As PANCs na Cozinha da Bahia.

As PANCs abreviatura para Plantas Alimentícias não Convencionais, são um repositório cultural de suma importância, demonstram o respeito elevado das populações de menor expressão na sociedade pela natureza e seus recursos. 
Registro do primeiro encontro sobre as Pancs Pesquisa para série de tv sobre Pancs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) na Culinária Baiana.



























Este trabalho tem importância fundamental, pois a partir dela, será possível fazer um registro e trazer a luz, a utilização deste vasto material alimentar e resgatar formas tradicionais (para determinadas comunidades) da utilização da flora para consumo alimentar e a manutenção dos saberes tradicionais da Cozinha Baiana. 
A traves de um cadastro das PANc apresentadas, vamos tentando elaborar pratos, com elementos dos mais significativos da nossa cultura, para isso devemos defini-las em 4 categorias básicas, para facilitar a utilização em preparos elaborados. 
Bases da utilização das PANCs em preparações compostas por diferentes ingredientes, utilizadas para facilitar a confecção de determinadas produções culinárias; sevem também para modificar ou melhorar o sabor, a textura, a cor e o aroma dos alimentos. 



Cozinhando com os sentidos. 
Faz-se necessário alguns esclarecimentos à cerca da compreensão do saber e da utilização das PANCs, enquanto fontes alimentícias na culinária da Bahia. 
É necessário despir-se em primeiro lugar de preconceitos e estar aberto ao olhar diferenciado da forma como entendemos á cozinha ocidental tradicional e entender que muito da tradição da utilização destas ervas, plantas, raízes, fazem parte da herança africana em nossa mesa. 
Ao logo dos séculos, estes saberes foram sendo omitidos ou deturpados, em nome de uma categorização ou padronização, além da sua assimilação pelo mercado do turismo, sem nós darmos conta que esta construção, que herdamos, vem de um histórico de variações, de flutuações e versões sucessivas e reelaborações. 

O preparo de alimentos da culinária baiana, nasce do conhecimento oral, de fontes empíricas, não seguindo uma norma convencional, preconcebida, como uma formula padronizada, e sim, muito mais da relação corpórea entre o agente que prepara o alimento, e o alimento em si. 
Muitos destes alimentos, trazem na sua gênese a correlação com o divino, das vivencias com a cosmogonia africana, sendo uma ilusão pretender restringi-la a uma concepção completa e definitiva. 

Cozinha-se com o corpo, num ato complexo, onde a elaboração do alimento mistura-se aos sons, aos cheiros as formas de preparo e técnicas intuitivas, ritos simbólicos, um complexo conjunto, reflexo de uma realidade dinâmica. 
Feita esta ressalva, vimos a necessidade de tentar rastear o simbólico do ato, diferentemente do olhar antropocêntrico que justifica uma análise da feitura destes alimentos, tomando como base a cultura culinária ocidental. 
Podemos afirmar que a inter-relação, tem suas origens na grande oferta de elementos da flora e fauna aquática, trazida pelos africanos que aqui chegaram como escravos, sendo incorporados aos seus preparos com maior força, os farináceos, as raízes e muitas plantas aos que hoje conhecemos como PANCs.

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