Frutas da minha infância.

Mané Veío, como são comumente chamada de na Bahia, os frutos da palmeira(Attalea) Bactris ferruginea


Photograph by: Alex Popovkin

hoje pouca gente conhece esta delícia, que fez a alegria da criançada na minha infância. 

Seus frutos comestível são muito apreciada em sua variedade nativa, sendo comumente colhida na natureza e amplamente disponível em feiras e mercados de rua.  
Em nossa ultima visita à Costa do Dendê, encontramos pequenas barraquinhas na estrada, onde eram vendidas diversas frutas locais inclusive o Mané Veío.
Segundo conta os nativos da ilha de Itaparica, suas sementes, eram usadas para cortejar as moçoilas em noites festivas.


Photograph by: Jon Lewis

Sua fruta preta tem uma polpa fina e suculenta com um sabor agradável e muito doce, com cerca de 2cm de diâmetro e  seu habitat são as floresta tropical de baixa altitude, margens da floresta ou floresta secundária; em áreas não sujeitas a inundações sazonais.

O Brasil é, indubitavelmente, a terra das palmeiras. 
É um dos países com maior número de espécies em estado nativo, com aproximadamente 300, entre espécies, variedades e híbridos naturais, entre as 2.700 espécies atualmente descritas, dentro dos 240 gêneros de Arecaceae. As palmeiras pertencem à família Arecaceae, antes designada como Palmae e erroneamente como Palmaceae, as quais apresentam distribuição predominantemente pantropical, ou seja, habita qualquer região dos trópicos. 
De acordo com LORENZI et al. (2004) a palavra ‘palma’ é de origem remota. 
Os povos itálicos aplicavam-na à tamareira (Phoenix dactylifera) da África Mediterrânea e do Oriente Médio. 
Os gregos chamavam-na de ‘foinix’, palavra de origem fenícia. Por influências árabe e aramaica, a palavra palma foi aplicada à antiga cidade turca chamada Palmira, com o significado de “cidade onde havia palmas”. Ainda são consideradas as aristocratas do reino vegetal pelo porte elegante que as distingue facilmente de outras plantas, razão pela qual Linnaeus as chamou de “Princesa do Reino Vegetal”, e este foi o motivo pelo qual ele a classificou na ordem Principes, determinação alusiva à majestosidade deste grupo (BALICK; BECK, 1990). 

Pindorama é o país do futuro.
Os indígenas chamavam o Norte e o Nordeste do Brasil de “Pindorama”, que significava “Terra das Palmeiras”, denominação também repetida pelo botânico alemão Karl Friedrich Philipp von Martius que durante três anos (1817-1820) percorreu mais de 10.000 km pelo interior do Brasil para coletar plantas e esta epopeia deu origem à obra Flora Brasiliensis, que levou 66 anos para ser concluída e tem 22.767 espécies catalogadas. 
Frutos do gênero Attalea foram encontrados em camadas terciárias da América tropical, denotando a sua antiguidade e  a sua origem (CORNER, 1966). 
Seu nome é dedicado a um rei da antiguidade chamado Attalus I, Rei de Pérgamo, Grécia, 241-197 a.C. e foi pela primeira vez descrito como gênero em 1816, por Kunth in Humboldt, Bonpland e Kunth (GLASSMAN, 1999). 
A grande concentração das espécies no Brasil ocorre na Bahia (10) e, em menor quantidade, nos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Santa Catarina, Paraíba e Pernambuco. 
O Estado da Bahia aparece como centro de distribuição do “antigo” gênero Attalea (GLASSMAN, 1999). 
Segundo CORNER (1966), este gênero ocorre principalmente nas florestas costeiras do Oceano Atlântico.

Photograph by: Alex Popovkin
Uma palmeira verde-espinhosa com 4 a 9 metros de altura, que produz um conjunto de hastes densamente espinhosas, não ramificadas, de 4 a 10 cm de diâmetro; cada haste é encimada por uma roseta de 5 a 12 folhas grandes. 

A planta também fornece a Piaçava, seu nome vulgar é de origem tupi, traduzido como “planta fibrosa” com a qual se faz utensílios caseiros. 
Essa palmeira foi citada na carta de Pero Vaz de Caminha quando do descobrimento do Brasil.
A primeira descrição inconfundível da fibra foi feita em 1587 por Gabriel Soares Sousa, no seu Tratado Descritivo do Brasil. SOUSA (1938) mencionou algumas qualidades da fibra, como nunca apodrecer e a forte resistência à água salgada. Ele usava o nome ‘pindoba’ para se referir à piaçava, sendo que, atualmente, o nome pindoba é usado para se referir a várias espécies de palmeiras.  


Estudos etnobotânicos das palmeiras podem revelar o seu uso pelas populações nativas, podendo ser o ponto de partida para novos produtos de valor para nossa agricultura e indústria; e a intensificação da investigação de produtos fitoquímicos e farmacológicos certamente darão, à moderna agricultura, medicina e indústria, novos produtos desta família (BALICK; BECK, 1990). 

Palmeiras Alimentícias da Bahia


Photograph by: Alex Popovkin
Na alimentação, destacam-se o coco-da-baía (Cocos nucifera), o dendezeiro (Elaeis guineensis), a macaúba (Acrocomia aculeata), a pupunha (Bactris gasipaes), o buriti (Mauritia flexuosa), o açaí (Euterpe oleracea), o palmiteiro ou juçara (Euterpe edulis), o caxandó ou buri-da-praia (Allagoptera arenaria), o Mané- véio (Bactris ferruginea), entre outras indígenas, subespontâneas e cultivadas (LORENZI et al., 2006). 

Pintura de Johann Moritz Rugendas - Árvore gigantesca na selva tropical brasileira, 1830 

"Palmeiras abundam na terra brasílica, medram nas areias do litoral, crescem nas campinas infindas, levantam-se destemidas e orgulhosas nos paius e brejos, expandem sobranceiras suas lindas frondes por entre o verdume das florestas e vivem mesmo no ressequido solo das caatingas. Grandes ou pequenas surgem em toda parte, nas praias sobre os cômores, nas encarpas das rochas, no solo fértil e no estéril" (*)
(*) Carl Friedrich Philipp von Martius, naturalista alemão do século XIX, considerado o 'pai' das palmeiras brasileiras, citado por HOEHNE (1939)


Fontes:
http://www.ceplac.gov.br/radar/piacava.htm



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