Doce Dendém!

Contam que o cantor e compositor baiano Caetano Veloso, ao dar os primeiros passos, ouvia uma canção "Dandá pra ganhar Dendém", lenda urbana ou não, o importante é que o "Dendém" como chamam os Angolanos os frutos do dendezeiro, é também usado na Doçaria, onde passa  por um processo de feitura bem tradicional.

São os Dendén Caramelados ou Cristalizados, que tivemos a oportunidade de recriar no evento da "Feita do Dendê" na comunidade Agrovila do Pinhão Roxo.

Os portugueses influenciaram a comida tradicional angolana no sentido europeu de temperar com especiarias e técnicas de assar e marinar. 

Foram eles também que despertaram entre os Angolanos, os requintes da doçaria.

Essas influências se misturaram à culinária local e produziram novas receitas interessantes. Existem algumas diferenças entre os ingredientes utilizados na cozinha do litoral angolano e os utilizados na cozinha continental.

Entanto, Angola é um país grande com muitos sabores regionais e culturas étnicas, mas um dos elementos que têm em comum é o fato de os angolanos gostarem da sua comida apimentada. 

A cozinha angolana é variada e saborosa, com pratos típicos à base de peixe,produtos de mandioca e ensopados picantes.

A cana-de-açúcar é, talvez, o único produto de origem agrícola destinado à alimentação que ao longo dos séculos foi alvo de disputas e conquistas, mobilizando homens e nações. 

A planta que dá origem ao produto encontrou lugar ideal no Brasil. 

Durante o Império, o país dependeu basicamente do cultivo da cana e da exportação do açúcar. 

Calcula-se que naquele período da história, a exportação do açúcar rendeu ao Brasil cinco vezes mais que as divisas proporcionadas por todos os outros produtos agrícolas destinados ao mercado externo.

Foi na Nova Guiné que o homem teve o primeiro contato com a cana-de-açúcar. 

De lá, a planta foi para a Índia. 

No "Atharvaveda", o livro dos Vedas, há um trecho curioso: "Esta planta brotou do mel; com mel a arrancamos; nasceu a doçura.....Eu te enlaço com uma grinalda de cana-de-açúcar, para que me não sejas esquiva, para que te enamores de mim, para que não me sejas infiel". 

A palavra "açúcar" é derivado de "shakkar" ou açúcar em sânscrito, antiga língua da Índia.

Gabriel Soares de Souza, agricultor e empresario e historiador Português, que viveu na Bahia entre os anos 1565 e 1569, nós informa que “as palmeiras dão cocos, se dão na Bahia melhor que na Índia (…) foram os primeiros cocos à Bahia de Cabo Verde donde se enchem a terra e onde frutifica dos cinco para os seis anos”. (Souza, Soares de. Noticias do Brasil.)

Desconhecida no Ocidente, a cana-de-açúcar foi observada por alguns generais de Alexandre, o Grande, em 327 a.C e mais tarde, no século XI, durante as Cruzadas. 

Os árabes introduziram seu cultivo no Egito no século X e pelo Mar Mediterrâneo, em Chipre, na Sicília e na Espanha. Credita-se aos egípcios o desenvolvimento do processo de clarificação do caldo da cana e um açúcar de alta qualidade para a época.

O açúcar era consumido por reis e nobres na Europa, que a adquiriam de mercadores monopolistas, que mantinham relações comerciais com o Oriente, a fonte de abastecimento do produto. 

Por ser fonte de energia para o organismo, os médicos forneciam açúcar em grãos para a recuperação ou alívio dos moribundos. No início do século XIV, há registros de comercialização de açúcar por quantias que hoje seriam equivalentes R$ 200,00/kg. 

Por isso, quantidades de açúcar eram registradas em testamento por reis e nobres.

A Europa rumava para uma nova fase histórica, o Renascimento, com a ascensão do comércio, entre outras atividades. 

