Pequeno Dicionario da Cozinha Baiana

Verbete-C Caldo de Lambreta 
Frequentadora assídua das mesas descontraídas de bares da Mouraria, bairro tradicional de Salvador, a Lambreta Lucina pectinata (Bivalvia, Mollusca) é um molusco que habita as águas salobras e lamacentas do mangue e um dos tira-gostos prediletos dos soteropolitanos. 




























Quem não provou quer provar. 
Dizem que faz bem a alma e ao coração. Depois de temperada a Lambreta, é cozida no vapor, e bebe-se o caldinho que afirmam alguns tem poderes afrodisíacos. 
As de tamanho médio e pequenos são as melhores, mas vale a pena se render as lambretas grandes. 
É praticamente um ritual comê-la: abre-se, pinga-se limão, um pouco de molho de pimenta e leva-se a boca para uma viagem solitária sem igual. Não é preciso ir até um restaurante para apreciar a lambreta. 
No Brasil a pesca artesanal surgiu da falência na economia dos ciclos cafeeiro e açucareiro do Brasil Colônia e, também, devido à necessidade de exploração de outros meios de recursos (DIEGUES, 1973). 
Para Diegues (1973), pescadores artesanais são aqueles que na captura e desembarque de toda classe de espécies aquáticas, trabalham sozinhas e/ou utilizam mão-de-obra familiar ou não assalariada, explorando ambientes ecológicos litorâneos e ribeirinhos. A captura da pesca artesanal é feita através de técnicas de baixo rendimento relativo e sua produção é total ou parcialmente destinada ao mercado local (DIEGUES, 1973). 

Em 2006, a atividade foi responsável por 48,3% da produção de pescado do país, que registrou 507.702,5 toneladas, que representa 50% do pescado consumido em todo território nacional (VASCONCELLOS, 2004).

Marisqueiras
As mulheres participam da pesca artesanal normalmente exercendo o papel de marisqueiras, se ocupam das coletas de moluscos ou crustáceos. Em países que possuem vasto litoral, estas atividades tem ganhado importância como fornecedoras de proteína animal, devido aos baixos custos e rentabilidade. Além disso, oferece oportunidade para redução da pobreza e geração de renda as comunidades costeiras. (SILVA, 2007; SEBRAE, 2005). 
Este complexo representa um valor cultural, econômico e científico muito grande em virtude da existência de um conjunto de habitats para espécies pesqueiras de importância comercial, como peixes, crustáceos e moluscos. 

A culinária baiana sofreu influencia dos negros vindos das costas africanas que detinham o conhecimento das técnicas de pesca e extração de mariscos. 
A proveniência dos escravos percorria toda a costa oeste da África, passando por Cabo Verde, Congo, Quíloa e Zimbábue. 
Dividiam-se em três grupos: sudaneses, guinenos-sudaneses muçulmanos e bantus

Cada um desses grupos representava determinada região do continente e tinha um destino característico no desenrolar do comércio. Angola era um país com grande capacidade natural, tais como: terreno fértil, tendo tradição no plantio do café, cana-de-açúcar, algodão, cereais, possuindo pastos favoráveis à pecuária, também tendo um mar abundante em recursos pesqueiros. 
Moçambique na costa oriental da África, é o único dos territórios de ocupação portuguesa banhado pelas águas quentes do oceano Índico, sua produção pesqueira hoje, ocupa a quinta posição dos produtos de exportação do país, contribuindo o sector com 2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e pouco mais de 70 milhões de dólares/ano na balança de pagamentos. 
Os sudaneses dividiam-se em três subgrupos: iorubas, gegês e fanti-ashantis. Esse grupo tinha origem do que hoje é representado pela Nigéria, Daomei e Costa do Ouro e seu destino geralmente era a Bahia. Já os bantus, grupo mais numeroso, dividiam-se em dois subgrupos: angola-congoleses e moçambiques. 
A origem desse grupo estava ligada ao que hoje representa Angola, Zaire e Moçambique (correspondestes ao centro-sul do continente africano) e rinha como destino Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo. 
Os guineanos-sudaneses muçulmanos dividiam-se em quatro subgrupos: fula, mandinga, haussas e tapas. 
Esse grupo tinha a mesma origem e destino dos sudaneses, a diferença estava no fato de serem convertidos ao islamismo. Na Bahia os índios tiveram um papel fundamental na construção da cultura marítima dos trópicos. 
Contudo foram os africanos e seus descendentes que vieram a configurar o início do que denominamos comunidades pesqueiras na BTS, em outras regiões do litoral da Bahia e em todo o litoral do Nordeste, bem como possivelmente as comunidades pesqueiras de águas interiores ou ribeirinhas continentais do Estado (BANDEIRA; BRITO, 2012). 


