Esparragado comida Portuguesa fruto do contato com africanos e indígenas brasileiros?
Se hoje falamos tanto em PANC'S (plantas alimentícias não convencionais), devemos compreender um pouco mais da importância destas folhas e ervas espontâneas, que foram a base inicial da alimentação no Brasil.
Os indígenas no Brasil pré descobrimento eram em sua maioria nômades, viviam do extrativismo, eram re-coletores, pescavam, caçavam, plantavam e colhiam. Fixavam-se nos vales de rios navegáveis, onde existissem terras férteis. Permaneciam num lugar por cerca de quatro anos. Depois de esgotados os recursos naturais do local, migravam para outra região, num regime semi-sedentário.
O trabalho feminino nas tribos indígenas era fundamental para a manutenção da tribo.
Cabendo às mulheres adultas, cuidar dos filhos, fornecendo-lhes alimentação e os cuidados necessários, elas também atuam na agricultura da aldeia, plantando e colhendo (mandioca, milho, feijão, arroz, etc).
As mulheres também fabricam objetos de cerâmica (vasos, potes, pratos) e preparar os alimentos para o consumo. Deveriam ainda coletar os frutos, fabricar a farinha e tecer redes (artesanato).
Com a chegada do colonizador, as cunhãs cozinhavam e preparavam os alimentos sem a mão portuguesa e confeccionavam dentro dos recursos mais próximos.
Os portugueses já haviam plantado e já colhiam os alimentos para cá por eles trazidos de sua terra como poejo, agrião, couve, cebola, alho, coentro, salsa, e as sopas já podiam ser feitas com abóbora, nabo, repolho e berinjela, adicionando o azeite de oliva vindo de Portugal, e com este novo mundo riquíssimo em legumes e vegetais trazidos pelos colonizadores durante o século XVI, as cunhãs foram aprendendo a lidar com todas essas novidades do reino alimentar orientadas pela mulher branca.
Os pratos variavam dependendo de cada casa e do gosto pelas plantas que sempre tinham em volta da casa, ou simplesmente colhiam daquilo que nascia naturalmente nos campos e brejos da propriedade.
Um detalhe interessante é que quase não havia saladas, pois nosso caboclo não assimilou direito esse costume até hoje. Esse desinteresse deixou uma rica lista de ditados populares, como “quem come folhas é lagarta” ou “comer verdura, é deitar má ventura”.
O Esparregado
O que se usava muito era o “esparregado”, que veio com os portugueses e africanos, mas pode ser de origem chinesa.
Esparregar é o ato de cozinhar, guisar as ervas, cozinhando-as bem, e depois de picadas e espremidas, temperam-se com molhos a gosto.
Os antigos roceiros dizem que esse cozimento é necessário para retirar o sumo forte dessas plantas, que causa problemas na digestão. Muitos também não comiam esse tipo de alimento à noite.
Atualmente este processo já foi modificado na cozinha, pois muitas cozinheiras simplesmente cozinham as folhas e não espremem as águas.
A palavra esparregado vem de espargo e do português antigo espargado, ou coisa que o valha.
No fundo significa preparar os espargos após cozedura espremendo-os ou picando-os, reduzindo-os a papa.
Quem diz espargo diz qualquer rebento ou erva sazonal espontânea ou cultivada, dos moirões às alabaças.
Toda a gente já comeu esparregado de espinafres ou de nabiças, mas também se pode fazer esparregado de caldo verde, de brócolos, de abóbora... Enfim o esparregado serve sobretudo para aproveitar verduras e vegetais em geral.
A utilização das ervas e folhas na alimentação de matriz africana.
Nas religiões afro-brasileiras, inúmeras plantas são utilizadas em ritos, defumações, banhos, ornamentos, sacudimentos, preceitos, oferendas, etc., além da utilização como essências. Sua utilização está ligada à magia vegetomagnética porque as plantas, além dos aspectos já comentados, são consideradas sagradas e relacionadas aos Orixás.
As plantas utilizadas nos ritos, cerimônias e oferendas das religiões afro-brasileiras, que também podem ser chamadas de ervas, estão, como tudo na matéria, ligadas às vibrações dos Orixás. Assim, cada planta está associada a um determinado Orixá de maneira mais direta e às suas correlações vibracionais com os signos, os astros, os entrecruzamentos vibracionais e as entidades espirituais. Por essa razão, são sagradas, além de assimilarem e conterem o “prana”, a energia vital emanada pelo Sol e absorvida pelas plantas. Também, por não terem consciência, essa energia é mantida pura e inalterada.
Na África, é comum consumir-se além da raiz de mandioca, também suas folhas jovens em forma de esparregado.
Em Moçambique, estas são piladas (moídas no pilão), juntamente com alho e a própria farinha seca da raiz e, depois, cozinhada normalmente com um marisco (caranguejo ou camarão); esta comida se chama matapa e é uma das mais populares da culinária moçambicana.