O comércio feito por vias marítimas, pois os senhores feudais cobravam altos tributos pelos comboios que passavam pelas suas terras ou, simplesmente, incentivavam o saque de mercadorias. Portugal, por sua posição geográfica, era passagem obrigatória para as naus carregadas de mercadorias. 

Isso estimulou a introdução da cana-de-açúcar na Ilha da Madeira (Portugal), que foi o laboratório para a cultura de cana e de produção de açúcar que mais tarde se expandiria com a descoberta da América.

CHEGADA AO BRASIL 

Cristóvão Colombo, genro de um grande produtor de açúcar na Ilha Madeira, introduziu o plantio da cana na América, em sua segunda viagem ao continente, em 1493, onde hoje é a República Dominicana. Quando os espanhóis descobriram o ouro e a prata das civilizações Azetca e Inca, no início do século XVI, o cultivo da cana e a produção de açúcar foram esquecidos.

Oficialmente, foi Martim Affonso de Souza que em 1532 trouxe a primeira muda de cana ao Brasil e iniciou seu cultivo na Capitania de São Vicente. Lá, ele próprio construiu o primeiro engenho de açúcar. 

Mas foi no Nordeste, principalmente nas Capitanias de Pernambuco e da Bahia, que os engenhos de açúcar se multiplicaram.

Visão Geral da História da Cozinha Angolana

Angola é um país do sudoeste da África rodeado pela Namíbia, a República Democrática do Congo, a Zâmbia e o Oceano Atlântico no lado ocidental. Antiga colónia de Portugal, Angola tem uma história turbulenta, culminando com a longa guerra civil de 27 anos que terminou há quatro. 

Angola foi colónia de Portugal durante muitos anos, e sua cozinha sofreu influência sutil, mas difusa. 

Ocuparam Angola no final do século XV e retiraram-se em 1957. 

As Cozinhas tradicionais de Angola

Angola é um grande país que tem dezoito províncias muito diferentes em termos de alimentos e gastronomia específicos.

A província do Bengo foi o berço de um dos pratos angolanos mais populares, o Kakusso, enquanto na província de Cabinda, separada do resto de Angola, as influências do Congo afectaram a cozinha tradicional. 

Outra culinária especial é a encontrada na província de Huila, onde residem as tribos Buchiman. A sua comida é muito diferente do resto de Angola e a gastronomia não mudou nos últimos 1000 anos. 

As águas da costa da província de Naimbé são o lar de caranguejos e mexilhões, bem como de muitos outros tipos de frutos do mar. É por isso que nesta província o ingrediente mais utilizado é o peixe. 

Nas aldeias situadas no Centro de Angola, as refeições são preparadas com leite, coalhada e soro de leite. Muitos pratos consistem em vegetais verdes cozidos no vapor ou fervidos, ervilhas, feijões e cereais, amido de mandioca , inhame e batata doce completam uma dieta diária. Existem quatro grandes grupos étnicos em Angola e cada um deles tem a sua cozinha tradicional. 

Os Ovimbundu residem nas terras altas centrais e no sudeste de Angola. 

Os Ovimbundu são tradicionalmente agricultores e por isso os principais ingredientes utilizados são a mandioca , o milhoe massambala. 

O Kimbundu vive dentro e ao redor de Luanda e para o leste. O contato prolongado com os governantes coloniais portugueses influenciou sua culinária, tornando-a muito semelhante à culinária portuguesa.

Os Bakongo estão geralmente concentrados no noroeste e em áreas adjacentes ao Congo, República Democrática do Congo e Província de Cabinda. Alguns dos pratos mais populares aqui são Doro Wat (uma galinhaguisado) e Nitter Kibeh (um molho amanteigado). 

A Lunda e o Chokwe ocupam o sector nordeste de Angola, com sucursais também na República Democrática do Congo. A sua cozinha é muito semelhante à do Congo, com pratos como Muamba Nsusu e Mbika com carne. 

