O termo PANC, não condiz com a realidade

A pesar do crescimento da utilização das PANCS, muitas destas plantas, que a grande maioria das pessoas desconhece como alimento, não reflete o seu uso cotidiano por muitas comunidades em nosso pais. 
Tanto no Brasil, como em outros países, pessoas fazem uso destes alimentos, e a pergunta é: 
Não tradicionais para quem?

Seguindo a tendência de crescimento da procura por alimentos saudáveis e sustentáveis, as plantas alimentícias não convencionais, as PANCs, ganham espaço na mídia, mas elas dizem mais que somente um novo alimento. 
Ver e não perceber. 
Da invisibilidade á Cidadania.

A invisibilidade destas plantas, reflete muito mais que sua falta em nossa mesa, ela demonstra um claro preconceito e a invisibilidade social embutido em nossa sociedade. 
A princípio, elas podem parecer desconhecidas, mas são, na verdade, um retorno às antigas tradições, defendem os adeptos da inclusão das PANCs no cardápio. Segundo eles, a simplicidade também é uma marca das plantas, já que entre elas há itens encontrados comumente pelas cidades, entre eles serralha, bredo, língua de vaca e muitas outras, fazem parte da alimentação cotidiana de muitos brasileiro. Segundo essa linha de pensamento, o acrônimo PANCs, cunhado em 2008 pelo biólogo Valdely Ferreira Kinupp, que desenvolveu um grande trabalho de pesquisa, identificando um sem fim de tipos e variedades de culturas, em todo o território brasileiro, as PANCs são plantas nativas e nutritivas e que algumas, em décadas anteriores, já foram recorrentes na alimentação das famílias. Numa avaliação básica sobre a mesa do brasileiro, podemos constatar que ouve ao longo dos anos um empobrecimento em termos de variedades de limentos, com o uso excessivo de alimentos super-processados e industrializados, fazendo com que não aproveitemos da nossa biodiversidade. Junto a isso, muitas receitas tradicionais foram se perdendo, dando lugar a um sem numero de alimentos que não fazem parte originalmente da nossa piramide alimentar. Muitas destas plantas vem a muito tempo perdendo espaço na mesa do Brasileiro, devido a uma serie de fatores "Temos que aproveitar essa diversidade e disso depende não só dos esforços de pesquisadores e interessados, é necessário uma conscientização da importância destes alimentos.

Comentários

  1. Antes de Valdely Kinupp, pouco se sabia sobre os conhecimentos alimentares de nosso povo - em escala. Quem já trabalhava com isso, atuava restrito a um universo específico e só se fazia assimilar dentro deste universo. Era pra poucos e associado a usos específicos.

    O conhecimento tradicional sempre corre riscos quando abstraído em escala. concordamos? Justamente, pela diversidade regional, pelos recortes sociais, pelo que já se perdeu. Mas será que não é tempo de um compartilhamento mais amplo, um entendimento ecológico-econômico mais focado na emancipação do máximo de pessoas?

    Antes dessa onda gourmet começar, falávamos em PUNC, plantas de USOS não convencionais, incluindo medicinais e utilitários... O que mudou? Agora, temos um conceito praticamente universal, a partir do qual validar tais usos. E o que mais prejudica a manutenção de tais conhecimentos, senão a rejeição cultural estabelecida pelo mercado?

    Enfim, o que era comida de pobre, não é mais. Uma porção de caruru, que mata a fome sem custos e está associada ao perrengue pra muita gente, desde que o mundo é mundo, também pode ser comprada em um restaurante. Está validada pelo mercado, por menos que gostemos disso. O capEtalismo é mestre em apropriações, e não há outra forma de pautá-lo.

    A proposta do trampo do Kinupp não é gourmetizar. É um trampo comprometido... Mas o fato é que nosso país não é colonizado apenas nos cardápios, mas nas linguagens e na forma como se atua na cultura. Infelizmente, pagamos pedágio para uma série de olhares institucionais para validar qualquer coisa, ainda que seja algo concreto desde que o mundo é mundo.

    A maioria dos que assimilaram o conceito de PANC, e sou um deles, optaram por tornar a difusão do conhecimento mais didática entre os que não o acessavam, sem comprometer os saberes de ninguém. A gente pode "des cobrir", dar luz, validar, sem melindrar ninguém!

    Acho que temos uma escolha a fazer, principalmente, diante do AGRO e da indústria que se inspiram nos cardápios colonizados, e tal escolha pode perfeitamente aproveitar os espaços conquistados pela onda gourmet e somar, até no sentido bibliográfico com outras informações e conhecimentos pertinentes.

    Entendo perfeitamente o que quer dizer. Costumo brincar que PANC, na verdade, são os rangos aprisionados nos supermercados. Afinal, convencionais são os alimentos que trouxeram a humanidade até aqui!

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  2. Geraldo Varjabedian, obrigado por participar
    Se conhecesse o trabalho que venho desenvolvendo a alguns anos, saberia a minha visão sobre a culinária tradicional e a utilização das pancs, em nenhum momento por minha parte, tenho interesse em usar o tema com foco na gourmetização, ate porque tenho um olhar politico e engajado na gastronomia e sei a importância do tema.
    Não e porque sou um chef, que devo sofrer com a imagem generalizada de pessoas oportunistas que conhecem pouco e usam o tema como promoção individual, acho que generalizar sera sempre perigoso.
    Sugiro conhecer um pouco melhor sobre meu trabalho, em comunidades quilombolas, na produção de conteúdo descolonizados, sobre a cozinha na cultura baiana , enfim trato o tema com respeito e cuidado que merece.
    A saber, estamos em parceria com a UFBA e a produtora Mangaba na produção de um documentário que se chama #Comidaaquiémato, mostrando a relação entre as PANCS e a gastronomia baiana.
    Forte abraço.

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