Arquitetura árabe chega ao Brasil nas naus portuguesas e depois com imigração sírio-libanesa

A palavra Taipa provém do Árabe TABIK, “parede de ladrilhos”.

Depois de 500 anos na Península Ibérica, ficou conhecido no Castelhano como TAPIA, “parede de terra socada”, de origem imitativa das pancadas que se dá no material para assentá-lo.

As casas de taipa são feitas basicamente de barro e madeira. A primeira vista algo frágil, mas que demonstrou que, apesar dos elementos simples, erguidos com as próprias mãos, é forte e duradoura. Tradição que, se moldou através da cultura e perpetua durante os tempos.

Incombustível e isolante térmico por natureza, a taipa foi empregue na arquitetura de fortificações por diversos povos desde a Idade Antiga, destacando-se a China, que a utilizou em extensos trechos da Muralha da China, e a cultura islâmica, inclusive em algumas fortificações na península Ibérica, em particular na região do Algarve, tendo sido os mouros os responsáveis pela sua introdução na península Ibérica.

Ao Brasil, os árabes chegaram significativamente no final do século XIX e início do XX vindos da região que hoje são Líbano e Síria. Mas sua influência arquitetônica chega muito antes ao Brasil, na carga cultural que os portugueses trouxeram à parte do continente americano que iriam dominar, na qual destruíram e construíram.

E com os colonizadores, a influência arquitetônica é muito diferente daquela que observamos no prédio que foi a sede da prefeitura de São Paulo. 

Fonte de referência é o livro Da Senzala ao Sobrado: arquitetura brasileira na Nigéria e na República Popular do Benim.

Marianno Carneiro da Cunha (1926-1980) estudou filosofia na Universidade de São Paulo e realizou seu doutorado sobre o pensamento religioso da Babilônia na École des Hautes Études de Paris.

No Museu de Arqueologia e Etnologia da USP desenvolveu seus estudos sobre a África, onde também lecionou na Universidade de Ifé, Nigéria.

O livro, editado pela primeira vez em 1985, é o resultados das pesquisas desenvolvidas por Marianno na Nigéria e na República Popular do Benim, entre 1975 e 76.

A publicação bilíngue, em português e inglês, conta com uma Introdução de Manuela Carneiro da Cunha que, em vários aspectos, complementa o estudo de Marianno e com um importante ensaio fotográfico de Pierre Verger sobre a influência da arquitetura brasileira nessa região africana.

Taipa de Mão

Está técnica também chamada de pau-a-pique, taipa de sopapo, taipa de sebe ou barro armado, choças, foi identificada a populações pobres e marginais, foi historicamente discriminadas, pelo uso de materiais baratos e tidos como insalubres. É uma técnica em que as paredes tramadas de paus verticais e horizontais, equidistantes, e alternadamente dispostos. 

Essa trama era fixada verticalmente na estrutura do edifício e tinha seus vãos preenchidos com barro, atirado por duas pessoas simultaneamente uma de cada lado.  A trama era feita de madeira ou bambu e cipó ou outro material para amarrá-la. O barro e a água são amassados com os pés e, depois de amassados é misturado à fibra vegetal, como capim ou palha.

Lygia Rocco, arquiteta e mestranda da USP, diz que a influência árabe-andaluza de origem ibérica se nota melhor no Norte-Nordeste, pólo do desenvolvimento inicial do Brasil colonizado. “As influências nas construções chegam através dos árabes e seus descendentes, os moçárabes, já assimilados na península Ibérica, pois oito séculos de convivência geraram uma fusão de culturas. 

E os moçárabes estão entre os primeiros povoadores e colonizadores do Brasil”. Uma importante influência que chega nessa época é na técnica construtiva, na utilização da terra para a estrutura da edificação – o adobe, a taipa e o tijolo cozido. Além disso, “os muros caiados de branco e a decoração das paredes com tijolos de barros formando padrões geométricos também são de influência árabe”, explica Lygia. 

Essa forma de construção surge com a vida no deserto, o que fez com que os árabes tivessem que adaptar suas moradias a um clima pouco ameno, na maior parte do tempo seco e com temperaturas altas. Andrea Piccini, arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura da USP, diz que a técnica construtiva que iria influenciar portugueses e espanhóis, e depois o Brasil, tinha como característica ser adaptada ao clima e ecologicamente perfeita. “Eles construíam com barro e adobe, ou seja, ecologicamente adaptada, pois era um lugar no qual chove poucas vezes. 

