Pequeno Dicionario da Cozinha Baiana

Verbete-A Axoxô 
Axoxô, oxoxô ou òjòjò, é um prato típico da cozinha afro-baiana e também uma comida ritual dos orixás Oxóssi, Ogum e Olokun no candomblé e umbanda. 

O Axoxó, possui duas versões: uma consistindo em milho vermelho pilado no pilão, e outra em feijão-fradinho com carne-seca, cebola, pimenta-do-reino, cheiro-verde, tomate e pimentão.
O Axoxó é uma exaltação ao Milho (Zea Mays), consumido em muitas tribos africanas. 
As ligações entre a costa ocidental africana e América intensificaram-se com a escravatura destinada às atividades da grande cultura agrícola nas colônias americanas dos povos europeus: portugueses, espanhóis, franceses, holandeses e ingleses. Da costa ocidental africana, introduziram-se na América plantas consumidas pelos escravos originalmente: milho-zaburro, palmeira-dendém, inhames; mais industriais: coqueiro, gengibre, bananeiras e cana-sacarina, estas não africanas, já aí chegadas.

Para o dicionario Oxford a palavra pode proceder de ÒJÒJÒ, como o nome de uma comida-"Um Bolo Macio"-feito com um tipo de Inhame chamado ewúrà (eúrá);
Quando ofertado para Ogum, o Inhame é refogado com cebola ralada, camarão-seco defumado, sal e azeite de dendê. 

Segundo a Ialorixá Olga do Alaketo, o inhame para Ogum, "pode ser feito na forma iô" enfarinhado. 
Olga do Alaketo por Adenor Gondim

Quando oferendado para Oxóssi, o milho cozido é misturado com melaço (mel de cana-de-açúcar: não confundir com mel de abelha, que é o grande ewo deste orixá) e enfeitado com fatias de coco sem casca. 

Pierre Verger, no livro Notas Sobre o Culto aos Orixás e Voduns(ano 2000), esclarece que o culto a Oxossi é bastante difundido no Brasil mas praticamente esquecido na África. 
A hipótese do pesquisador francês é que Oxossi foi cultuado basicamente no Keto, onde chegou a receber o título de rei. Oxossi o Senhor do milho.
No sincretismo religioso, 23 de abril é dia de louvar São Jorge, santo imortalizado na lenda em que mata o dragão e que se popularizou também fora dos domínios da igreja. 

Faz parte do imaginário popular e volta e meia é visto em letras de música, estampas de roupa e até no futebol - o santo guerreiro é padroeiro do Corinthians paulista. Mas a fé em São Jorge não tem uma única face. 
Nas religiões de matriz africana, o santo é frequentemente associado a Ogum, especialmente no sudeste e sul do Brasil. Na Bahia, porém, este posto do sincretismo religioso é reinado de Oxóssi. 
Essa nação, porém foi praticamente destruída no século XIX pelas tropas do então rei do Daomé. 
Escultura de Oxóssi por Carybé
Os filhos consagrados a Oxossi foram vendidos como escravos no Brasil, Antilhas e Cuba.
No Brasil, o Orixá tem grande prestígio e força popular, além de um grande número de filhos. 
O mito do caçador explica sua rápida aceitação no Brasil, pois identifica-se com diversos conceitos indígenas brasileiros sobre a mata ser região tipicamente povoada por espíritos de mortos, conceitos igualmente arraigados na Umbanda popular e nos Candomblés de Caboclo, um sincretismo entre os ritos africanos e os dos índios brasileiros, comuns no Norte do País. 
 Talvez seja por isso que, mesmo em cultos um pouco mais próximos dos ritos tradicionalistas africanos, alguns filhos de Oxossi o identifiquem não com um negro, como manda a tradição, mas com um Índio. 
 Oxossi é o que basta a si mesmo. 
A ele estiveram ligados alguns Orixás femininos, mas o maior destaque é para Oxum, com quem teria mantido um relacionamento instável, bem identificado no plano sexual, coisa importante tanto para a mãe da água doce como para o caçador, mas difícil no cotidiano, já que enquanto ela representa o luxo e a ostentação, ele é a austeridade e o despojamento. 

Musica Festa Pra Logum Edé 
Por Lucio Sanfilippo 
Colhe amendoim, milho e coco 
Manda preparar o axoxô 
Arco e flecha em punho, é só bravura 
Planta, roça, agricultura 
Iansã, Ogum, Agué e Oxalá Brinca, 
ginga, corre, reza e cura 'Pressa o passo, criatura 
A mãe-mata céu e ouro chama Jeje, Ketu e Angola vem te ver Desfilar teu abebê 
Ver teu lume, sol e bronze de urucum 
Despe o véu, derrama realeza 
Tece, cresce com riqueza Ê Logum, Logum! 
Camarão, cebola, azeite e ovo 
Tempera o feijão do omolocum 
Lava a alma, sal, mel e candura 
Laroiê, dendê, doçura 
Ajunsum, Bessém, Sobô, 
Iemanjá Nanã nina flor de formosura 
Benze e brinda com fartura 
A mãe-água céu e ouro cant
Todo encanto canta, é só beleza 
Ouro, amor, azul-turquesa 
É de sonhos, caçador e pescador 
Valha-me, perfuma e me arrebata 
Pelas cascatas e matas 
Ê Logum, Logum arô! Lossi, Lossi! 
Dança, filho de Tobossi! 
Olha quanta flor eu trouxe 
Pra embalar teu Ijexá! 
Fará, Logum! Caça, filho de Otulu! 
Pai maior, que é Olorum Trouxe axé pro teu ofá!

OXOSSI E O MILHO, O SÍMBOLO DA FARTURA! 
Certa vez Oxalá estava preocupado com seu filho Oxossi, pois após de incessantes criticas Oxossi deixou o mundo e sumiu perante outros lugares, ninguém sabia onde estava. 

Oxum sua esposa chorava todos os dias a falta de seu esposo caçador Odé, tanto que chorava que os rios transbordavam sobre as pedras e se jogavam a elas formando assim as cachoeiras, Ogum seu irmão e parceiro procurava pelo o mundo inteiro seu irmão e não o encontrava de forma alguma, Yansã com seus ventos também corria sobre os nove oruns para encontrar Oxossi mas também nada, dessa forma Oxalá convocou Exú, com seu poder do Ogó se teletransportar sobre todos os lugares no universo para encontrar Oxossi, mas também falhou.

Com o passar do tempo o mundo começou a ficar sem vida, não havia mais alimento, mais fartura, animais e nem plantas, a terra era infértil e a natureza começou a ficar morta. 
Desesperada, Oxum procurou Ifá, e a este perguntou, onde talvez, poderia estar Oxossi. 
Ifá consultou por horas e horas e também não encontrou Oxossi. 
Ficou abismado, pois sempre conseguia ver tudo com seu oráculo. Ifá chamou Ogum e o deu sete chaves e dois cadeados, e pediu que com isso abrisse as sete portas do orun, e com os cadeados fechasse o primeiro e o último orun, dessa forma, Oxossi estivesse onde for, ficaria preso e voltaria. 
Assim Ogum fez, abriu sete oruns e trancou o primeiro e o último orun. Dessa forma Oxossi voltou ao aye, com as sete chaves na mão e os dois cadeados na outra mão. 
Ogum ficou surpreso e feliz por estar revendo seu irmão novamente. 
Oxum ficou tão feliz que que correu para abraçar seu esposo, chorou e cantou aos quatro ventos o nome de Oxossi. 
E assim todos os orixás foram cumprimentar Oxossi. Oxalá contou a ele que o mundo estava sem vida, na miséria, sem animais nem plantas, sem fartura alguma e nada do que se plantava nascia, e que sua ausência fez muita diferença sobre o mundo. Então Oxossi foi consultar Ifá, e este lhe disse para colher seis espigas de milho, retirar os grãos das espigas e joga-los para cima. 
Então assim, Oxossi raspou suas espigas, e rezou cada uma delas. Oxossi jogou suas sementes de milho na terra, e em seguida balançou bem forte o seu Erukerê e espalhou as sementes para o mundo inteiro, as sementes de milho foram para toda parte e para todos os reinos, fertilizando todos os solos e caindo sobre a terra, fazendo nascer todos os tipos de plantações e animais, levando a fartura e a riqueza a todos. Desse dia em diante, Oxossi passou a ser consagrado como o dono da fartura, da riqueza e da prosperidade, e que sua função era de trazer vida e fartura a todos os lugares e casas do mundo e de axé. Por isso que o milho é um dos símbolos mais usados e mais admirados de Oxossi e para ele, o milho vale "ouro".

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