#CULTURALIMENTAR COSME E DAMIÃO QUE ME PERDOEM..
A festa é caseira, mas farta. Todos os anos, no mês de setembro, ela acontece em milhares de lares baianos. Difícil imaginar uma mais sincrética.
O “Caruru de São Cosme e São Damião” homenageia os santos gêmeos da igreja católica, os Ibêjis do candomblé e também as crianças.
Por Sonia Mattos
Estávamos em outubro...
Resolvi fazer um grande caruru p/ todos que frequentavam aquela chácara onde morava com meus filhos.
Fui pela manhã à feira de São Joaquim comprar os ingredientes. Ir a feira já era o início de uma grande festa!
Começou a chover, o céu foi ficando a cada momento mais escuro e o chão mais cheio de lama.
Parei numa barraca, para comprar alguns ingredientes: camarão seco, castanha, amendoim, gengibre, etc...quando escorreguei e quase cai, ficando com os pés todo enlameados. Um senhor tocou-me para mostrar o sangue que jorrava do meu pé. Assustada, fui a um posto de saúde onde me aplicaram uma injeção de Benzetacil e alguns pontos. O talho havia sido grande! Mesmo assim voltei à feira p/ comprar o que ainda faltava. Chegando em casa com o pé todo enfaixado, os amigos pensavam que eu desistiria da festa, mas que nada!
À noite, minha casa estava povoada por meus amigos, amigos dos amigos e também os desconhecidos que foram começando a invadir pouco a pouco o nosso paraíso.
Isso era comum naquele tempo! As festas eram literalmente públicas, uns iam avisando aos outros e logo tínhamos a "Praça Castro Alves" todinha dentro de casa.
Não parava de chover e de chegar gente!
Naquele tempo podia até “chover canivetes”, que nunca desistiríamos de uma festa! Haja Bob Marley, Gilberto Gil, Rita Lee, Doces Bárbaros e todo e qualquer som que nos fizesse dançar. Afinal, estávamos na década de 70...
São Cosme e São Damião haviam sido esquecido e só eram lembrado a cada garfada do delicioso caruru. Lógico que eles ficaram muito aborrecidos e nos deram um tremendo susto: derrubaram um carro com pessoas que estavam vindo p/ a festa, deixando-o atravessado na única pontezinha que levava à nossa casa. Ninguém mais entrava ou saía...o caminho estava interditado! Graças aos Santos Gêmeos, nada de grave aconteceu!
Como um "susto" não nos “atrapalhava”, continuamos a festa até o sol nascer!
Sol que não foi visto por ninguém, pois as nuvens e a chuva escureceram completamente o novo dia.
Assim éramos nós na década de 70. Tempo bom e inesquecível!
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