Survival, que visitou o território Tanaru em 2004. "Foi um verdadeiro genocídio, a eliminação deliberada de um povo inteiro por criadores de gado ávido por terras e riquezas" ,

Segundo a Funai, a presença de grupos indígenas isolados no Brasil, sem contato com o resto do mundo, foi detectada em 114 locais diferentes. Uma avaliação que varia, porém, de acordo com os relatos. De acordo com o censo de 2010, mais de 800.000 pessoas se declaram indígenas do Brasil, um grande país de 212 milhões de habitantes. 

Mais da metade deles vive na Amazônia e muitos estão ameaçados pela exploração ilegal e em larga escala dos recursos naturais dos quais dependem para sua sobrevivência.

Na Amazônia, estradas associadas à mineração causam grandes danos ambientais. O impacto provocado pelas rodovias abertas para acessar minas pode ser 60 vezes maior que as próprias minas. https://bit.ly/fbMineracaoAmazonia


Por Sciences et Avenir com AFP em 29 de agosto de 2022 às 23h26.

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