"Caixas-Pretas Alimentares"

Ou como a indústria se apropria de elementos da cultura alimentar popular, introduzindo alimentos transgênicos, superprocessados, usando a linguagem e o universo afetivo, com vistas a oferecer “segurança e familiaridade", que camuflam as mudanças profundas na dieta e nas práticas de consumo.

Poderia passar despercebido, mas não se engane, isso faz parte de uma perigosa estratégia da indústria de processamento.

A comercialização de transgênicos é monopólio de poucas empresas estrangeiras, que se utilizam do poder econômico e político que detêm para garantir mercado para seus produtos e boicotar, de todas as formas possíveis, a produção agroecológica e familiar.


“A nossa cadeia alimentar está cada vez menos diversificada, com menos alimentos na mesa e mais alimentos processados. Isso tudo significa que a gente está ficando cada vez mais dependente do processamento de produtos de fora e estamos perdendo nossos insumos, nossas sementes, nosso material genético e nossa biodiversidade também”, avalia Naiara Bittencourt, da Articulação Nacional de Agroecologia e da organização Terra de Direitos.

"A minha infância no interior da Bahia, acordar cedo era sempre um ritual digno das mais singelas lembranças...Ver meu avô ordenhando as vacas e esperar para beber o primeiro gole de leite fresco, sentir o cheiro do cuscuz da minha avó, já quase pronto suando no cuscuzeiro, são uma das lindas lembranças que eu tenho dessa fase da vida. Em casa, o cuscuz ia à mesa todos os dias, no café da manhã e à noite, às vezes era servido também no almoço para comer com feijão, como uma farofa misturada a outros ingredientes.

Sentíamos o cheiro do cuscuz cozido de longe e quando este chegava à mesa era partilhado com alegria.                                  O preparo e a forma de servir fora passado de geração em geração e hoje, ainda, comemos como ontem, mas não tem aquele mesmo sabor e cheiro… gostaria de um dia voltar a senti-lo novamente."         CARVALHO S. M

Com este afetivo relato sobre as memória gustativa de uma das autoras de Escritos sobre o cuscuz: a comida culturalmente referenciada entre riscos e incertezas,  quando realizava sua autobiografia alimentar como exercício crítico/reflexivo alimentado pelas discussões da Disciplina de Políticas Públicas e Segurança Alimentar e Nutricional, do Programa de Pós-Graduação em Alimentação e Nutrição da Universidade Federal do Paraná. 

O texto propõe dialogar sobre a preparação do cuscuz como alimento identitário marcador de tradições alimentares regionais agora ameaçado diante dos avanços da transgenia na agricultura e do estabelecimento de modelos de consumo pela difusão massiva de produto da indústria alimentícia que se propõe substituir esta comida/preparação de raiz. Procura-se situar o debate no campo político da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN) na medida em que toma-se como horizonte teórico a crítica ao sistema agroalimentar hegemônico com suas contradições e riscos intrínsecos à sua reprodução.

Por meio de um ensaio teórico procurou-se pensar, a partir destas questões, nas imbricações entre modernidade alimentar e cultura alimentar local com seusefeitos simbólicos e ideológicos na conformação da alimentação na sociedade contemporânea.

As linhas que intencionalmente serviram como preâmbulo para o ensaio teórico que segue, expressam de maneira genuína alguns aspectos da gastroanomia alimentar que pode caracterizar nossa experiência na modernidade e que serão examinados em seus sentidos de mudança das tradições face à industrialização dos alimentos. 

Um ponto central desta modernidade alimentar, reside no enfraquecimento da força reguladora que organiza a experiência com o alimento em sua plena espontaneidade, e que, em parte se manifesta contemporaneamente em um tipo de desestruturação da gramática alimentar, com angústia e desconfiança em torno daquilo que se come (FISCHLER, 1979).

Esta autorreflexão surge no momento em que se vê diante de um pacote de farinha de milho na gôndola de supermercado. 

Após relembrar o significado e as relações que o cuscuz representava desde sua infância, ela percebe que o produto em suas mãos não preparava aquela comida afetivamente (e simbolicamente) autêntica de sua avó.

Ao constatar que não se tratava de cuscuz e questionar-se sobre o que seria então aquilo que comera ‘ingenuamente’ até aquele dia, entende que um hábito alimentar familiar, marca constitutiva de sua identidade e que fora passado de geração para geração poderia ser perdido, esquecido ou substituído. 

Como bem nos adverte Contreras (2005), o nome de um alimento pode esconder produtos consideravelmente diferenciados. E, definitivamente, o produto fabricado em um lugar distante qualquer por algum/a desconhecido/a, agora disponível para venda em pacotes identificado pelo T no triângulo amarelo (T de Transgênico), que quase instantaneamente se transforma em algo comestível, argumentar-se-á aqui não é o familiar cuscuz.

ESCRITOS SOBRE O CUSCUZ

A comida culturalmente referenciada entre riscos e incertezas

Autores

DOI: 

https://doi.org/10.21680/1982-1662.2019v2n25ID17358

Comentários

  1. Minhas desculpas a todos, mas eu tenho que compartilhar isso para ajudar uma ou duas pessoas por aí. O que mais posso dizer sobre ele, hoje sou igualmente muito grato ao Dr.Water, pois finalmente estou curado da doença do HIV que está me consumindo há mais de um ano e 6 meses. Depois de procurar diferentes meios para obter minha autocura, mas nada parece dar certo, eis que hoje posso me levantar e testemunhar ao mundo em geral que, com a ajuda da fitoterapia, me encontrei de volta aos meus pés e saudável novamente em apenas algumas semanas depois eu entrei em contato com um grande herbalista, através da ajuda em um blog que fala sobre a cura do HIV. Poucas semanas atrás, eu vi uma senhora explicando como ela foi curada também através da medicina herbal que foi enviada a ela pelo Dr.Water. Então decidi dar uma chance a esse grande homem entrando em contato com ele através de seu e-mail e número de celular, expliquei a ele quais eram meus problemas e ele prometeu que tudo ficaria bem e bem quando ele terminasse seu próprio trabalho. Eu só tinha que acreditar nele, o que eu fiz, baixo e eis que hoje estou muito feliz, pois foi tudo como uma mágica, é por isso que vim aqui para testemunhar ao mundo em geral e também para compartilhar minha experiência porque Eu sei que há muitas pessoas por aí que também estão em busca de uma cura para uma doença ou outra. Você também pode entrar em contato com DR.WATER agora para ajuda com fitoterapia através de seu WhatsApp +2349050205019, pois acredito plenamente que ele é capaz e capaz de curar o HIV / AIDS e também pode curar todas essas doenças: HEPATITE B, HPV WARTS, CÂNCER, VÍRUS HERPES SIMPLEX, ALS, DIABETES TIPO 1 & 2, INFERTILIDADE EM MASCULINO E FEMININO

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