Arqueologia do Mestre Chicão de Igatu, poeta dos detalhes.

Em nossa estada em Igatu, tivemos a oportunidade de conhecer e estar com Mestre Chicão, ex garimpeiro, hoje se dedica a arte e a confecção de licores e bebidas,(Se estiver por Igatu, não deixe de provar o "Espíritus" feito com uvas da região) sendo o que mais me chamou a atenção foi seu trabalho artístico, e etnológico, um Gaudí em essência.

Chicão faz um grande resgate da mineração, a traves de mosaicos feitos com cacos de louças, pequenas garrafas e vidros recolhidos em suas andanças, e aplica em suportes diversos, com muita poesia Chicão registra um momento histórico desta região, resinificando o trabalho minucioso do garimpo. 
Chicão de Igatú, artista essencial. 
"Quando "Desejo" é reduzido à consumo, qualquer possibilidade de gozo é suprimida, sobram apenas necessidades involuntárias, a mais perfeita forma de escravidão, a apatia. Vida é sonho, e sonho é reflexo do desejo, sem espaço à passividade. E os sonhos, sonhos são." 
Calderón Libertário

Igatu, teve momentos áureos no ciclo do diamante, uma região que teve seu apogeu no final do seculo XVIII, e registrou a passagem de muitos estrangeiros na região, de deslocamento de muares que comprovam o fausto vivido pela região. 
Mestre Chicão, figura simpática, nos acolheu e em sua profunda simplicidade, mostrou sua grandeza. 
Igatu é um distrito do município de Andaraí, no estado da Bahia, no Brasil. 

Possui um casario histórico de pedra, do século XIX, resquício da época do Ciclo do Diamante na região da Chapada Diamantina. Por esta sua característica, o distrito é conhecido pelo apelido de "Machu Picchu baiana",numa referência à histórica cidade peruana de pedra. 

A "Vila de Igatu", antes denominada "Xique-Xique de Igatu", na primeira fase do garimpo de diamantes, durante o século XIX, foi um próspero povoado no alto da serra, perto da cidade de Andaraí. Com o declínio da produção de diamantes, a cidade praticamente foi abandonada, restando casas fechadas, ruínas e poucos moradores. 
Na área urbana do distrito de Igatu residiam, em 2010, 360 habitantes. 
Muito pouco se comparado aos antigos habitantes: outrora, eram cerca de 9 000.
Historia de Garimpeiros.
A maioria dos garimpeiros construía suas casas utilizando as pedras abundantes no local, numa espécie de construção sem argamassa. Depois de abandonadas, as casas viraram ruínas que lembram as construções de civilizações remotas.
 As explorações eram feitas nas margens ou no leito dos ribeirões, quando a ausência de chuvas permitia. 

Misturado ao cascalho, esse era o ouro de aluvião, de extração mais fácil. Uma vez esgotado o metal amarelo, o principal problema era o do volume das águas que tinha que ser contido com sistemas de represamento, diques e canais, chamados serviços de rio, a fim de que os mineiros prospectassem o leito dos ribeirões, chamado tabuleiro.
 Até a chegada de técnicas mais apuradas, o instrumento mais usado era a bateia, medindo cerca de 0,5 metro de diâmetro e feita de pau-cedro.
 Atribuiu-se aos africanos sua introdução, uma vez que estavam familiarizados com seu uso na Costa da Mina, na Etiópia e no Zambeze.
 A estimação dos mineiros aos negros da Costa da Mina, porque se acham mais aptos para o trabalho.
 Além de excelentes mineradores e metalurgistas, eles também conheciam o fabrico de enxadas, alavancas e cavadores. 
 Além de ter que enfrentar as águas geladas nas quais entravam pelas dez da manhã e saíam por volta das três, pelo frio insuportável, escravos eram obrigados a mergulhar para buscar o cascalho em águas profundas.
 Eles submergiam, levando uma haste com um anel de ferro e um saco na ponta no qual recolhiam areia.

 O conteúdo era colocado em canoas e em seguida levado para as margens para ser beneficiado.
 Mais tarde, o mergulho foi substituído pela permanência nas canoas.
 Quem mergulhava não eram mais homens, mas colheres de ferro com as quais se recolhia do fundo dos rios o cascalho depositado em sacos de couro. Em 1717, registraram-se iniciativas como as de João Barbosa Moreira, mineiro de Serro Frio, ou de certo frei Bonina Suave, que implantaram as rodas do rosário : duas rodas cujo diâmetro variava de quatro a sete metros, unidas por tábuas formando recipientes. A passagem da água movimentava a roda, que por sua vez acionava uma corrente composta por caixões de madeira abertos e inclinados.
 À medida que a roda girava, os caixões mergulhavam no rio e subiam cheios, despejando por inclinação o seu conteúdo. Romper penhascos, arrasar montes e mudar rios foi a tarefa incansável de escravos e mineiros brancos, mulatos e negros. A instalação exigida para o desmonte de terras com água era bastante dispendiosa, pois implicava conduzir a água por jiraus de madeira, através de penhascos e montes, até o tubo que faria a canalização no local onde possivelmente houvesse ouro.
 Ainda que a mineração a céu aberto fosse predominante, não faltaram iniciativas de se cavarem buracos, os socavões, sustentados por estacas para evitar desabamentos.

 Acredita-se que Igatu ou Xique-xique (como era conhecida) foi descoberta por volta de 1840, por garimpeiros e eles é que fizeram as obras em pedra que você pode encontrar por lá. 

Foi um século de exploração e riqueza e a decadência no século 20, quando a maioria das casas foi abandonada. 
Os próprios garimpeiros chegaram a destruir ruas inteiras em busca dos últimos diamantes o que deu início aos cerca de 7Km de ruínas que hoje podem ser visitadas. Igatu fica na Serra do Sincorá, seu “desenho” é de infinita beleza, como toda a Chapada Diamantina: vales profundos, chapadões o verde misturado ao cinza, marrom e rosa da secura do sertão.
Siba mais sobre Igatu, nesta reportagem do @Mochileiros.com

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