A costa do litoral baiano é considerada uma das mais férteis da costa brasileira, levando-se em consideração a extensa faixa de litoral, pois ela é capaz de gerar a maior proliferação de vida marinha com uma grande quantidade de peixes, crustáceos e moluscos. 
Por essa razão, a população costeira tem sua subsistência alimentar e econômica vinculada ao extrativismo de frutos do mar, destacando-se entre eles o molusco bivalve comestível Anoma/ocardia brasiliana (Gmelin 1791), é extremamente apreciado pela culinária baiana. 
Os moluscos bivalves estão entre os organismos que mais se destacam na pesca realizada pelas comunidades litorâneas, especialmente por serem facilmente coletados e por não necessitarem de instrumentos elaborados para a sua extração (BARREIRA; ARAUJO, 2005; DIAS et al., 2007). 

Revolta dos Búzios 

A denominação Revolta dos Búzios devido ao fato de alguns revoltosos usarem um búzio (concha de molusco em forma de espiral) preso à uma pulseira para facilitar a identificação entre si. 
Os búzios na cultura Iorubá, representam a riqueza tendo sido inclusive, usado como moeda durante determinado tempo, e onde seu uso reporta aos primórdios a ação atual da soberania temporal . 

O objetivo de seu uso era manter relação de ancestralidade. No final do século XVIII o comercio baiano era controlado por ricos comerciantes, sobretudo portugueses. 
Salvador era uma cidade portuária que não produzia nenhum dos itens de que necessitava, o mesmo acontecia com o restante da capitania, uma vez que os produtos baianos eram essencialmente de exportação, como o fumo, o açúcar e os metais preciosos. 
Por esse motivo, a cidade era extremamente dependente do comércio tanto com a metrópole para artigos industrializados e escravos, quanto de outras partes da colônia para produtos naturais como carne seca. 
Todo esse comércio era controlado pelos portugueses que davam preferência a seus consumidores mais importantes – os senhores de engenhos – deixando os moradores da Cidade da Bahia pagando preços exorbitantes por itens de primeira necessidade. 
Entre os mais fortes mercadores, encontravam-se os negociantes de cativos. 
Da distante capitania do Rio Grande do Sul chegavam a Salvador grandes quantidades de charque, tradicional alimento das populações pobres e escravizadas. 
O Brasil havia se tornado a maior fonte de recursos da Coroa Portuguesa. Em 1798, a Bahia vivia relativa prosperidade econômica, exportando através do porto de Salvador, açúcar, algodão, pipas de aguardente, fumo em rolo e muitos outros produtos, chegados do Recôncavo Baiano e do interior da capitania. 
Apesar de sua riqueza comercial, Salvador dependia da produção rural de outros locais, já que praticamente nada produzia. 
O monopólio comercial com a metrópole e taxas de todo tipo drenavam grande parte das rendas da Colônia e encareciam o custo de vida. Sobretudo entre as classes proprietárias coloniais, fortalecia-se a consciência do caráter parasitário do regime colonial lusitano, sentimento reforçado pela independência dos Estados Unidos da América e do Haiti, além do prestígio das ideias liberais e revolucionárias, em uma época em que a França dominava o cenário político europeu. 
A grande carga tributária do governo empobrecia o comércio local e elevava os preços das mercadorias mais essenciais, causando falta de alimentos na região, gerando descontentamento, principalmente entre as classes mais baixas da população. 

Como consequência ocorrem motins e ações extremadas dos setores mais pobres, que em 1797 promovem vários saques em estabelecimentos comerciais portugueses de Salvador. 
No início de 1798, a forca situada em Salvador havia sido queimada durante a noite, sem que se descobrissem e fossem punidos os responsáveis. 
Tal ato constituía grave crime, visto o significado do instrumento usado pela Coroa Portuguesa como símbolo de poder e punição. 
 A Conjuração Baiana, também conhecida como Inconfidência Baiana, Revolta dos Búzios, Revolta dos Alfaiates ou Revolta das Argolinhas, foi uma conspiração ocorrida em 1798 na capitania da Bahia, no Brasil, para se libertar da Coroa Portuguesa.

Na madrugada de 12 de agosto de 1798 foram colados ou depositados onze papéis escritos à mão em pontos de grande circulação de Salvador pregando a independência da Bahia, defendendo a diminuição de impostos, liberdade de produção, abertura dos portos para negociar com todas as nações amigas e exigindo o fim da discriminação social e racial, abolindo a escravidão e desenvolvendo um governo com igualdade racial. Após serem presos e julgados, os quatro líderes da Revolta dos Búzios foram condenados, enforcados em 08 de novembro 1799 na Praça da Piedade (Salvador) e esquartejados. Desde 2011, o Governo da Bahia escolheu 12 de agosto (data de distribuição dos panfletos revolucionários) para realizar as celebrações no estado alusivas ao movimento. Há quem defenda que a data de 08 de novembro (dia das execuções) seja o dia nacional para lembrar a memória dos quatro mártires e heróis


Entenda como o IPAC está fazendo o processo de tombamento dos documentos da Revolta dos Búzios, conhecida também como Revolta dos Alfaiates ou Conjuração Baiana e ocorrida no final do século XVIII: http://mdclipweb.midiaclip.com.br/cliente/clipping.aspx…Saiba mais: http://www.ipac.ba.gov.br/…/tombamento-de-documentos-da-rev…

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