Em Angola, este esparregado é conhecido como kissaca.
Os indígenas no Brasil pré descobrimento eram em sua maioria nômades, viviam do extrativismo, eram re-coletores, pescavam, caçavam, plantavam e colhiam. Fixavam-se nos vales de rios navegáveis, onde existissem terras férteis. Permaneciam num lugar por cerca de quatro anos. Depois de esgotados os recursos naturais do local, migravam para outra região, num regime semi-sedentário.
O trabalho feminino nas tribos indígenas era fundamental para a manutenção da tribo.
Cabendo às mulheres adultas, cuidar dos filhos, fornecendo-lhes alimentação e os cuidados necessários, elas também atuam na agricultura da aldeia, plantando e colhendo (mandioca, milho, feijão, arroz, etc).
As mulheres também fabricam objetos de cerâmica (vasos, potes, pratos) e preparar os alimentos para o consumo. Deveriam ainda coletar os frutos, fabricar a farinha e tecer redes (artesanato).
Com a chegada do colonizador, as cunhãs cozinhavam e preparavam os alimentos sem a mão portuguesa e confeccionavam dentro dos recursos mais próximos.
Os portugueses já haviam plantado e já colhiam os alimentos para cá por eles trazidos de sua terra como poejo, agrião, couve, cebola, alho, coentro, salsa, e as sopas já podiam ser feitas com abóbora, nabo, repolho e berinjela, adicionando o azeite de oliva vindo de Portugal, e com este novo mundo riquíssimo em legumes e vegetais trazidos pelos colonizadores durante o século XVI, as cunhãs foram aprendendo a lidar com todas essas novidades do reino alimentar orientadas pela mulher branca.
Os pratos variavam dependendo de cada casa e do gosto pelas plantas que sempre tinham em volta da casa, ou simplesmente colhiam daquilo que nascia naturalmente nos campos e brejos da propriedade.
Um detalhe interessante é que quase não havia saladas, pois nosso caboclo não assimilou direito esse costume até hoje. Esse desinteresse deixou uma rica lista de ditados populares, como “quem come folhas é lagarta” ou “comer verdura, é deitar má ventura”.
O Esparregado
O que se usava muito era o “esparregado”, que veio com os portugueses e africanos, mas pode ser de origem chinesa.
Esparregar é o ato de cozinhar, guisar as ervas, cozinhando-as bem, e depois de picadas e espremidas, temperam-se com molhos a gosto.
Os antigos roceiros dizem que esse cozimento é necessário para retirar o sumo forte dessas plantas, que causa problemas na digestão. Muitos também não comiam esse tipo de alimento à noite.
Atualmente este processo já foi modificado na cozinha, pois muitas cozinheiras simplesmente cozinham as folhas e não espremem as águas.
A palavra esparregado vem de espargo e do português antigo espargado, ou coisa que o valha.
No fundo significa preparar os espargos após cozedura espremendo-os ou picando-os, reduzindo-os a papa.
Quem diz espargo diz qualquer rebento ou erva sazonal espontânea ou cultivada, dos moirões às alabaças.
Toda a gente já comeu esparregado de espinafres ou de nabiças, mas também se pode fazer esparregado de caldo verde, de brócolos, de abóbora... Enfim o esparregado serve sobretudo para aproveitar verduras e vegetais em geral.
A utilização das ervas e folhas na alimentação de matriz africana.
Nas religiões afro-brasileiras, inúmeras plantas são utilizadas em ritos, defumações, banhos, ornamentos, sacudimentos, preceitos, oferendas, etc., além da utilização como essências. Sua utilização está ligada à magia vegetomagnética porque as plantas, além dos aspectos já comentados, são consideradas sagradas e relacionadas aos Orixás.
As plantas utilizadas nos ritos, cerimônias e oferendas das religiões afro-brasileiras, que também podem ser chamadas de ervas, estão, como tudo na matéria, ligadas às vibrações dos Orixás. Assim, cada planta está associada a um determinado Orixá de maneira mais direta e às suas correlações vibracionais com os signos, os astros, os entrecruzamentos vibracionais e as entidades espirituais. Por essa razão, são sagradas, além de assimilarem e conterem o “prana”, a energia vital emanada pelo Sol e absorvida pelas plantas. Também, por não terem consciência, essa energia é mantida pura e inalterada.
Na África, é comum consumir-se além da raiz de mandioca, também suas folhas jovens em forma de esparregado.
Em Moçambique, estas são piladas (moídas no pilão), juntamente com alho e a própria farinha seca da raiz e, depois, cozinhada normalmente com um marisco (caranguejo ou camarão); esta comida se chama matapa e é uma das mais populares da culinária moçambicana.
Em Angola, este esparregado é conhecido como kissaca.
Fantástico este post. Sempre aprendendo com o mestre Alicio. Cozinhar é reproduzir a cultura.
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