Notas importantes acerca da Gastronomia Baiana.

Deixo aqui algumas observações sobre a culinária baiana, na minha ultima palestra no Senac Pelourinho (06\08), na apresentação do Primeiro encontro da Rede Panc Bahia, onde tive a oportunidade de convidar a todos os alunos da instituição a soma esforços na construção do nosso evento que acontece nos dias 12 3 13 de setembro.


1.Questões de Estética 
Aproveito que estamos aqui no Senac Pelourinho, (Antiga casa do Mestre Pastinha, grande capoeirista), um espaço educacional voltado para cozinha baiana, (grande referencia cultural), para dizer da importância de fazer uma reflexão a cozinha baiana e o hibridismo da sua formação, essa que é verdadeira essência da cozinha baiana, a riqueza da sua diversidade, a sua complexidade estética que faz uma clara referencia as nossas raízes indígenas e negras em sua essência a ancestralidade e memoria . 
Outra qualidade desta diversidade que é um ativo, e que ela dialoga claramente com a delicada arte africana e indígena, que é um reflexo fiel das ricas histórias, mitos, crenças, da filosofia, do artesanato, do movimento, mas que nos podemos estar abrindo mão em nome de uma tal "modernidade".  

É importante ressaltar que o que faz da Arte uma vivência cotidiana nestas culturas é o aspecto social, pois sua constituição intimamente ligada à celebração da vida em situações que são significadas pela coletividade e se manifestam plenamente. 
Dia 12 e 13 de Setembro Salvador sediará o 1° Encontro da #redepancbahia.
O evento de caráter institucional, tem como foco aprofundar experiências e o conhecimento sobre as Plantas Alimentícias Não Convencionais.

2. Sobre a linguagem
A construção identitária passa primeira instancia pela linguagem, e na gastronomia não haveria de ser diferente, as criações culinárias devem refletir nossa cultura, nossas referencias estéticas e simbólicas mais profundas. 
Sem ceder aos estrangeirismos fáceis, mas pelo contrario, buscar o valor intrínseco que nos reserva a beleza criativa do nosso linguajar. 
Falo isso, pois percebo a força com que muitas criações são batizadas com referenciais que não fazem parte da nossa cultura, vem tendo espaço em nossa culinária, omitindo, negando e apagando os registros da nossa verdadeira essência. 
Importante ter em mente que nossa cultura, carrega traços bem claros dos nossos valores e como nos versos "Se farinha fosse americana, mandioca importada Banquete de bacana era farinhada Se farinha fosse americana, mandioca importada Banquete de bacana era farinhada" 
3. Atualizações da Gastronomia 
A gastronomia, como a cultura são elementos vivos, são matérias delicadas e frágeis, elas se modernizam, se reelaboram a cada momento, é valor legado e construído coletivamente e mantido a duras penas, mas chamo a atenção em que bases devem acontecer estas reelaborações, pois elas são o grande referencial identitário da nossa gente. 
São muitos os fatores que impõem estas mudanças, as pressões são de muitas ordens, sociais, econômicas, politicas enfim, devemos estar atentos em como se processam estas mudanças, nunca esquecendo de manter a essência que a constituiu.
Vemos a cada dia a apropriação indébita de um grande numero de criações coletivas, para beneficio de poucos, que surfam sem nenhum pudor, por isso a necessidade de fortalecimento e autonomia desses coletivos, sem isso estamos fadados a uma perda cultural inestimável.

4. Investimento em polos produtores e de identidade. 
O Brasil em detrimento de muitos outros países no mundo, tem muitas dificuldades de compreender a gastronomia como um mercado produtivo, passamos anos com uma politica atrasada e antiquada, quanto aos produtos locais, bom citar um dos itens que mais se destacaram no exterior, o Queijo Minas, ate bem pouco tempo, este produto foi tratado sem o minimo de respeito por quem produz e por quem consome. 
Felizmente, com uma normativa atualizada, o brasileiro hoje pode ter acesso a esta iguaria em todo território nacional, o que antes representava quase uma contravenção.

Só na Bahia existem 27 territórios de Identidade, responsáveis pelo desenvolvimento econômico, cultural e socioambiental, que necessitam apoio para seu desenvolvimento, e a gastronomia, tem parcela fundamental na criação de novos produtos, sejam eles ligados a gastronomia, ao turismo e ao dinamismo econômico do estado e de nossa gente.


5.Diversidade e Sustentabilidade. 
Hoje a culinária e a gastronomia movimenta milhões, representa o 2 lugar em consumo no turismo. 
Segundo a OMT (Organização Mundial do Turismo), em 2017 o Brasil recebeu 6,58 milhões de turistas estrangeiros, e a meta é elevar o número para 12 milhões até 2022. Especialistas do setor ouvidos pela DW Brasil ressaltam que, para quase dobrar o número de visitantes, é preciso que o país se atenha a práticas sustentáveis. 
O turismo sustentável como algo positivo, mas manifestam preocupações quanto à falta de foco nas políticas de turismo e o risco de serem desfeitos avanços obtidos no setor nas últimas décadas.
Confira as fotos aqui

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