GASTRONOMIA COMO FERRAMENTA INCLUSIVA.

Um dos mais tradicionais bairros de Salvador, recebeu no dia de ontem ( 29/01/2019) seu 1º Festival Gastronômico e cultural, o evento foi marcado pela descontração, boa comida, muito samba e como não poderia deixar de ser: Luta e resistência. 
Durante o Bingo, um mural esperto foi executado pelo grafiteiro Spray Cabuloso.

O bairro do Tororó tem a fama de boa comida, muitos bares e gente festiva, um bairro negro da cidade do Salvador, onde muitas famílias ainda mantem o habito de receber em casa, com pratos típicos.

Lá se encontram a Feijoada do Milium, o evento Ajeum da Diáspora, e do Bloco Apaches do Tororó.
Para valorizar e estimular a cultura e a gastronomia local, bem como fortalecer os laços de solidariedade e divulgar para Salvador a luta que travam pelo direito a moradia e a uma vida digna. 

O evento contou com a participação de moradores, comerciantes locais, e muitos soteropolitanos que prestigiaram o evento.
A musica deu o tom no 1º Festival de Gastronomia e Cultura do Tororó, abrindo espaço para diversos cantores baianos, como a Claudia Cunha, Sandra Simões, Pedro Moraes, Rita Tavares, Geová Nascimento, o grupo performático As Rosas da Democracia, dentre outros.











O evento foi marcado pela descontração, boa comida, muito samba 

Além disso, oficinas de brinquedos reciclados, dança Flamenca, oficina de Gastronomia com a chef Stella Maris, comida Vegana e o Brechó solidário, tudo isso embalado pelo genial grupo de Samba Botequim.



Durante o evento, a presença de Dona Maria, que bridou a todos com sua deliciosa feijoada baiana, e a venda de geleias e doces feitos pelas moradoras do bairro e muita cerveja gelada.
Dona Maria e sua deliciosa Feijoada Baiana.



Deliciosa Geleia de Pimenta feita na comunidade pela Andréa.


Durante o Bingo, um mural esperto foi executado pelo grafiteiro Spray Cabuloso.
A articulação do evento esteve a cargo do educador Walter Takemoto, e teve o apoio maciço da comunidade e cobertura da Mídia Ninja

Fui no Tororó, beber água não achei
Tororó vem do Tupi e significa jorro (de água) e conta à história que o povo soteropolitano tinha o habito de se abastecer nas águas do dique e dela surgiu a popular cantiga.
Não é difícil saber pela cantiga que Tororó se refere a uma fonte de água limpa, mas onde fica, se é que ainda existe?

Há quem acredite que a cantiga nasceu em Salvador, Bahia, capital do império na época Brasil Colônia e o Tororó não é uma simples fonte de água limpa, e sim um Dique, chamado de Dique do Tororó, o único manancial natural de Salvador tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1959, com uma lagoa de 110 metros cúbicos de água.

A população como aliada.
Muitas pessoas compareceram ao Festival, e foram dar apoio ao evento, além de muitas entidades da sociedade civil em apoio à iniciativa.
O evento marca a resistência dos moradores locais contra a intenção por parte do Prefeito ACM Neto, no intuito de relocar os moradores da comunidade, neste sentido, ingressou com ação no TJ/BA para desocupação da área, que mais de 700 famílias ocupam a mais de 10 anos, sendo que o objetivo do prefeito é construir um shopping e um estacionamento no local. 
A comunidade se reuniu e criou a sua associação de moradores e com o apoio de organizações e movimentos, como o Bákó da UFBA, IAB, Coletivo Esquerda Unida, Fórum a Cidade Também é Nossa, Movimento Não ao BRT, e estudantes e professores do SAJU da UFBA. 

Todo apoio a luta dos moradores do Tororó! #Tororóresiste 

Tororó contra a gentrificação.

Matéria do site Aldeia Nago:

Dando seguimento ao processo de expulsão do povo pobre e negro do Centro Antigo de Salvador, a administração municipal está movendo um processo de reintegração de posse – sem direito à indenização - contra 40 famílias de uma comunidade que há mais de uma década e meia vive nas imediações da Rua Monsenhor Rubem Mesquita, próximo à Estação da Lapa, no bairro do Tororó. 
A razão da expulsão das famílias de suas casas é a concessão do terreno do entorno para o Consórcio Nova Lapa (formado pela construtora Axxo, ligada à família do Prefeito ACM NETO) para a construção de um estacionamento, parte do futuro Shopping Nova Estação. 
O processo movido pela prefeitura, entretanto, vai de encontro ao que estabelece o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador (PDDU): o local trata-se de uma ZEIS (Zona Especial de Interesse Social), que são área demarcadas no território da cidade por esse instrumento de política urbana que impõe ao poder público obrigações com relação a comunidade alocada na região, a exemplo da regularização fundiária e construção de equipamentos públicos. 



É o que explica a doutora em Urbanismo e Arquitetura pela UFBA, Paula Moreira. “De acordo com o próprio PDDU (Lei 9069/2016), as Zeis devem ser dotadas de equipamentos públicos para os moradores, como creches, postos de saúde, escolas municipais e por aí vai.
O prefeito deveria estar promovendo a regularização fundiária, mas está fazendo o contrário com a expulsão em massa de moradores pobres" diz a técnica da UFBA. 

O Prefeito teve a liminar negada no processo (que corre na 8ª da Fazenda Pública), pois, mentiu que a ocupação possuía menos de um ano de existência, sem juntar qualquer prova dessa alegação. A Prefeitura entrou com recurso e a defesa da comunidade está sendo feita pelo Núcleo Fundiário da Defensoria Pública do Estado da Bahia. 

Uma das lideranças da comunidade, Roberval Santos Improta, afirma, ainda, que processo correu à revelia, já que a comunidade não soube da ação em tempo hábil e não conseguiu se organizar, estabelecendo um representante legal para defendê-la, no caso, da Defensoria”, diz. ZEIS - Ainda conforme o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), as Zeis também devem servir para assentamentos habitacionais da população de baixa renda. 

Em caso de já estarem ocupadas por assentamentos precários, como ocorre no Tororó, deve-se ter um plano específico de urbanização. 
“Diante desta perspectiva, contraditoriamente, o interesse público para a Prefeitura de Salvador não se concentra, de fato, na ZEIS e, sim, no interesse privado”, concluiu a especialista da UFBA.

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