Agroecologia reconstrói o caminho da sustentabilidade

A história da agricultura familiar é muito bonita e recheada de avanços e retrocessos. 
O agricultor ou agricultora familiar, ao longo da história da agricultura, já experimentou muitas práticas e trilhou diversos caminhos. 
Produtores Familiares de Algodão Sustentáveis e Caititu Minas Gerais @Cilene Marcondes
Alguns foram positivos, apresentaram bons resultados, e outros trouxeram muitos desastres à vida das famílias e ao meio ambiente. 
Pode-se afirmar que, a princípio, tudo era perfeito. 
Quem regia o equilíbrio era a própria natureza —os agricultores produziam e a natureza ensinava-lhes como obter alimentos saudáveis conforme as suas necessidades, sem desequilibrar o ecossistema. 
As experiências foram repassadas de geração a geração e a produção era abundante, suficientemente para o consumo familiar e para alimentar as populações urbanas com a venda do excedente. Produtores familiares de algodão sustentável em Catuti (MG) Produtores familiares de algodão sustentável em Catuti (MG) - Cilene Marcondes Veio o denominado pacote verde (década de 1960), estimulado por programas governamentais voltados à agricultura e que, em nome do desenvolvimento, apresentou falsas vantagens e conseguiu destruir toda uma trajetória de conhecimento sustentável. Em lugar das boas práticas, o pacote implantou formas de manejo insustentável, destruindo o acúmulo de conhecimento coletivo e, em seu lugar, impondo receitas geradoras de dependência e desequilíbrio ambiental. 

O Centro de Educação Popular e Formação Social está precisando de recursos para continuar seu trabalho de amparo às famílias do semiárido. 
Mas a resistência de algumas práticas aos poucos foi trazendo de volta a construção coletiva do conhecimento, a partir do referencial da agroecologia como caminho para superação dos desastres provocados pelo famoso pacote verde —que de verde só teve o nome. 
Renasce, portanto, a esperançar de se ter uma agricultura sustentável onde o maior referencial de aprendizado é a própria natureza, com sua diversidade que permite sustentabilidade e oportunidade de usufruto a partir das necessidades dos seres que habitam o planeta. 
No semiárido brasileiro, por conta da escassez de recursos hídricos provocada pelas estiagens prolongadas, é possível que o desastre provocado pelo famoso pacote verde tenha sido ainda maior do que em outros biomas.
Entretanto, semelhante ao que ocorreu em outros biomas, a partir da partilha do saber, do compartilhar de experiências vividas com sucesso e também dos erros, foi possível recuperar a grande riqueza de conhecimento dos agricultores e agricultoras. Isso ocorreu graças à ação de muitas organizações da sociedade civil que, diante do desastre provocado pelo pacote verde, passaram a estimular o resgate do conhecimento tradicional.
Esses agentes juntaram seus esforços para estimular os agricultores e agricultoras de base familiar para uma abordagem interna nos sistemas produtivos, envolvendo a redução do uso de insumos químicos, o manejo da biodiversidade e a reestruturação dos sistemas produtivos. Mas também por uma abordagem externa, onde se compartilha as experiências bem-sucedidas e também o que não deu certo, dinamizando a construção coletiva de conhecimento para superar os obstáculos que surgem no dia a dia. Sem dúvida esse é um grande patrimônio da agricultura familiar.
É uma grande contribuição desse segmento da produção agrícola, que, embora não seja reconhecida, é quem coloca a maior parte da comida na mesa da sociedade brasileira. Você já parou para pensar sobre como contribuir para que esse patrimônio possa crescer cada vez mais?Talvez bem perto de você tenha um trabalho importante na parte de produção agrícola, usando os referências da agroecologia. Torne-se um defensor dessa causa.
Dialogue com outras pessoas e ajude a ampliar essa corrente em prol de uma agricultura agroecológica, sustentável e saudável. 
Assuma uma atitude concreta em relação a um projeto que trabalha o resgate e o compartilhamento de práticas de uso sustentável dos recursos naturais na produção de alimentos saudáveis. Seja um doador para que o projeto que você conheceu possa ampliar sua capacidade de atuação. Compartilhe as experiências bem-sucedidas que vier a conhecer como caminho para inspiração e reaplicação. Assim, estaremos dando a nossa contribuição como cidadãos e cidadãs. 
José Dias Formado em ciências econômicas, é coordenador e captador de recursos do Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS). É empreendedor social da Ashoka e da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.

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