Intolerância ou Vandalismo?

A Baiana símbolo da Abam (Associação Nacional das Baianas de Acarajé)situada nPraça da Sé, porta de entrada do Turismo Baiano, foi totalmente consumida pelo fogo na manhã do dia 14.12.2019, destruindo um personagem que faz parte da identidade visual, e pondo em risco todo o acervo da instituição.
Sob o olhar atônito das responsáveis pelo espaço, que se perguntavam, se seria um ato de Intolerância Religiosa ou Vandalismo? 
A Baiana simbolo da ABAM onde os turistas pousavam para fotos, foi totalmente destruída pelo fogo na manhã do dia 14.12.

Antes de tudo devemos considerar que não e a primeira vez que Salvador registra fatos muito estranhos relacionados a imagem das Baianas de Acarajé.



O recrudescimento do discurso de ódio, as perseguições a minorias, os atos de vandalismo, ou mesmo de intolerância religiosa, merecem o repudio e repressão veemente de todos os baianos e brasileiros, o fato é uma afronta as nossa raízes culturais e a princípios civilizatórios.

A pouco mais de dois meses, na 13ª edição da CowParade, uma das esculturas de gosto duvidoso, e claro cunho racista, surpreendeu a muitas pessoas num bairro nobre da cidade, vindo a ser removido por pressão popular.
A escultura de uma vaca, foi pintada e apresentada como uma baiana do acarajé, e causou polêmica nas redes sociais e acabou sendo retirada do bairro da Graça. 


A esculturas de gosto duvidoso, e claro cunho racista, surpreendeu a muitas pessoas num bairro nobre da cidade, vindo a ser removido por pressão popular.

A pouco mais de
três anos a ABAM, teve seu espaço arrombado e muitos dos objetos foram roubados.
Não seria também novidade apontar, a perseguição que muitas casas de candomblé, vem sofrendo, por intolerância religiosa, no Recôncavo e em muitas cidades do Brasil.
Este clima de perseguição aos cultos de origem africana no Brasil, desde a década de 1920, se registram a demonização da religião trazida pelos negros escravizados no Brasil.
Ao longo do século 19, sob as diretrizes do higienismo, a polícia apreendeu imagens de orixás, ferramentas de culto e outros objetos sagrados que até hoje estão em posse do Museu da Polícia Civil, mais de um século depois, fiéis e descendentes dos pais de santo da época ainda lutam para tirar essas peças do de lá e levá-las de volta para os terreiros.

A violência seguiu nos anos 1930 durante o governo de Getúlio Vargas, as crenças afro-brasileiras tomaram proporções de “atraso cultural”. 
Vários terreiros foram invadidos e destruídos pelo Estado, batuques de tambores e atabaques foram proibidos e a prática da imolação animal passou a ser encarada como “anti-higiênica e cruel”. 
Tudo isso enquanto a intelectualidade começava a se interessar por essas religiões e o samba nascia nos mesmos nos mesmos terreiros criminalizados. 

"Uma cidade de maioria negra, Salvador, ainda registra grandes índices de desigualdade social, falta de acesso a educação e saneamento básico, menores taxas de emprego, não pode dar espaço a destruição seus ícones e cabe ao estado deve repudiar tais ações."

O Patrimônio material e imaterial público é tudo aquilo que pertence à população, que é mantido pelos impostos que todos nós pagamos mensalmente, além de ser também aquilo que nós temos o dever de respeitar e preservar para que tais patrimônios continuem fazendo parte da nossa cidade, por tanto merece nosso respeito e atenção. 

O Memorial das Baianas de Acarajé é um espaço dedicado à história e à tradição do ofício das baianas de acarajé. Contudo, essa compreensão memorial está também para além dessas paredes.

Nos largos e praças, nas festas populares, está na própria experiência de comer um acarajé, de sentar-se ao lado da baiana, de reconhecer o cheiro do azeite de dendê lá da outra esquina.O Memorial foi inaugurado no centro histórico de Salvador em junho de 2009. 
Como o nome sugere, o espaço é dedicado à tradição e história das mulheres que comercializam a comida típica da Bahia, feita com massa de feijão-fradinho e que leva pimenta, camarão seco, vatapá, caruru e salada.
O local, registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ministério da Cultura (Iphan/MinC) como Patrimônio Cultural do Brasil, conta com espaços expositivos e de documentação.
No espaço o visitante encontra, por exemplo, adereços, artesanatos e alguns instrumentos gastronômicos utilizados por elas, uma maneira de salvaguardar o oficio, com a ideia de mostrar para a população e para os visitantes como é, como começou e até onde está indo a questão da profissão da baiana de acarajé, com fotos, objetos, indumentária e dois vídeos.

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