A cozinha angolana pode ser chamada de 'cozinha arco-íris' porque integrou influências da Índia, Malásia e Europa. 

A comida é uma mistura de muitas culturas na maioria das regiões de Angola.

As técnicas de cozinha na cozinha angolana incluem frequentemente a combinação de peixe e carne. 

Peixe em flocos e seco às vezes é cozido com frango , inhame , cebola, vários temperos e água para preparar um ensopado aromatizado ou frito em óleo, ovos e frango , bem como frutos do mar são os preferidos. 

Cozinhar é feito de várias maneiras, como assar, assar, ferver, esmagar e temperar. Ingredientes como mandioca , amendoim e pimenta malagueta chegaram junto com o tráfico de escravos no século XV e influenciaram muito a gastronomia angolana, mas não tanto os métodos de preparação, que permaneceram principalmente tradicionais. 

Os ingredientes mais utilizados na cozinha angolana são a mandioca e a banana-da-terra. plantas de mandioca são principalmente consumidas como verduras cozidas. 

As carnes mais tradicionais que ainda são consumidas em algumas partes de Angola são as que são caçadas nas florestas (crocodilo, macaco ou javali).

A cozinha angolana não requer nenhum equipamento especial. No entanto, uma assadeira é essencial. Você também precisará de recipientes de armazenamento para os condimentos e uma panela grande.

Mesmo que a comida angolana seja tão diversa, os métodos e equipamentos de cozinha são básicos.

Se decidir cozinhar um prato da cozinha angolana, o principal desafio será encontrar os ingredientes certos. Você pode usar como equipamento de cozinha os pratos que costuma usar.

Porém, existem algumas receitas raras e exóticas que pertencem à culinária tribal e que precisam de algum equipamento especial para serem preparadas. Claro, você pode usar seus utensílios de cozinha normais, mas o sabor não seria o mesmo. 

Alguns deles são o forno de barro tradicional usado para cozinhar pão, as três pedras de cozimento (dispostas em um triângulo) usadas para assar pães ou bolos e o fogão a querosene, que tem a principal vantagem de cozinhar a comida muito rápido, mas libera um odor forte. Uma ferramenta tradicional para cozinhar é o queimador de carvão. O carvão é colocado em cima de uma grelha e uma panela é colocada em cima. Existem orifícios na placa para permitir que as cinzas caiam no compartimento inferior. O carvão é aceso colocando papéis e gravetos no compartimento inferior. Assim que o fogo acende, a pequena porta do compartimento inferior é fechada.

Uma das sobremesas angolanas mais conhecidas, a Cocada Amarela mostra até que ponto os chefes angolanos têm levado a arte da cozinha na procura de um sabor que combine os ingredientes tradicionais africanos com o gosto europeu. Os ingredientes principais deste prato são cravo, açúcar , coco , gemas de ovo e canela .


Receita dos Doces Dendém

Ingredientes:

1kg de sementes de Dendê 

600 gm de rapadura 

Canela, 3 cravos, um pedacinho de casca de laranja

Açúcar cristal.


Modo de fazer:

Picar a rapadura, e levar ao fogo até estar bem derretido, acrescentar o cravo, a canela, a casa de laranja.

Acrescente as sementes de Dendê, previamente lavadas, e retiradas das pontas.

Deixar cozer por cerca de 30 minutos, retirar do fogo, e jogar num prato com o açúcar cristal, tendo o cuidado de não deixar formar grupos de açúcar, retire e coloque para secar numa Arupemba ( peneira)

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Comentários

  1. Sensacional, eu pesquiso um pouco da cozinha Angolana, já fiz uma receita de Muamba, que postei no face, com frango, quiabo, dendê e polenta mole de milho branco. Muita precioso seu texto, mas sinto uma falta imensa de uma bibliografia, isto é, da relação de suas bibliografias, isto é das suas fontes consultadas Alicio. um beijo

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