Em algumas regiões, como o Saara, ela é recoberta com giz, cal branca”. Esse material, segundo Andrea, era utilizado em desenhos de casas que procuravam ser fechadas para a visão externa por motivos de segurança, sem janelas, como se fosse uma pequena fortaleza, mas aberta por dentro, através de um pátio no centro da casa. Por ali, entrava a iluminação do dia e a pouca água das chuvas. 

Depois, com o islã, a cultura árabe acompanha a expansão do Império que nasce com Muhammad e, nesse caminho, a arquitetura árabe ganham contornos locais por onde se estabelece, como no mediterrâneo e na península Ibérica. 

A influência da técnica construtiva árabe que chega ao Brasil depois de passar pelos portugueses também se adapta ao clima sul-americano. Lygia explica que na região Nordeste, diferente das regiões desérticas do Oriente Médio, não há uma noite tão fria. Além disso, por se situar na zona tropical quente e úmida, o Brasil tem uma maior incidência de chuvas.

“A utilização da argila e da terra para a elaboração do fechamento e também como estrutura nas edificações é um bom isolante térmico, mas precisa ser protegida da chuva, o que é feito pela utilização de beirais nos telhados.

Também o cozimento da argila a torna mais durável”, explica Lygia. Já no século XX, a influência árabe chega de forma direta ao Brasil, através dos sírios e libaneses. São Paulo, mais do que a influência árabe-andaluza, recebe uma carga cultural maior desses árabes imigrantes.

E isso se reflete na arquitetura. “É também um momento forte de imigração de outros povos, italianos, alemães, por exemplo. É o período do sincretismo na arquitetura, quando são utilizados elementos de vários tipos e períodos, como o gótico e o neoclássico. 

As edificações rígidas misturam vários aspectos.

No palácios das Indústrias, as torres lembram os minaretes do norte da África e suas arcadas”, explica Lygia. 

No Brasil foi largamente utilizada no período colonial, sobretudo na região Sudeste, na região metropolitana  de São Paulo encontramos várias cidades com exemplos desse tipo de construção e na capital paulista dois grandes exemplos são o Pátio do Colégio (imagem acima) local da fundação da cidade e o Museu de Arte Sacra, entre outros.

Grande parte das igrejas e construções de dois ou mais pavimentos foram edificadas com a técnica de taipa-de-pilão. Durante o ciclo do ouro em cidades como Ouro Preto, Congonhas e Diamantina, a técnica teve seu período de excelência.

Exemplos mais claros da influência árabe no Brasil podem ser vistos nos balcões rótulas de Olinda, os muxarabis de Diamantina, a taipa de pilão da Casa do Padre Inácio em Cotia e no revestimento dos azulejos da Igreja da Pampulha.

Fonte: ICArabe, desde 2003 promovendo a cultura árabe no Brasil.

Comentários

  1. Deixe isso servir como um salvador para você e amado uma vez. No sagrado coração eu digo;
    As palavras sozinhas não podem expressar o quão satisfeito eu me sinto em meu coração por ter sido certificado como livre de herpes zoster depois de usar remédios de ervas do médico Whites. Por favor, esteja informado que uma pessoa doente não deseja castelos, carros poderosos ou gadgets, certificados ou posição política, ele simplesmente quer ser saudável. Se tudo o que você deseja é a cura permanente para essa doença, desafio você a entrar em contato com o centro de cura do Dr. White no WhatsApp: +2349091844595 ou e-mail em / DRWHITETHEHIVHEALER@GMAIL.COM.
    (Se um médico disser para continuar gerenciando sua condição, então obviamente ele não pode ajudar). Cura de ervas brancas. Eu só li sobre esse curandeiro altruísta a partir de testemunhos que recebi de pesquisas no Google, entrei em contato com ele e ele me deu sua condição de cura que eu segui estritamente em 3 semanas, fui certificado livre de herpes zoster. Pare de gerenciar essa condição de saúde e acabe com ela. Desejo que tantos quantos receberem esta mensagem sejam salvos. Eu sou um testemunho deixando para a cura de:
    HIV/AIDS, Câncer, hipertensão, Hepatite A,B,C,D,E. Herpes genital e oral, verrugas genitais e muito mais
    #siaoromafaith@gmail.com#

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas