Azeite de Licuri a Joia do Sertão

É da noz de uma palmeira que se extrai um azeite muito perfumado e cheio de identidade indígena, o licuri (Syagrus coronata) é uma palmeira típica do semi-árido nordestino, e com muitas possibilidades de se tornar um azeite de grande consumo na mesa brasileira. 


A definição de licuri nos dicionários é encontrada através do verbete aricuri. “Aricuri: a.ri.cu.ri sm (tupi arikurí) Bot Espécie de palmeira (Cocos coronata), também denominada alicuri, ouricuri ou uricuri”

A espécie tem uma nítida preferência para ser cultivada nas regiões secas e áridas da caatinga, abrangendo o norte de Minas Gerais, toda a área oriental e central da Bahia, até o sul de Pernambuco, incluindo ainda Sergipe e Alagoas. 
O licuri é um coquinho nativo do semiárido baiano, a as palmeiras do licuri são consideradas muito importantes para os animais, já que seus frutos possuem pouca sincronia de frutificação ao se comparar as outras espécies do mesmo bioma. 
Devido a essa importância para os animais em épocas de escassez de alimentos, as palmeiras também são conhecidas como ‘’espécies chave’’, podendo causar um colapso na comunidade de frutívoros, se estas estiverem ausentes. 

O gênero Syagrus (gênero do licuri) pertence à subfamília arecoideae e segundo Ramalho (2008) possui 30 espécies na América do Sul, sendo que a maior concentração encontra-se na região central do Brasil (16 espécies na região Nordeste e 14 espécies registradas na floresta Atlântica). Ramalho (2008) explica que o licuri por viver em regiões onde os grandes períodos secos variam com os períodos chuvosos, é uma planta que suporta bem as secas prolongadas (florescendo e frutificando por muito tempo durante o ano) e em conseqüência disto o licuri torna-se um importante provedor de recursos para a subsistência do homem e também utilizado para alimentação de animais. 
Ao lado dos produtos da Coopersabor, com o diretor da cooperativa Charles

O licuri é considerado uma espécie importante no ecossistema que está inserido, pois além de possuir alta densidade de indivíduos em suas populações nos ambientes naturais, desempenha importante papel na alimentação humana e de animais, visto que é o principal alimento da araraazul. Entretanto apesar da sua importância ecológica e econômica, faltam estudos sobre esta palmeira (RAMALHO, 2008).


























Visitando a região de Monte Santo, no Sertão da Bahia, na EFASE (Escola Família Agrícola do Sertão
), tivemos a oportunidade de conhecer o processamento e o beneficiamento do Azeite de Licuri, guiado pelo Magno, fomos tomando conhecimento de muitas peculiaridades deste azeite.

Soubemos que muitos dos equipamentos, que fazem parte do processamento, foram criados através de projetos, em parceria com o CNPQ e escolas técnicas locais.

Magno ex-Aluno da escola, e hoje da suporte técnico na extração e beneficiamento do Azeite.



















Outro ponto importante, colocado pelo Magno, e a sua importância social, na valorização das Quebradeiras de Coco, e na coleta das amêndoas.
O modelo escolhido do preprocessamento, faz parte de uma estrategia, de manter algumas maquinas na própria comunidade, facilitando e reduzindo o exaustivo trabalho das quebradeiras, que são pagas pelo serviço.
A extração do Azeite e da "torta" subproduto que até então era utilizado na alimentação animal.
Depois que as amêndoas chegam das comunidades, elas são prensadas em frio, passando pelo processo de decantação e filtragem, envase e a comercialização através dos postos da Coopersabor, cooperativa que tem um compromisso com a qualidade dos produtos que desenvolve.
A Coopersabor, tem pontos de venda direta ao consumidor, na própria cidade de Monte Santo, Itiuba, Nordestina e Senhor do Bomfim.


A Cooperativa Regional de Agricultores/as Familiares e Extrativistas da Economia Popular e Solidária (COOPERSABOR), constituída em 2014, é parte integrante de uma proposta de desenvolvimento sustentável e solidária. Envolve inicialmente os municípios de Monte Santo, Cansanção e Itiúba, e tem grande potencialidade para estender-se pela região. 
O alicerce da COOPERSABOR é o trabalho realizado pela ARESOL e entidades parceiras integrantes do Grupo Regional de Economia Popular e Solidaria (GREPS), junto às comunidades tradicionais de fundo de pasto, quilombolas e assentamentos. 
O trabalho vai desde a articulação até a organização de grupos produtivos e solidários, principalmente de mulheres e jovens em diversas atividades produtivas. Dentre as atividades destacam-se o agroextrativismo e beneficiamento de frutas nativas, a exemplo do umbu e do maracujá da caatinga, assim como do licuri. Também são beneficiadas as frutas cultivadas nos quintais das propriedades dos agricultores/as como: acerola, manga, goiaba, entre outras. Além das frutas, a COOPERSABOR agrega os produtos derivados da mandioca e toda a cadeia produtiva dos caprinos e ovinos da região.

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