A mesa exibia fartura nunca vista, eram iguarias com nome e sobrenome, com descendência fidalga, e magistral trato das negras cozinheiras.

A mesa luzia o árduo trabalho, muitas destas receitas, levavam horas de preparação e esmero, cultivadas pela observação da flora e fauna locais, guardavam em si, o registro cuidadoso e dedicado, verdadeiras obras de arte, inspiradas no cuidadoso desenho das faianças, das bordadeiras turcas, e marajoara.

Nas rebuscadas preparações lusitanas com trato com o borrego salmorado, os arrozes e cortados, embebidos em leite de Licuri.

Nos miúdos do bode picados com o cuidado de quem estrutura uma machetaria, ou uma composição de fragmentos e recordações mouriscas.

Emaranhados e envoltos, como novelos, misturados às Favas, Andus e delicados Feijões de corda, Caupis verdes,  banhados em untos de rés e bodes, embuchados como tradicionais artesanias europeias, imersos em ervas aromaticas de delicado sabor, que compartilhavam com os caprinos, ervas santas, Benjoim, Catinga de mulata, Velame, revestiam mantas com seu exótico e alcanforado sabor, um batefumeiro que ensensava toda à casa.

As mantas de bode, no braseiro, carneiros assados em Coalhada, e o Porco Empalmado temperado com as sementes da Braúna, as carnes salgadas e linguiças, davam exuberância ao banquete, que se estendia à tarde, sob a sombra do Mestre Ymbuzeiro.

Do fogão à lenha, saiam os mais diversos doces, e fumegantes rações, sabores entranhaveis, que fariam glutões suspirarem pela fartura e abundância.

Palma, o Xique-Xique, o Mandacaru e os frutos cactaceos, em brilhantes e em finas fatias cristalizadas, doces batidos no cocho por horas, com a fina rapadura, tornavam  frutos brutos, em delicados acepipes.

As finas geléias de ymbus, e os doces esculpidos das suas batatas, as mermeladas de siriguela e cajá, das flores da Barriguda, que cobriam doces de arroz e paus de canela, as generosas barras de doces de Maracujás do Mato, e de suas cascas confeitadas eram servidas com os mais finos requeijoēs mantecosos da redondesa, isso sem falar nos doces pastosos de caju, e Cabeça de Frade o preferido do pároco Limoeiro, frutas que o sol do Sertão, despertava o dulçor, e aguçada a esperança.

Não faltavam os doces exóticos, feitos com sangue de porco e castanhas de caju, iguaria que conquistava à todos os comensais e os

Turrões e massapão, refinado encontro, para o derradeiro final.

A cajuína e a Imbuzada, refrescava e fazia tolerar a temperatura elevada, servidas gelada, lembravam contos de beduínos, não faltavam o vinho travoso e aromático da Braúna, e o bom café, uma das mais saborosas prendas da região....

#elucubraçõesdoloko

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